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JUDÔ
Medalhas do Brasil têm gostos diferentes
Alegria e vergonha marcam conquistas no tatame, em dia de ouro e duas pratas
Enquanto a equipe feminina festeja bastante título de Danielle Zangrando e pódio de Danielli Yuri, Guilheiro desdenha do segundo lugar
LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
No terceiro dia de competição do judô, a equipe brasileira
ganhou um ouro e duas pratas,
mas com ânimo bem distinto.
No feminino, Danielle Zangrando, campeã nos 57 kg, e Danielli Yuri, vice nos 63 kg, deixaram o Riocentro satisfeitas.
Já Leandro Guilheiro chegou a
qualificar sua prata nos 73 kg
como "uma vergonha". Para
Flávio Canto, foi pior. Ele deixou o evento de ambulância,
com luxação no cotovelo, e não
conseguiu lutar pelo bronze.
A leve Danielle, 27, conseguiu seu primeiro título em
Pans e agora está no seleto grupo dos donos de medalhas em
três edições do evento (tinha sido bronze em 1995 e em 1999),
um recorde nacional.
Depois da conquista, sorriso
no rosto, ela agradeceu ao trabalho de fisioterapia feito com
Nilton Petrone, o Filé, no Santos, e afirmou que não deve
mais competir depois da Olimpíada de Pequim-2008.
"Já me formei em direito,
acabo jornalismo agora. Tenho
que trabalhar um dia, não vou
viver de judô para sempre", declarou ela, para quem a equipe
feminina fará história no Rio.
A rigor, já fez. Com as medalhas de ontem, a equipe melhorou o desempenho de Santo
Domingo e, de quebra, atingiu o
melhor resultado da história do
judô feminino em Pans, superando Indianápolis-1987.
Naquela edição, foram dois
ouros e três bronzes. No Rio, as
mulheres já têm dois ouros,
duas pratas e um bronze.
A meio-médio Danielli, 23,
disse depois da prata que o resultado mostra que ela acertou
em trocar o emprego que tinha
numa fábrica de peças para motores Toyota no Japão pela rotina de judoca no Brasil.
"Treinava muito forte no colegial lá, quase como profissional, de domingo a domingo.
Não queria jogar fora aquilo",
afirmou a atleta, que na semifinal superou a argentina Daniela Krukower, 32, dona de um título mundial (2003).
Na final, ela não foi páreo para Driulis Gonzalez, 33, que
tem quatro pódios olímpicos
(um ouro) e seis medalhas em
Mundiais (dois ouros). Mas ouviu elogios da algoz cubana.
"Saber do elogio é uma motivação. O currículo dela é ótimo.
Não é imbatível, mas estou satisfeita porque dei o meu máximo [para ser prata]."
Guilheiro, 23, com a mesma
medalha, era o oposto da alegria de Danielli. "Sinto-me triste, desapontado e com um pouco de vergonha. Tá doído. A última coisa que eu queria era ouvir o hino dos EUA na minha
categoria", afirmou ele, bronze
em Atenas-2004. Na semifinal,
o judoca sentiu uma contratura
nos músculos da região lombar
e precisou até de uma infiltração para conseguir lutar a decisão da medalha de ouro.
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