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HANDEBOL
Rixa move Brasil na conquista do 1º tri de equipes
Equipe feminina, primeira seleção nacional a ganhar ouro neste Pan, supera Cuba na decisão e nas provocações
Partida é marcada por troca de xingamentos, caretas e boladas, mas equipe leva o ouro e ainda a vaga olímpica nos Jogos de Pequim-2008
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
O jogo ainda estava no primeiro tempo e parelho quando
a cubana Suleiky Gomez, a artilheira da sua equipe, mostrou a
língua e fez caretas para a ponta
Dali. Foi uma péssima decisão.
A seleção feminina brasileira
de handebol mostrou ontem
que, pelo menos na América,
não tem medo de cara feia e rivais de peso. E também que sabe responder na mesma moeda
à tática de provocações das caribenhas que tanto estrago causa ao enfrentar times nacionais
de outros esportes coletivos.
O ouro no Pan do Rio chegou
com uma nova goleada -30 a
17. O triunfo valeu vaga para a
Olimpíada de Pequim-2008 e o
primeiro tricampeonato, em
edições consecutivas, de uma
modalidade coletiva brasileira
na história do evento continental, que tem mais de 50 anos.
"O Juan [Oliver, técnico espanhol da equipe] colocou na
cabeça que nós somos as melhores, pois jogamos nos melhores campeonatos", disse a
goleira Chana, que voltou a ser
titular ontem, após ficar na reserva de Darly na semifinal.
"Quem vai colher esses resultados é a geração que está chegando agora", afirmou a pivô
Juceli, que esteve nas conquistas dos Pans de Winnipeg-99 e
de Santo Domingo-2003.
O Brasil passeou no Pan de
um continente que está distante de ser uma potência na modalidade, dominada por europeus e em que os EUA nem sequer mandaram time ao Rio.
No último Mundial, o Brasil,
que tem 11 de suas 15 integrantes jogando na Europa, acabou
em sétimo. Na Olimpíada de
Pequim, a meta da equipe é
chegar entre os semifinalistas.
Foram cinco vitórias em cinco jogos nas quadras cariocas. A
vantagem média do Brasil sobre as rivais em cada triunfo ficou acima dos 20 gols.
Equilíbrio ontem só houve
nos minutos iniciais, quando
Cuba chegou a vencer por 3 a 1,
e nas provocações.
Na saída para o intervalo, por
exemplo, Fabi bateu boca com
Lisandra Lusson enquanto as
duas levavam a mão ao peito,
exigindo respeito. Mas, no handebol feminino, foram as caribenhas que perderam o controle por isso, não as brasileiras.
Foram duas jogadoras expulsas durante a partida -uma delas a mesma Suleiky que mostrou a língua para Dali. A outra
foi Arassay Morens, que por
pouco não apanha das reservas
brasileiras após receber o cartão vermelho por falta violenta.
A dez minutos do fim da partida, a torcida, que lotou o Riocentro, começou a gritar "olé",
o que acabou com a paciência
das cubanas -as expulsas saíram da quadra ironizando os
torcedores, e alguns responderam com pesados xingamentos.
O jogo acabou com uma cubana atirando a bola num bolo
de brasileiras que festejavam o
ouro. Tomou de volta ataques
de bandeiras que as anfitriãs
seguravam. "Elas vieram para
provocar. Nós, para jogar handebol", disse a ponta Aline.
Para Viviane Jacques, o jogo
da fase inicial, em que o Brasil
venceu "só" por quatro gols de
diferença, serviu de incentivo.
"Não podíamos repetir aquela
partida. No vestiário, dissemos
que tínhamos que ir para cima
delas. Olhar no olho delas. Responder às provocações."
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