São Paulo, domingo, 22 de julho de 2007

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Fôlego

Thiago Pereira ganha seu 6º ouro no Pan, deixa Mark Spitz para trás e hoje desafia cansaço para chegar ao oitavo


Thiago Pereira, ouro nos 200 m peito, e Henrique Barbosa, prata

FABIO GRIJÓ
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Thiago Pereira coça a cabeça, esboça um sorriso, pensa e, enfim, responde: "Não sei se me sinto um fenômeno. Sou um atleta normal que trabalha bastante, mas é claro que o talento ajuda também".
O fluminense de Volta Redonda, aos 21 anos, nada para a história. Conquistou ontem seu sexto ouro no Pan-07. Foi nos 200 m peito, com o tempo de 2min13s51. O compatriota Henrique Barbosa, prata, quase o superou (2min13s83).
Assim, Thiago consolidou-se como o nome mais versátil das piscinas brasileiras -tem vitórias nos estilos livre, costas, peito e no medley (a combinação de todos eles). O espetáculo final no Parque Aquático Maria Lenk é esperado para hoje. A partir das 10h, ele compete nos 100 m costas e no revezamento 4 x 100 m medley.
Busca manter os 100% de aproveitamento nos Jogos. Até ontem, Thiago venceu todas as provas que disputou no Rio.
"Estou sentindo o cansaço desta semana de competição", admite Thiago, que não tinha treino previsto para ontem, dia em que não havia provas à noite. "Mas estou concentrado."
Thiago tem participação em dois terços das vitórias dos homens na natação neste Pan. Foram nove topos do pódio que eles tiveram na competição.
"Os 100 m costas serão a prova mais difícil. Não estou entre os favoritos, mas vou nadar e fazer o meu melhor", diz Thiago. "Estou bastante feliz, mas não quero fazer um balanço ainda. O Pan não acabou. Só darei por encerrado amanhã [hoje], após o revezamento."
Ao levar o quarto ouro, anteontem, o nadador igualou o recorde de Fernando Scherer numa única edição dos Jogos: o agora aposentado conseguiu a marca em Winnipeg-1999. Ao faturar o quinto ouro, alcançou o que o americano Mark Spitz, lenda da natação, fez, aos 17 anos, em Winnipeg-1967.
Com a sexta vitória, Thiago deixou para trás o feito de Spitz. "Não tenho noção ainda do que isso [o recorde] representa. Sei que tenho o que melhorar, difícil saber qual é o meu limite", afirma ele.
Nas piscinas, apenas o brasileiro e o norte-americano Frank Heckl conquistaram seis ouros num único Pan. Heckl obteve a façanha em Cali-1971.
Thiago triunfou nas raias do Maria Lenk nos 200 m costas, nos 200 m peito, nos 200 m medley, nos 400 m medley e nos revezamentos 4 x 100 m livre (neste só competiu na eliminatória, mas, pela regra, teve direito ao ouro) e 4 x 200 m livre. "Encararia uma maratona dessas outra vez", diz, apesar do desgaste evidente, Thiago, que ficou em quinto na Olimpíada de Atenas nos 200 m medley, prova em que é especialista.
O brasileiro segue a estratégia do americano Michael Phelps, o número 1 do mundo, dono de seis ouros olímpicos na Grécia: apostar na versatilidade para nadar várias vezes num evento e disputar mais pódios.
Sobre o rival, com quem divide provas, Thiago é direto: "Quase o venci uma vez numa etapa da Copa do Mundo em Nova York. Não quero saber quem está do meu lado. Se a medalha vier, está ótimo. Se não, parto para a próxima".
O maior sonho é a inédita medalha olímpica, em Pe quim-2008. "Recordes e medalhas são a recompensa para a rotina dura de treinos."


Colaborou ADALBERTO LEISTER FILHO, enviado especial ao Rio


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