São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2010

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Telão com replay desagrada a juízes

Árbitros se calam sobre erros cometidos por eles e reprisados durante os jogos nos estádios sul-africanos

JOSÉ GERALDO COUTO
ENVIADO ESPECIAL A PRETÓRIA

Os juízes no banco dos réus. É essa a situação hoje na Copa da África do Sul.
Ao que parece, a própria Fifa colocou lenha nessa fogueira ao deixar que fossem exibidos replays de lances polêmicos nos telões dos estádios, durante os jogos.
A arbitragem está na berlinda por conta dos erros graves cometidos nos primeiros jogos do Mundial, entre eles a anulação do terceiro gol norte-americano (legítimo) contra a Eslovênia e a validação do segundo gol de Luis Fabiano (irregular) contra a Costa do Marfim.
No treino aberto dos árbitros do Mundial, ontem, em Pretória, o chefe do departamento de arbitragem da Fifa, o espanhol José Maria García Aranda, mal escondeu seu desagrado ao ser indagado sobre a questão.
"Não sou a pessoa certa para falar sobre isso, porque não está sob meu encargo. Há pessoas na Fifa que cuidam desse assunto e decidem quando essas imagens devem ser mostradas ou não. Não é considerada uma questão referente à arbitragem", declarou o dirigente.
O juiz brasileiro Carlos Eugenio Simon mostrou surpresa ao saber que, durante o jogo entre Brasil e Costa do Marfim (3 a 1), foram exibidos replays do gol irregular de Luis Fabiano. "A determinação é que não deve haver replay de lances polêmicos."
No único jogo que Simon apitou até agora, Inglaterra 1 x 1 EUA, o telão do estádio de Rustenburgo não funcionou.
Os juízes e assistentes seguiram à risca a orientação de não comentar erros de arbitragem ou situações controversas. Assediados por jornalistas de vários países, limitaram-se a comentar aspectos gerais de sua formação e do treinamento.
Também os dois psicólogos da Fifa encarregados de cuidar dos árbitros, os espanhóis Paco Falco e Manuel Lopez, ouvidos pela Folha, evitaram cuidadosamente qualquer comentário a respeito.
Embora vetado, o tema dos erros durante os jogos foi o mais abordado pelos jornalistas presentes ao treino aberto de juízes e assistentes.
Uma repórter americana se irritou com García Aranda quando este disse que, assim como os melhores jogadores do mundo, também os juízes são humanos e podem errar. E rebateu: "Mas os jogadores não são proibidos de comentar e explicar seus erros".


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