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FUTEBOL
Português e matemática
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Descobri qual é o grande
problema do futebol brasileiro: os cartolas têm dificuldades
com português e matemática. É
isso! Afinal, eles estão tão acostumados a chamar uma associação
de 20 times de Clube dos 13 que se
confundem aqui e ali... Por isso,
alguns não divulgam borderôs e
balanços. A relação deles com números é bem diferente da nossa.
Embora houvesse oito ou dez
clubes presentes na reunião que
definiu a paralisação do Brasileiro, Mario Celso Petraglia, do Atlético-PR, disse que a decisão "foi
de todos os 24 participantes da Série A. (...) Foi unânime".
Flavio Obino, presidente do
Grêmio, disse que teria de providenciar "200 médicos e 100 ambulâncias" para um jogo com 60 mil
pessoas. Mas a lei obriga "a entidade responsável pela organização" a "disponibilizar um médico" e "uma ambulância para cada 10 mil torcedores presentes". O
senhor errou a conta!
David Fischel, presidente do
Fluminense, disse que os clubes
foram pegos de surpresa por uma
lei sancionada "de repente". A lei
começou a ser discutida e elaborada em 2002, com a presença de
representantes da CBF e do Clube
dos 13, como provam atas de reunião assinadas em poder de José
Luiz Portella, ex-secretário-executivo do Ministério do Esporte.
É que eles também não estão
muito acostumados com a idéia
de assinar alguma coisa para valer. Vampeta disse (generalizando, porque certamente há honrosas exceções) que no Rio o jogador
pode pedir qualquer valor que os
dirigentes concordam sem titubear -não vão pagar mesmo...
Fábio Koff, do C13, diz que seria
impossível fazer o sorteio dos árbitros no mínimo 48 horas antes
dos jogos. De quanto tempo será
que eles precisam para providenciar os papeizinhos com os nomes
e uma sala na CBF para o sorteio?
Porque eu imagino que o mais
importante, a classificação dos
árbitros em função da sua qualificação para apitar jogos mais ou
menos difíceis, eles já têm... Ou será que escolhem os juízes a olho?
Na verdade, o grande pavor dos
dirigentes é a palavra "responsabilidade". Eles não querem ser
responsabilizados -não querem
ser responsáveis!- pela segurança do torcedor, por exemplo. Fischel disse que o Fluminense nem
tem estádio; por que ele teria de
responder, digamos, por uma
queda de alambrado no Maracanã? Ora, é como se a TAM dissesse: "Nós só vendemos passagens,
não fabricamos aviões! Por que
temos de responder por um problema na aeronave da Fokker?".
Se o Fluminense paga para jogar no Maracanã e vende ingressos, tem obrigação de verificar,
com os "donos" do estádio, se ele
tem condições de segurança. Se
houver algum problema, o Fluminense é chamado a responder podendo até provar, na Justiça, que
a culpa foi de terceiros. Mas ele
tem de responder. Faz sentido!
Os cartolas tinham parado o
campeonato por tempo intederminado até que "alguém" tomasse "providências". Não eles. É, parece que o futebol vai ter de continuar acontecendo à revelia dessa
turma.
Menos!
O Corinthians esteve ridiculamente descontrolado no jogo
contra o River, e o nervosismo
de Geninho talvez não fosse
menor do que o dos jogadores,
colaborando para piorar a situação. Mas dizer "pega" quando o adversário tem a bola não é mesmo uma ordem para dar
porrada. "Pega" pode soar mais
agressivo, mas quer dizer exatamente a mesma coisa que
"marca", "encosta", "aperta"...
Sou completamente contra o
uso de faltas como recurso automático para parar o jogo, mas
o que o Geninho disse ali não tinha nada de mais -a não ser,
repito, pelo fato de ele não ter
sido capaz de acalmar um time
que já estava nervoso.
Exceções
Há dirigentes sensatos!
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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