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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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AÇÃO

Tubos, tubos e mais tubos

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Em 1996, aos 18 anos, Danilo Costa esteve muito próximo de ingressar na elite do surfe.
Iniciou a temporada vencendo na abertura do WQS no Uruguai, sua primeira competição no exterior, depois ficou em segundo na Argentina, foi bem no Brasil e no Peru, resultados que garantiram a primeira colocação no ranking mesmo após a perna australiana.
Em outubro daquele ano, quando o tour voltou ao Brasil, se tivesse sido convidado para o cinco estrelas disputado no Rio e passado uma única bateria, teria conquistado a sonhada vaga no WCT.
Mas os organizadores preferiram oferecer os wild cards para o americano Tom Curren e para o australiano Mark Occhilupo.
Começava uma batalha que durou seis anos. Nesse período, chegou a ficar a uma posição da vaga. Em 2001, quando o circuito foi interrompido, chegou a ser anunciado na lista dos classificados, mas a ASP priorizou os atletas que já estavam na elite e voltou atrás. De novo batia na trave.
Seu grande mérito foi não ter desistido, ao contrário, intensificou os treinos, regrou a alimentação, iniciou na ioga, estudou inglês. Em vez de treinar para as ondas grandes no Havaí, onde o crowd e a pressão intimidam até os mais experientes, fez seis temporadas de preparação nas pesadas ondas taitianas.
No ano passado, aos 25 anos, Danilo conquistou a vaga, a 45ª e última para a temporada 2003.
Fez sua estréia em Kirra na Austrália e perdeu de cara. Em Bells não foi diferente. Até aí nenhuma novidade para um estreante. A novidade veio mesmo na semana passada no Taiti.
Na onda mais temida do circuito, que não por acaso é a sua favorita e já lhe rendeu cinco capas de revistas, o paulistano de nascimento e potiguar de criação fez valer sua estratégia. Teahupoo quebrou entre seis e dez pés durante o Billabong Pro, e Danilo só perdeu na semifinal para o campeão da prova, Kelly Slater.
Tubos, tubos e mais tubos, no caminho que é o mais difícil e emocionante no surfe, Danilo não teve moleza. Despachou o campeão mundial e da prova em 99, Mark Occhilupo, o vencedor da primeira etapa do ano, Dean Morrison, além de Damien Hobgood e Kalani Robb. Ganhou o apelido de "giant killer".
Tivesse enfrentado Taj Burrow ou Beau Emerton, protagonistas da outra semifinal, Danilo, com os 17,67 pontos conquistados (em 20 possíveis), teria garantido com folga a vaga na final. Mas com Kelly Slater a história foi outra.
Recordista mundial de títulos e mordido pela ausência nos pódios nos últimos três anos, Slater esteve arrasador. Somou um dez e um 9,43 em suas melhores ondas e mostrou por que é o melhor surfista da história.
Para Danilo, o terceiro em Teahupoo, num circuito que inclui Tavarua (Fiji), próxima etapa, Mundaka (Espanha) e Pipeline (Havaí), outras ondas tubulares para a esquerda como ele gosta, é um enorme incentivo. Como disse seu colega de equipe e segundo colocado na prova, Taj Burrow: "O bom resultado aqui me faz crer que posso obter um bom resultado em qualquer lugar".

Investindo alto
A Onbongo/Local Motion, que, além de promover uma etapa seis estrelas do WQS no Brasil, já conta com dois atletas no WCT, acaba de contratar Neco Padaratz para reforçar a equipe.

Mundial de longboard
Maresias (SP) recebe nesta semana a OxbowPro, primeira das seis etapas previstas em 2003. Em julho, o circuito volta ao Brasil, a etapa será em Saquarema (RJ), e a final será na Nova Zelândia (novembro).

Cinema no micro
O clássico "Endless Summer", de Bruce Brown, está disponível para ser baixado na internet pelo site movielink.com por US$ 5. Depois de feito download, o filme fica disponível por 30 dias.

E-mail sarli@revistatrip.com.br


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