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Seleção perde para o Paraguai, estádio não lota e torcida pede Romário
Era Scolari termina do jeito que começou
FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA
Como começou, terminou. A
era Scolari acabou ontem à tarde
de modo anticlimático. No primeiro jogo após a conquista da
Copa-2002, em Fortaleza, a seleção brasileira perdeu por 1 a 0 para o Paraguai e não conseguiu reproduzir nem de longe o bom futebol apresentado no Mundial.
Além disso, jogou para um estádio com vários clarões nas arquibancadas -33.611 pagantes, para
60 mil lugares- e para um público bem menos empolgado do que
aquele que festejou alucinadamente pelas ruas o título conquistado na Ásia em 30 de junho.
O técnico Luiz Felipe Scolari,
que estreou na seleção em 1º de
julho do ano passado, com derrota para o Uruguai, 1 a 0, se despediu após colocar em campo os 21
jogadores que tinha à disposição,
arremedos dos atletas da Ásia.
Em início de temporada -portanto fora de forma- e desarrumados em campo, os brasileiros
erraram muito e não conseguiram realizar jogadas de efeito, algo que prescinde de preparo físico
ou treino. Por causa da péssima
atuação do time, os cearenses chegaram, no final do amistoso, a gritar o nome de Romário, atacante
idolatrado pelos brasileiros às
vésperas da Copa-2002, desprezado por Scolari e, durante o Mundial, esquecido pela torcida.
Quando o jogo terminou, parte
do público vaiou a seleção, enquanto outra parcela aplaudiu.
Alguns chegaram a atirar copos
d'água no campo quando a seleção descia para os vestiários.
A partida foi realizada no Ceará
para beneficiar Ciro Gomes, candidato do PPS à Presidência
-que construiu sua carreira política no Estado-, e Tasso Jereissati, candidato ao Senado pelo
PSDB do Ceará e amigo do presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
A seleção não perdia havia 15 jogos e mais de nove meses, desde 7
de novembro do ano passado,
quando caiu diante da Bolívia, em
La Paz, pelas eliminatórias.
O insucesso diante do Paraguai,
eliminado na segunda fase da Copa e que foi ao Ceará desfalcado
de seus principais craques, quebrou também uma sequência de
nove vitórias da seleção.
Quando os pentacampeões entraram em campo, os aplausos da
torcida foram contidos.
A primeira manifestação de euforia só apareceu quando Cafu,
instantes antes do início do jogo,
subiu num pedestal no centro do
gramado para levantar a taça, repetindo gesto realizado no estádio
de Yokohama, no Japão, no último dia 30 de junho. Três dos 23
atletas que foram à Copa não puderam jogar ontem: Lúcio, Roque
Júnior e Juninho, machucados.
Os maiores destaques da seleção brasileira no Mundial -Rivaldo e Ronaldo- sumiram ontem durante o pouco tempo que
estiveram em campo. O primeiro
apenas por 33 minutos, o segundo por toda a etapa inicial.
O único que teve uma atuação
razoável contra os paraguaios foi
o meia-atacante Ronaldinho.
E o único gol do jogo foi marcado aos 28min do primeiro tempo,
por intermédio de Cuevas, que
chutou rasteiro da entrada da
área. A bola bateu na trave direita
de Marcos antes de entrar.
A seleção, que fizera duas mudanças no primeiro tempo, voltou para a segunda etapa com outras sete substituições, e a confusão em campo perdurou.
A limitação física dos jogadores
foi potencializada pelo forte calor
em Fortaleza: o termômetro do
placar eletrônico do estádio marcou entre 30C e 33C durante a
partida. No final do segundo tempo, a torcida foi à loucura quando
Edílson balançou as redes aos
39min -o atacante estava impedido, e o gol foi anulado.
Ao final da partida, Scolari considerou a derrota um bom resultado para os brasileiros.
"É um jogo de festa, não tem
que cobrar. Sempre que se fizer
um jogo de festa dentro do Brasil,
com nossos jogadores, temos que
esperar um trabalho tranquilo, leve, light, sem exigências. Além
disso, cerca de oito jogadores acabaram de começar uma pré-temporada, não estão no melhor de
sua forma. 1 a 0 está bom demais",
resignou-se o técnico, que se dedicará nos próximos meses a projetos pessoais e aguarda convite
para treinar um clube europeu.
Ontem, Ricardo Teixeira reafirmou que o nome do sucessor de
Scolari só será anunciado em janeiro. Para um possível amistoso
em novembro, o time seria comandado por um homenageado.
"Começamos com derrota, terminamos com outra. Mas, no
meio, teve a Copa. Acho que as
duas derrotas serão esquecidas e
que o penta será lembrado", sintetizou assim Scolari sua era, que
durou pouco mais de um ano, à
frente da seleção brasileira.
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