São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2010

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Desespero

África do Sul e França fazem a partida das crises: os anfitriões podem ter eliminação histórica, e os europeus enfrentam motim de jogadores

FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO

Duas seleções em estado de tensão extrema se enfrentam hoje em Bloemfontein, em um jogo do qual dificilmente alguma delas sairá muito melhor do que entrou.
África do Sul e França fazem o jogo das crises. Os europeus conseguiram a façanha de atuar hoje em situação ainda pior do que os donos da casa, que pelo menos não veem insubordinação dos jogadores do time.
A França precisa ganhar e torcer para que México x Uruguai, no mesmo horário, não seja um "jogo de compadres" e que tenha um vencedor -o empate classifica ambos.
Nos últimos dias, a França protagonizou atos mais afeitos a um movimento grevista do que aos de um time de futebol. Começou com o atacante Anelka, que xingou o técnico Raymond Domenech e foi desligado da equipe.
Anteontem, em solidariedade, os demais jogadores se recusaram a treinar. O capitão Patrice Evra bateu boca com o preparador físico Robert Duverne, e o chefe da delegação, Jean-Louis Valentin, pediu demissão.
O problema virou uma questão de Estado. Por ordem do presidente Nicolas Sarkozy, a ministra do Esporte, Roselyne Bachelot, prolongou uma visita à África do Sul para conversar com a equipe. Patrocinadores cancelaram campanhas publicitárias com os jogadores.
Falando a repórteres ontem, Domenech classificou de "estúpido" o protesto dos jogadores e defendeu a punição a Anelka. "Ninguém pode se comportar assim num vestiário ou em qualquer lugar. Esportistas de alto nível devem dar o exemplo."

ELIMINAÇÃO HISTÓRICA
Em comparação, os problemas sul-africanos parecem amenos, mas não são. O time pode entrar hoje para a história como o primeiro anfitrião de uma Copa a morrer ainda na primeira fase.
Ontem, o técnico Carlos Alberto Parreira, que deve sair do cargo, anunciou que fará cinco mudanças na equipe, mas não disse quais.
Há apenas a certeza de que deixarão o time o goleiro Khune e o meio-campo Dikgacoi, suspensos. "Quero terminar com uma vitória convincente", afirmou Parreira.


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