São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2010

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ENZO PALLADINI

Pensando no futuro


Os torcedores da Inter já pensam na final da Copa, entre Argentina e Brasil, e para quem vão torcer


OS ITALIANOS torcedores da Inter de Milão já pensam na final. Em suas mentes, o compromisso com a história já está marcado: 11 de julho, Brasil contra Argentina. Agora devem decidir para quem vão torcer. A ideia de muitos torcedores da Inter é clara.
Escolherão o Brasil porque será como rever o duelo entre Barcelona e Inter, na semifinal da Copa dos Campeões, com a defesa "nerazzurra" (Júlio César, Maicon e Lúcio) contra Messi. Se a final for Brasil contra Argentina, a Inter estará mais representada no time de Dunga. E também ninguém gosta do Maradona, que deixou em casa Zanetti e Cambiasso.
Os italianos que não são torcedores da Inter já compreenderam tudo. Assistiram à partida contra a Nova Zelândia e sabem que a aventura da Azzurra na África do Sul terminará logo. É possível que o time de Marcello Lippi vença a Eslováquia, mas é impossível competir contra seleções mais fortes, como, por exemplo, a Holanda.
Esta Itália é uma tristeza. Joga um futebol velho, lento, fácil de combater. Lippi disse que estão na África do Sul os melhores representantes do futebol italiano e que não deixou em casa nenhum jogador fenomenal. Há um mês pensava assim, e ainda pensa.
Lippi não muda suas ideias, mas logo mudará mais ou menos sua profissão. Assinará contrato com o Al Ahly, um time de Dubai, país onde se passa o dia na piscina e se treina com o pôr do sol. Lippi e Cannavaro não terão problemas com a imprensa árabe, porque jamais vão aprender a ler os jornais escritos no alfabeto árabe. Quando estiver em sua casa em Dubai, Lippi não deverá explicar por que utiliza ex-jogadores e deixa em casa Cassano e Balotelli.
Muita gente diz que, quando a seleção italiana está desesperada, consegue dar tudo de si. Mas no passado a Itália tinha jogadores com grande personalidade, habituados a lutar em nível máximo. A Itália que está jogando na África do Sul não tem jogadores desse tipo. Tem só soldadinhos que dizem "Sim, senhor" e nada mais. Nenhum sabe inventar.
Os torcedores da Inter e os que não o são se perguntam por que Camoranesi joga esta Copa e por que Gilardino é o centroavante titular, mas não teve chance para fazer um gol, nem mesmo por acaso. Ainda se perguntarão, mas por pouco tempo.


ENZO PALLADINI é redator-chefe de Esporte da rede de TV italiana Mediaset

Tradução de ANASTASIA CAMPANERUT


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