São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2004

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FUTEBOL

Azulou de novo

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O São Paulo, mais uma vez, morreu na praia. Assim como no Brasileiro de 2002, o tricolor teve a melhor campanha do atual Paulista e foi eliminado no primeiro mata-mata.
A torcida, passional como sempre, não perdoou, chamando os jogadores de pipoqueiros. Mas é claro que não é essa a explicação.
Nos dois casos (o Brasileirão-2002 e o Paulista-2004), o São Paulo chegou ao apogeu antes da hora e acabou atropelado por uma equipe que subiu de produção na reta de chegada: o Santos em 2002, o São Caetano agora.
Pouca gente se deu conta de que o Azulão vinha num crescendo irresistível. (Eu mesmo "apostei" no São Paulo como um dos semifinalistas). A vitória de ontem sobre o tricolor foi a quinta seguida do time de Muricy Ramalho.
O Santos que se cuide, mesmo porque, ontem no Morumbi, o São Caetano venceu e convenceu. Desde o começo, mostrou-se uma equipe mais compacta e bem armada que o São Paulo. Seus três zagueiros davam pouco espaço para Luis Fabiano e Grafite. Ao mesmo tempo, a formação maleável da equipe permitia uma rápida passagem para o ataque.
Depois da derrota, alguns jogadores são-paulinos falaram em "azar" e em "desatenção nas bolas paradas", mas o fato é que o Azulão teve mais chances reais para ampliar o marcador do que o São Paulo para empatar.
No final, o placar de 2 a 0 ficou até barato. Poderiam ter sido uma goleada.
Tudo indica que Santos x São Caetano será um grande jogo, sem favoritos.
 
A ausência de Magrão (contundido) quase custou ao Palmeiras a classificação às semifinais. Até a expulsão do zagueiro Diguinho, da Portuguesa Santista, a equipe de Jair Picerni não estava encontrando meios de reverter o placar, desfavorável desde os 21 minutos.
No segundo tempo, com mais espaço para jogar, sobretudo pelo lado esquerdo, o Palmeiras se serviu da grande mobilidade de Pedrinho (nunca o vi correr tanto) e de Muñoz para pressionar a Lusinha e virar o jogo.
A intensa vibração de Pedrinho na comemoração de seu gol chegou a ser comovente. Afinal, ele havia perdido três grandes chances, cara a cara com o goleiro, e merecia coroar uma atuação de muito brio e muita técnica.
Pode-se prever um confronto duríssimo entre Palmeiras e Paulista, dois times que conquistaram à unha a classificação para a semifinal, vencendo de virada seus adversários.
 
Na vitória suada do Santos sobre o União Barbarense, o que houve de mais interessante foi o lance do gol santista. Robinho mostrou em dois toques por que é um jogador precioso. Esperto, roubou a bola do zagueiro adversário e, mais esperto ainda, tocou de calcanhar para Léo. O lateral, por sua vez, mostrou por que é um dos melhores do país: em velocidade, botou na frente e chutou cruzado, sem apelação.

Estrela apagada
No Rio, quem morreu na praia foi o Botafogo, que fez o seu papel goleando o Madureira, mas foi prejudicado pelo empate entre o Fluminense e o Americano, que acabou se classificando às semifinais, para alegria de Eduardo "Caixa d'Água" Viana. O tricolor, já classificado para a próxima fase, não mostrou nem competência nem vontade para vencer.

Seleção ideal
Concordo quase integralmente com a seleção brasileira "escalada" por Tostão em sua coluna de ontem. Só Lúcio e Edmílson não me convencem. Pelo menos um dos dois -de preferência o primeiro- poderia ser substituído por Edu Dracena. Quando Alex, do Santos, aprender a ser menos afoito, merecerá a outra vaga.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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