São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2004

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AUTOMOBILISMO

Brasileiro admite engano na Malásia e vê alemão manter a ponta no Mundial de F-1 com novo recorde

Barrichello erra e Schumacher faz 2 a 0

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SEPANG

Rubens Barrichello tentou. Largou bem, insinuou um ataque ao companheiro na primeira curva, recolheu, manteve-se por perto.
Mas durou apenas uma volta. Já na segunda, com pneus duros, opção que admitiu ser errada, perdeu aderência em um trecho molhado, beliscou a grama e caiu para quarto, de onde não saiu.
Na Malásia, primeira corrida após a Ferrari ter tornada pública sua nova cartilha, a vitória ficou com Michael Schumacher. O placar da disputa interna na escuderia, agora, aponta 2 a 0 para ele.
Foi sua 72ª vitória, a terceira em seis edições da prova de Sepang.
O triunfo teve ainda uma conotação histórica. Schumacher superou uma barreira mítica: tornou-se o vencedor de 10% de todas as corridas da história da categoria. Precisamente 10,07%. A prova de ontem foi a 715ª da F-1.
Quando se aposentou, o francês Alain Prost, segundo em número de vitórias (51), registrava 9,3%.
"Foi uma luta muito dura do início até o fim da corrida, mas pude ser rápido o bastante quando precisei", afirmou o alemão.
Uma declaração um pouco exagerada, mas compreensível. Ontem, afinal, Schumacher não teve toda a moleza do GP da Austrália.
Começando pela incerteza do clima. Meia hora antes da largada, começou a chover. Mas o tempo logo se firmou, e os pilotos mantiveram os pneus para seco.
No miolo do circuito, porém, o asfalto estava bem mais úmido. E quase fez a primeira vítima, Kimi Raikkonen, já na volta de apresentação. O finlandês rodou, mas conseguiu se manter na pista.
Na largada, Mark Webber, segundo no grid, ficou empacado. Barrichello, em terceiro, aproveitou e se aproximou de Schumacher, o pole position, na primeira curva, um cotovelo para a direita.
"Larguei um pouquinho melhor do que o Michael, puxei um vácuo dele, tentei pular na frente, mas não estava em condições de disputar aquela primeira curva", disse o brasileiro. "Vi que ele tinha muita aderência no molhado mas, comigo, foi diferente. Na segunda volta eu saí da pista e ali perdi dez segundos e a corrida."
No sábado, Barrichello havia anunciado sua opção de pneus como um trunfo. Justificando seu terceiro lugar no grid, disse que a escolha se pagaria durante o GP.
A aposta do brasileiro era no calor. Nessa situação, teoricamente, seus pneus durariam mais do que os compostos moles do alemão, e ele teria a chance de tentar a ultrapassagem. Não contava com o clima razoavelmente ameno e com a garoa antes da corrida.
"Às vezes você acerta, às vezes você erra. Desta vez, não fiz a melhor opção. A escolha errada matou todo o meu fim de semana."
Livre de Barrichello, Schumacher precisou apenas manter-se atento a Juan Pablo Montoya, que cravou a volta mais rápida da prova e em alguns momentos até ensaiou uma aproximação.
O alemão, porém, conseguiu manter uma folga segura e venceu com cinco segundos de vantagem. Em terceiro, pela primeira vez em um pódio na F-1, chegou o inglês Jenson Button, da BAR.
Agora, Barrichello tem sete corridas pela frente para tentar virar o placar na Ferrari. Na semana passada, o time anunciou publicamente que liberou o duelo entre seus dois pilotos na pista até o GP dos EUA, nona das 18 etapas.
A partir de então, aquele que estiver na frente no Mundial de Pilotos ganhará prioridade. Após duas etapas, Schumacher é o líder do campeonato, com 20 pontos. O brasileiro está em segundo lugar, com sete a menos.
"É muito cedo para falar. O que vale mesmo é trabalhar e se manter competitivo", completou o brasileiro, antes de deixar o circuito e voltar para o Brasil.
Nos próximos dias, Barrichello folga. Schumacher testa em Mugello e Fiorano. Sinal dos tempos.


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