São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 2008

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fiel da balança

Só tapetão pode tirar jogo final do Parque Antarctica

Enquanto FPF se reúne para definir palco da decisão, TJD vai analisar episódio de gás tóxico no vestiário do São Paulo

Procurador, que tentará concluir processo em uma semana, diz que punição pode ser perda de mando ou interdição do estádio

EDUARDO ARRUDA
RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os clubes querem jogar em casa. A Federação Paulista de Futebol concorda desde que os laudos estejam em dia. Mas deverá ser o TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) estadual o fiel da balança na decisão sobre os mandos de campo para as finais do Paulista-2008.
Após os incidentes ocorridos na semifinal entre Palmeiras e São Paulo, anteontem, quando um gás tóxico foi lançado no vestiário do visitante, os palmeirenses podem perder o Parque Antarctica para o segundo jogo da decisão, no dia 4 de maio, contra a Ponte Preta.
"Vai depender do que for apurado no inquérito. Se apurar que o Palmeiras foi responsável pelo que ocorreu, será apenado com o mando de jogo ou a interdição do estádio", afirmou Antônio Carlos Meccia, procurador do TJD.
Indagado se haveria tempo hábil para terminar o processo até a próxima segunda-feira, data utilizada para os julgamentos no tribunal, Meccia preferiu não arriscar.
"Minha idéia é começar amanhã [hoje] o processo. Geralmente "mato" meus processos em uma semana. Existe um prazo para a defesa [72 horas].
Vou fazer de tudo para dar tempo", disse o procurador. Meccia explicou que só o fato de haver o relato do incidente na súmula do árbitro Wilson Luiz Seneme já permite ao tribunal iniciar o processo sem que haja uma parte reclamante.
Na súmula também foi registrada a queda de energia ocorrida aos 40min da etapa final e que deixou o clássico paralisado por 16 minutos. Preocupado, o Palmeiras solicitou ontem à tarde que a polícia fizesse nova perícia no Parque Antarctica.
No dia do clássico, já havia sido feita uma vistoria depois de o São Paulo ter registrado boletim de ocorrência no Jecrim, juizado utilizado no estádio. Em seguida, foi instaurado inquérito no 23º DP.
"Como foram levantadas diversas possibilidades, achamos melhor checar todas essas acusações", declarou o diretor de futebol Genaro Marino.
"O time mandante tem que zelar pela segurança no estádio.
De acordo com o Código Brasileiro de Justiça Desportiva, ele tem que comprovar que não teve culpa, mas pode escapar de punição desde que comprove que tomou todas as medidas de segurança", disse o desembargador Miguel Marques e Silva, coordenador do Jecrim.
Os finalistas e o Ministério Público irão se reunir hoje, às 11h30, na sede da FPF.
O presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, não se opõe à idéia de os times jogarem em seus estádios. "É evidente que cada clube quer jogar no seu estádio. Se existe um laudo com todas as especificações técnicas e de segurança liberando o estádio, o clube tem todo o direito de jogar lá."
Antes das semifinais, os dois clubes da capital travaram uma batalha nos bastidores para decidirem onde iriam jogar. Com o laudo da PM em mãos, o Palmeiras convenceu a FPF, que, anteriormente, queria os dois confrontos no Morumbi.
Para o promotor Paulo Castilho, o esquema de segurança montado no clássico de anteontem possibilita a realização de jogos "em qualquer lugar". Mas ponderou. "Esse trabalho ocorrerá em todos os jogos no Parque Antarctica? E o custo de uma operação dessas para o contribuinte? E olha que o estádio de Campinas tem uma estrutura ainda pior que a do Parque Antarctica", disse Castilho.


Colaborou MAURÍCIO SIMIONATO, da Agência Folha, em Campinas

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