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FUTEBOL
Comissão da FPF se reúne hoje para discutir caso de árbitro que deu reversão nas cobranças de lateral maneta
Juiz pune jogador sem mão por lateral
RODRIGO ROSSI
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
A comissão de arbitragem da
Federação Paulista de Futebol vai
se reunir hoje para avaliar o caso
do juiz Jenhins Barbosa dos Santos, que marcou reversão em todas as cobranças de lateral de um
jogador do Botafogo-SP, durante
uma partida do Campeonato
Paulista sub-15, porque o atleta
não tinha uma das mãos.
O caso ocorreu no último final
de semana, durante o clássico entre os times de Ribeirão Preto
-Botafogo e Comercial-, válido pela abertura do torneio. A situação chocou a família do jogador e toda a comissão técnica do
time, que teve até o treinador Zito
expulso de campo pelo fato.
O lateral-esquerdo Waine Raphael Dantas Araújo, 15, titular do
Botafogo há oito anos, não tem a
mão esquerda devido a uma má
formação congênita durante a
gravidez. Ele cobrou três vezes
um arremesso lateral, até o árbitro intervir. Santos alegou que a
cobrança estava irregular pelo fato de o garoto não ter segurado a
bola com as duas mãos, como
manda a regra.
"Foi uma discriminação. A única coisa que eu quero é continuar
jogando", disse o lateral.
A família do atleta e todo o time
acusaram o árbitro de preconceito. O caso foi parar na polícia.
"Foi uma atitude infeliz e isolada do árbitro e não reflete a atitude de nenhum membro da escola.
Vamos nos reunir para discutir o
fato ocorrido", disse Almir Laguna, que é um dos membros da comissão de arbitragem da FPF.
Laguna afirmou que a reunião
vai tentar encontrar uma solução
para que novos casos não aconteçam. A comissão de arbitragem
descartou punir o árbitro, mas somente após a reunião de hoje um
parecer será dado.
"Queremos apenas saber se a
interpretação do árbitro está correta ou errada", disse o irmão do
garoto, William Dantas Araújo.
Segundo ele, a família não quer
indenização ou alteração do resultado da partida -que terminou empatada, sem gols.
"Só queremos que o caso seja
apurado para que situações constrangedoras não se repitam e meu
irmão possa dar sequência à carreira dele", afirmou.
O secretário de futebol do Botafogo, Rodrigues Galo, disse que o
clube solicitou à comissão que observe o episódio pelo aspecto humano para não prejudicar a ascensão do atleta. "Queremos que
o árbitro explique o motivo que o
levou a ter uma atitude indelicada, pois o trabalho de formação
de um atleta deve partir do clube e
de todos os envolvidos com o futebol", disse o dirigente.
O Botafogo já teve um atleta deficiente na década de 80: o atacante Rinaldo, que não tinha todo o
antebraço direito. O jogador, no
entanto, nunca teve problemas
semelhantes em campo.
Além de recorrer à federação, a
família enviou ofício ao Sindibol
(Sindicato dos Clubes de Futebol
Profissional). "Esse garoto é um
verdadeiro exemplo", afirmou
Laguna, da FPF.
A Folha não conseguiu falar
com o árbitro Jenhins Barbosa
dos Santos ontem. No dia da partida, ele também não se pronunciou sobre o caso.
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