São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 2011

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XICO SÁ

Fair play, meu rei!


Como exigir fair play de quem assiste a uma pelada como Paraguai versus Venezuela?


AMIGO TORCEDOR, amigo secador, você pratica o fair play ou a velha catimba da vida?
Melhor: você passa o tempo todo fazendo cera e, hipócrita, exige a boa educação do próximo? Qual é a sua, a lealdade absoluta ou a malandragem tropicaliente escondida das câmeras?
Já sei, você transfere a responsabilidade do fair play ao rival, quando deveria fazê-lo por conta própria. Kleber, o gladiador, e Felipão, seu comandante palmeirense, acusam o time do Flamengo de tal prática. Que sururu na área, meu caro. Rubro-negros e a turma do Luxemburgo revoltados até hoje.
A equipe da Venezuela se queixou da mesma falta do código do bom-tom do time brasileiro na Copa América. Fair play é o assunto da hora. Não se fala de outra coisa na praça Sáenz Peña e derredores.
Para alguns, no entanto, fair play não passa mesmo do nome daquele motel no bairro de Arsenal, São Gonçalo, Rio, com uma suíte árabe de matar de inveja todos os sultões e seus jardins perfumados.
Futebol à parte, aconselho: bons modos no amor, pelo menos. Devoção às mulheres. A última das cachorras, a derradeira das marias chuteiras ainda merece o melhor dos tratos. Educação sentimental é o mínimo que se exige do maior dos crápulas. Paz na terra aos canalhas de boa vontade.
No esporte, é bem mais difícil. Até mesmo no pior jogo de todos os tempos: o empate sem gols de Paraguai x Venezuela.
Como exigir fair play de quem assiste a uma pelada dessas? Foi seguramente uma das mais miseráveis representações da ruindade a que pode alcançar esse jogo que não passa da soma da virilidade explícita com os segredos guardados de 11 homens de cada grupo.
O mais difícil, amigo, hoje em dia é a civilidade de quem aguenta ver essas pelejas. Como cantaria Kátia, a ceguinha, amiga do rei Roberto, no seu velho hit: "Não está sendo fácil".
A falta de paciência para a pobreza da Copa América tem sido maior ainda porque tenho visto embates riquíssimos como Alecrim (RN) 1 x 3 Santa Cruz, pela Série D do Brasileiro. Tal duelo ocorreu no último domingo, em João Pessoa, campo neutro, no mesmo horário do Brasil x Paraguai -nossa pátria de nascimento contra a pátria do nosso uísque.
Fair play mesmo tem o brasileiro diante da vida. Mais do que qualquer samurai. Aqui até o buraco é superfaturado pelas empreiteiras e nada fazemos. Levamos na buena onda. Só fazemos catimba com quem amamos. Que falta de classe!

xico.folha@uol.com.br

@xicosa


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