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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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FUTEBOL

Português e matemática

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Descobri qual é o grande problema do futebol brasileiro: os cartolas têm dificuldades com português e matemática. É isso! Afinal, eles estão tão acostumados a chamar uma associação de 20 times de Clube dos 13 que se confundem aqui e ali... Por isso, alguns não divulgam borderôs e balanços. A relação deles com números é bem diferente da nossa.
Embora houvesse oito ou dez clubes presentes na reunião que definiu a paralisação do Brasileiro, Mario Celso Petraglia, do Atlético-PR, disse que a decisão "foi de todos os 24 participantes da Série A. (...) Foi unânime".
Flavio Obino, presidente do Grêmio, disse que teria de providenciar "200 médicos e 100 ambulâncias" para um jogo com 60 mil pessoas. Mas a lei obriga "a entidade responsável pela organização" a "disponibilizar um médico" e "uma ambulância para cada 10 mil torcedores presentes". O senhor errou a conta!
David Fischel, presidente do Fluminense, disse que os clubes foram pegos de surpresa por uma lei sancionada "de repente". A lei começou a ser discutida e elaborada em 2002, com a presença de representantes da CBF e do Clube dos 13, como provam atas de reunião assinadas em poder de José Luiz Portella, ex-secretário-executivo do Ministério do Esporte.
É que eles também não estão muito acostumados com a idéia de assinar alguma coisa para valer. Vampeta disse (generalizando, porque certamente há honrosas exceções) que no Rio o jogador pode pedir qualquer valor que os dirigentes concordam sem titubear -não vão pagar mesmo...
Fábio Koff, do C13, diz que seria impossível fazer o sorteio dos árbitros no mínimo 48 horas antes dos jogos. De quanto tempo será que eles precisam para providenciar os papeizinhos com os nomes e uma sala na CBF para o sorteio? Porque eu imagino que o mais importante, a classificação dos árbitros em função da sua qualificação para apitar jogos mais ou menos difíceis, eles já têm... Ou será que escolhem os juízes a olho?
Na verdade, o grande pavor dos dirigentes é a palavra "responsabilidade". Eles não querem ser responsabilizados -não querem ser responsáveis!- pela segurança do torcedor, por exemplo. Fischel disse que o Fluminense nem tem estádio; por que ele teria de responder, digamos, por uma queda de alambrado no Maracanã? Ora, é como se a TAM dissesse: "Nós só vendemos passagens, não fabricamos aviões! Por que temos de responder por um problema na aeronave da Fokker?".
Se o Fluminense paga para jogar no Maracanã e vende ingressos, tem obrigação de verificar, com os "donos" do estádio, se ele tem condições de segurança. Se houver algum problema, o Fluminense é chamado a responder podendo até provar, na Justiça, que a culpa foi de terceiros. Mas ele tem de responder. Faz sentido!
Os cartolas tinham parado o campeonato por tempo intederminado até que "alguém" tomasse "providências". Não eles. É, parece que o futebol vai ter de continuar acontecendo à revelia dessa turma.

Menos!
O Corinthians esteve ridiculamente descontrolado no jogo contra o River, e o nervosismo de Geninho talvez não fosse menor do que o dos jogadores, colaborando para piorar a situação. Mas dizer "pega" quando o adversário tem a bola não é mesmo uma ordem para dar porrada. "Pega" pode soar mais agressivo, mas quer dizer exatamente a mesma coisa que "marca", "encosta", "aperta"... Sou completamente contra o uso de faltas como recurso automático para parar o jogo, mas o que o Geninho disse ali não tinha nada de mais -a não ser, repito, pelo fato de ele não ter sido capaz de acalmar um time que já estava nervoso.

Exceções
Há dirigentes sensatos!

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