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Problema técnico
Brasil fecha participação na primeira fase da Copa em meio a desconforto de jogadores com atitudes e declarações de Parreira
EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A DORTMUND
A seleção brasileira faz o terceiro jogo na Copa do Mundo,
contra o Japão, às 16h (de Brasília), em Dortmund, com uma
dose de desconfiança em relação a Carlos Alberto Parreira.
Parte dos atletas está incomodada com a demora do técnico em mexer no time, seja na
escalação ou só no modo de
atuar. Também há desconforto
porque o ouvem falar pouco
dos problemas. E, principalmente, em como resolvê-los.
Em conversas com amigos,
parte dos comandados descreve o chefe como apático diante
das dificuldades enfrentadas
pela seleção em campo.
Enxergam uma certa indecisão do treinador, que deixou
para anunciar a equipe titular
apenas hoje, no vestiário.
Contam que, pela reação de
Parreira após os jogos, o técnico parece satisfeito com o time,
que tem jogado mal, mas está
garantido nas oitavas-de-final.
Precisa só de um empate para
assegurar o primeiro lugar sem
depender do resultado da partida entre Croácia e Austrália.
Apesar de não admitirem publicamente, alguns jogadores
querem substituições. Mas precisam de ajuda externa para colher dicas se elas acontecerão.
Após o jogo com a Austrália,
por exemplo, ao menos um deles buscou informações na internet para tentar descobrir se
Ronaldo seria mantido entre os
titulares diante dos japoneses.
Alguns focos de insatisfação
na seleção são claros. Pessoas
ligadas a Ronaldo reclamam
que toda a culpa sobre o desempenho ruim cai nas costas do
atacante, enquanto Parreira e
seu esquema, que não funciona,
são poupados. O camisa 9 e Roberto Carlos foram alguns dos
que menos gostaram de o técnico não dar folga ao grupo após a
vitória contra a Austrália.
Juninho já disse estar se segurando para não reclamar da
sua condição de reserva. Kaká
não esconde a insatisfação com
a falta de movimentação no
ataque. Ronaldinho publicamente reclama do seu posicionamento. Preferia atuar como
no Barcelona, mais adiantado.
Com o fraco desempenho até
agora, a maioria dos atletas tem
medo de sair da equipe e ver o
time golear o Japão, o que poria
suas vagas em risco.
Talvez por isso, alguns demonstravam ansiedade ontem,
após o treino, para saber quem
será escalado em Dortmund.
"Seria melhor já saber quem
vai jogar, mas o treinador tem o
direito de fazer isso, e temos
que esperar. Ele só vai definir
na hora do jogo", declarou Juninho, que ainda não entrou
em campo na Copa.
Pouco depois, o preparador
físico Moraci Sant'Anna dava
uma demonstração de que há
alguns ruídos na comunicação.
Afirmou que a definição seria
numa conversa com os atletas,
ainda na noite de ontem.
O desconforto com as atitudes de Parreira começou logo
após partida com a Croácia. Os
jogadores estranharam o treinador ter demorado três dias
para comentar os problemas do
time. Só numa reunião feita a
dois dias do jogo contra a Austrália ele cobrou os erros.
A demora para o técnico reagir às dificuldades força os atletas a tentarem arrumar as coisas sozinhos, dentro de campo.
Fizeram isso contra os croatas
e também ante os australianos.
Entre os jogadores, a impressão é que a maioria está mais
insatisfeita com o rendimento
da equipe do que o técnico.
Por enquanto, ninguém
queixou-se com Parreira. Até
os mais experientes, como Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo,
temem entrar em rota de colisão com o comandante.
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