São Paulo, domingo, 22 de julho de 2007

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JUDÔ

Medalhas do Brasil têm gostos diferentes

Alegria e vergonha marcam conquistas no tatame, em dia de ouro e duas pratas

Enquanto a equipe feminina festeja bastante título de Danielle Zangrando e pódio de Danielli Yuri, Guilheiro desdenha do segundo lugar

LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

No terceiro dia de competição do judô, a equipe brasileira ganhou um ouro e duas pratas, mas com ânimo bem distinto.
No feminino, Danielle Zangrando, campeã nos 57 kg, e Danielli Yuri, vice nos 63 kg, deixaram o Riocentro satisfeitas. Já Leandro Guilheiro chegou a qualificar sua prata nos 73 kg como "uma vergonha". Para Flávio Canto, foi pior. Ele deixou o evento de ambulância, com luxação no cotovelo, e não conseguiu lutar pelo bronze.
A leve Danielle, 27, conseguiu seu primeiro título em Pans e agora está no seleto grupo dos donos de medalhas em três edições do evento (tinha sido bronze em 1995 e em 1999), um recorde nacional.
Depois da conquista, sorriso no rosto, ela agradeceu ao trabalho de fisioterapia feito com Nilton Petrone, o Filé, no Santos, e afirmou que não deve mais competir depois da Olimpíada de Pequim-2008.
"Já me formei em direito, acabo jornalismo agora. Tenho que trabalhar um dia, não vou viver de judô para sempre", declarou ela, para quem a equipe feminina fará história no Rio.
A rigor, já fez. Com as medalhas de ontem, a equipe melhorou o desempenho de Santo Domingo e, de quebra, atingiu o melhor resultado da história do judô feminino em Pans, superando Indianápolis-1987.
Naquela edição, foram dois ouros e três bronzes. No Rio, as mulheres já têm dois ouros, duas pratas e um bronze.
A meio-médio Danielli, 23, disse depois da prata que o resultado mostra que ela acertou em trocar o emprego que tinha numa fábrica de peças para motores Toyota no Japão pela rotina de judoca no Brasil.
"Treinava muito forte no colegial lá, quase como profissional, de domingo a domingo. Não queria jogar fora aquilo", afirmou a atleta, que na semifinal superou a argentina Daniela Krukower, 32, dona de um título mundial (2003).
Na final, ela não foi páreo para Driulis Gonzalez, 33, que tem quatro pódios olímpicos (um ouro) e seis medalhas em Mundiais (dois ouros). Mas ouviu elogios da algoz cubana.
"Saber do elogio é uma motivação. O currículo dela é ótimo. Não é imbatível, mas estou satisfeita porque dei o meu máximo [para ser prata]."
Guilheiro, 23, com a mesma medalha, era o oposto da alegria de Danielli. "Sinto-me triste, desapontado e com um pouco de vergonha. Tá doído. A última coisa que eu queria era ouvir o hino dos EUA na minha categoria", afirmou ele, bronze em Atenas-2004. Na semifinal, o judoca sentiu uma contratura nos músculos da região lombar e precisou até de uma infiltração para conseguir lutar a decisão da medalha de ouro.


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