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AUTOMOBILISMO
Brasileiro admite engano na Malásia e vê alemão manter a ponta no Mundial de F-1 com novo recorde
Barrichello erra e Schumacher faz 2 a 0
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SEPANG
Rubens Barrichello tentou. Largou bem, insinuou um ataque ao
companheiro na primeira curva,
recolheu, manteve-se por perto.
Mas durou apenas uma volta. Já
na segunda, com pneus duros,
opção que admitiu ser errada,
perdeu aderência em um trecho
molhado, beliscou a grama e caiu
para quarto, de onde não saiu.
Na Malásia, primeira corrida
após a Ferrari ter tornada pública
sua nova cartilha, a vitória ficou
com Michael Schumacher. O placar da disputa interna na escuderia, agora, aponta 2 a 0 para ele.
Foi sua 72ª vitória, a terceira em
seis edições da prova de Sepang.
O triunfo teve ainda uma conotação histórica. Schumacher superou uma barreira mítica: tornou-se o vencedor de 10% de todas as corridas da história da categoria. Precisamente 10,07%. A
prova de ontem foi a 715ª da F-1.
Quando se aposentou, o francês
Alain Prost, segundo em número
de vitórias (51), registrava 9,3%.
"Foi uma luta muito dura do
início até o fim da corrida, mas
pude ser rápido o bastante quando precisei", afirmou o alemão.
Uma declaração um pouco exagerada, mas compreensível. Ontem, afinal, Schumacher não teve
toda a moleza do GP da Austrália.
Começando pela incerteza do
clima. Meia hora antes da largada,
começou a chover. Mas o tempo
logo se firmou, e os pilotos mantiveram os pneus para seco.
No miolo do circuito, porém, o
asfalto estava bem mais úmido. E
quase fez a primeira vítima, Kimi
Raikkonen, já na volta de apresentação. O finlandês rodou, mas
conseguiu se manter na pista.
Na largada, Mark Webber, segundo no grid, ficou empacado.
Barrichello, em terceiro, aproveitou e se aproximou de Schumacher, o pole position, na primeira
curva, um cotovelo para a direita.
"Larguei um pouquinho melhor do que o Michael, puxei um
vácuo dele, tentei pular na frente,
mas não estava em condições de
disputar aquela primeira curva",
disse o brasileiro. "Vi que ele tinha muita aderência no molhado
mas, comigo, foi diferente. Na segunda volta eu saí da pista e ali
perdi dez segundos e a corrida."
No sábado, Barrichello havia
anunciado sua opção de pneus
como um trunfo. Justificando seu
terceiro lugar no grid, disse que a
escolha se pagaria durante o GP.
A aposta do brasileiro era no calor. Nessa situação, teoricamente,
seus pneus durariam mais do que
os compostos moles do alemão, e
ele teria a chance de tentar a ultrapassagem. Não contava com o clima razoavelmente ameno e com a
garoa antes da corrida.
"Às vezes você acerta, às vezes
você erra. Desta vez, não fiz a melhor opção. A escolha errada matou todo o meu fim de semana."
Livre de Barrichello, Schumacher precisou apenas manter-se
atento a Juan Pablo Montoya, que
cravou a volta mais rápida da prova e em alguns momentos até ensaiou uma aproximação.
O alemão, porém, conseguiu
manter uma folga segura e venceu
com cinco segundos de vantagem. Em terceiro, pela primeira
vez em um pódio na F-1, chegou o
inglês Jenson Button, da BAR.
Agora, Barrichello tem sete corridas pela frente para tentar virar
o placar na Ferrari. Na semana
passada, o time anunciou publicamente que liberou o duelo entre
seus dois pilotos na pista até o GP
dos EUA, nona das 18 etapas.
A partir de então, aquele que estiver na frente no Mundial de Pilotos ganhará prioridade. Após
duas etapas, Schumacher é o líder
do campeonato, com 20 pontos.
O brasileiro está em segundo lugar, com sete a menos.
"É muito cedo para falar. O que
vale mesmo é trabalhar e se manter competitivo", completou o
brasileiro, antes de deixar o circuito e voltar para o Brasil.
Nos próximos dias, Barrichello
folga. Schumacher testa em Mugello e Fiorano. Sinal dos tempos.
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