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Desespero
África do Sul e França fazem a partida das crises:
os anfitriões podem ter eliminação histórica, e os europeus enfrentam motim de jogadores
FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO
Duas seleções em estado
de tensão extrema se enfrentam hoje em Bloemfontein,
em um jogo do qual dificilmente alguma delas sairá
muito melhor do que entrou.
África do Sul e França fazem o jogo das crises. Os europeus conseguiram a façanha de atuar hoje em situação ainda pior do que os donos da casa, que pelo menos
não veem insubordinação
dos jogadores do time.
A França precisa ganhar e
torcer para que México x Uruguai, no mesmo horário, não
seja um "jogo de compadres"
e que tenha um vencedor -o
empate classifica ambos.
Nos últimos dias, a França
protagonizou atos mais afeitos a um movimento grevista
do que aos de um time de futebol. Começou com o atacante Anelka, que xingou o
técnico Raymond Domenech
e foi desligado da equipe.
Anteontem, em solidariedade, os demais jogadores se
recusaram a treinar. O capitão Patrice Evra bateu boca
com o preparador físico Robert Duverne, e o chefe da delegação, Jean-Louis Valentin, pediu demissão.
O problema virou uma
questão de Estado. Por ordem do presidente Nicolas
Sarkozy, a ministra do Esporte, Roselyne Bachelot, prolongou uma visita à África do
Sul para conversar com a
equipe. Patrocinadores cancelaram campanhas publicitárias com os jogadores.
Falando a repórteres ontem, Domenech classificou
de "estúpido" o protesto dos
jogadores e defendeu a punição a Anelka. "Ninguém pode se comportar assim num
vestiário ou em qualquer lugar. Esportistas de alto nível
devem dar o exemplo."
ELIMINAÇÃO HISTÓRICA
Em comparação, os problemas sul-africanos parecem amenos, mas não são. O
time pode entrar hoje para a
história como o primeiro anfitrião de uma Copa a morrer
ainda na primeira fase.
Ontem, o técnico Carlos
Alberto Parreira, que deve
sair do cargo, anunciou que
fará cinco mudanças na
equipe, mas não disse quais.
Há apenas a certeza de que
deixarão o time o goleiro
Khune e o meio-campo Dikgacoi, suspensos. "Quero terminar com uma vitória convincente", afirmou Parreira.
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