São Paulo, domingo, 22 de julho de 2007

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HANDEBOL

Rixa move Brasil na conquista do 1º tri de equipes

Equipe feminina, primeira seleção nacional a ganhar ouro neste Pan, supera Cuba na decisão e nas provocações

Partida é marcada por troca de xingamentos, caretas e boladas, mas equipe leva o ouro e ainda a vaga olímpica nos Jogos de Pequim-2008

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O jogo ainda estava no primeiro tempo e parelho quando a cubana Suleiky Gomez, a artilheira da sua equipe, mostrou a língua e fez caretas para a ponta Dali. Foi uma péssima decisão.
A seleção feminina brasileira de handebol mostrou ontem que, pelo menos na América, não tem medo de cara feia e rivais de peso. E também que sabe responder na mesma moeda à tática de provocações das caribenhas que tanto estrago causa ao enfrentar times nacionais de outros esportes coletivos.
O ouro no Pan do Rio chegou com uma nova goleada -30 a 17. O triunfo valeu vaga para a Olimpíada de Pequim-2008 e o primeiro tricampeonato, em edições consecutivas, de uma modalidade coletiva brasileira na história do evento continental, que tem mais de 50 anos.
"O Juan [Oliver, técnico espanhol da equipe] colocou na cabeça que nós somos as melhores, pois jogamos nos melhores campeonatos", disse a goleira Chana, que voltou a ser titular ontem, após ficar na reserva de Darly na semifinal.
"Quem vai colher esses resultados é a geração que está chegando agora", afirmou a pivô Juceli, que esteve nas conquistas dos Pans de Winnipeg-99 e de Santo Domingo-2003.
O Brasil passeou no Pan de um continente que está distante de ser uma potência na modalidade, dominada por europeus e em que os EUA nem sequer mandaram time ao Rio.
No último Mundial, o Brasil, que tem 11 de suas 15 integrantes jogando na Europa, acabou em sétimo. Na Olimpíada de Pequim, a meta da equipe é chegar entre os semifinalistas.
Foram cinco vitórias em cinco jogos nas quadras cariocas. A vantagem média do Brasil sobre as rivais em cada triunfo ficou acima dos 20 gols.
Equilíbrio ontem só houve nos minutos iniciais, quando Cuba chegou a vencer por 3 a 1, e nas provocações.
Na saída para o intervalo, por exemplo, Fabi bateu boca com Lisandra Lusson enquanto as duas levavam a mão ao peito, exigindo respeito. Mas, no handebol feminino, foram as caribenhas que perderam o controle por isso, não as brasileiras.
Foram duas jogadoras expulsas durante a partida -uma delas a mesma Suleiky que mostrou a língua para Dali. A outra foi Arassay Morens, que por pouco não apanha das reservas brasileiras após receber o cartão vermelho por falta violenta.
A dez minutos do fim da partida, a torcida, que lotou o Riocentro, começou a gritar "olé", o que acabou com a paciência das cubanas -as expulsas saíram da quadra ironizando os torcedores, e alguns responderam com pesados xingamentos.
O jogo acabou com uma cubana atirando a bola num bolo de brasileiras que festejavam o ouro. Tomou de volta ataques de bandeiras que as anfitriãs seguravam. "Elas vieram para provocar. Nós, para jogar handebol", disse a ponta Aline.
Para Viviane Jacques, o jogo da fase inicial, em que o Brasil venceu "só" por quatro gols de diferença, serviu de incentivo. "Não podíamos repetir aquela partida. No vestiário, dissemos que tínhamos que ir para cima delas. Olhar no olho delas. Responder às provocações."


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