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Fôlego
Thiago Pereira ganha seu 6º ouro no Pan, deixa Mark Spitz para trás e hoje desafia cansaço para chegar ao oitavo
Thiago Pereira, ouro nos 200 m peito, e Henrique Barbosa, prata
FABIO GRIJÓ
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Thiago Pereira coça a cabeça,
esboça um sorriso, pensa e, enfim, responde: "Não sei se me
sinto um fenômeno. Sou um
atleta normal que trabalha bastante, mas é claro que o talento
ajuda também".
O fluminense de Volta Redonda, aos 21 anos, nada para a
história. Conquistou ontem
seu sexto ouro no Pan-07. Foi
nos 200 m peito, com o tempo
de 2min13s51. O compatriota
Henrique Barbosa, prata, quase
o superou (2min13s83).
Assim, Thiago consolidou-se
como o nome mais versátil das
piscinas brasileiras -tem vitórias nos estilos livre, costas,
peito e no medley (a combinação de todos eles). O espetáculo
final no Parque Aquático Maria
Lenk é esperado para hoje. A
partir das 10h, ele compete nos
100 m costas e no revezamento
4 x 100 m medley.
Busca manter os 100% de
aproveitamento nos Jogos. Até
ontem, Thiago venceu todas as
provas que disputou no Rio.
"Estou sentindo o cansaço
desta semana de competição",
admite Thiago, que não tinha
treino previsto para ontem, dia
em que não havia provas à noite. "Mas estou concentrado."
Thiago tem participação em
dois terços das vitórias dos homens na natação neste Pan. Foram nove topos do pódio que
eles tiveram na competição.
"Os 100 m costas serão a prova mais difícil. Não estou entre
os favoritos, mas vou nadar e
fazer o meu melhor", diz Thiago. "Estou bastante feliz, mas
não quero fazer um balanço
ainda. O Pan não acabou. Só darei por encerrado amanhã [hoje], após o revezamento."
Ao levar o quarto ouro, anteontem, o nadador igualou o
recorde de Fernando Scherer
numa única edição dos Jogos: o
agora aposentado conseguiu a
marca em Winnipeg-1999. Ao
faturar o quinto ouro, alcançou
o que o americano Mark Spitz,
lenda da natação, fez, aos 17
anos, em Winnipeg-1967.
Com a sexta vitória, Thiago
deixou para trás o feito de
Spitz. "Não tenho noção ainda
do que isso [o recorde] representa. Sei que tenho o que melhorar, difícil saber qual é o
meu limite", afirma ele.
Nas piscinas, apenas o brasileiro e o norte-americano
Frank Heckl conquistaram seis
ouros num único Pan. Heckl
obteve a façanha em Cali-1971.
Thiago triunfou nas raias do
Maria Lenk nos 200 m costas,
nos 200 m peito, nos 200 m
medley, nos 400 m medley e
nos revezamentos 4 x 100 m livre (neste só competiu na eliminatória, mas, pela regra, teve
direito ao ouro) e 4 x 200 m livre. "Encararia uma maratona
dessas outra vez", diz, apesar do
desgaste evidente, Thiago, que
ficou em quinto na Olimpíada
de Atenas nos 200 m medley,
prova em que é especialista.
O brasileiro segue a estratégia do americano Michael
Phelps, o número 1 do mundo,
dono de seis ouros olímpicos na
Grécia: apostar na versatilidade
para nadar várias vezes num
evento e disputar mais pódios.
Sobre o rival, com quem divide provas, Thiago é direto:
"Quase o venci uma vez numa
etapa da Copa do Mundo em
Nova York. Não quero saber
quem está do meu lado. Se a
medalha vier, está ótimo. Se
não, parto para a próxima".
O maior sonho é a inédita
medalha olímpica, em Pe
quim-2008. "Recordes e medalhas são a recompensa para a
rotina dura de treinos."
Colaborou ADALBERTO LEISTER FILHO,
enviado especial ao Rio
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