São Paulo, sábado, 22 de agosto de 2009

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por pouco

Sorte evita fiasco no 4 x 100 m

Com tempo pífio, equipe brasileira do revezamento se classifica à final graças à eliminação dos EUA

Com uma prata e um bronze em Mundiais, Brasil corre semifinal em Berlim sem atletas que foram flagrados no escândalo de doping

JOSÉ EDUARDO MARTINS
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Tradicionalmente forte no revezamento 4 x 100 m, a equipe brasileira, desfalcada seriamente após o escândalo de doping sistemático, teve que contar com a sorte para chegar à final do Mundial de Berlim.
Se não fosse a desclassificação dos EUA, Vicente Lenilson, Sandro Viana, Basílio de Moraes Jr. e José Carlos Moreira, o Codó, teriam protagonizado uma eliminação precoce do Mundial, algo que só havia ocorrido em duas edições do Mundial, em 1987 e em 2005.
Nesse tipo de competição, o revezamento 4 x 100 m brasileiro soma duas medalhas: um bronze em Sevilha-1999 e uma prata em Paris-2003.
A atual equipe nacional herdou a oitava e última vaga na decisão com o tempo de 38s72, muito acima do recorde sul-americano, de 37s90.
A final do 4 x 100 m, hoje, às 15h50, marca também o fim da participação de Usain Bolt no Mundial. Maiores adversários da Jamaica, os EUA foram eliminados porque uma das passagens de bastão foi realizada fora da área permitida.
Como a classificação do Brasil surgiu de maneira inesperada, e achando que estavam eliminados, os brasileiros deixaram o estádio desabafando.
"O problema do doping ainda não acabou. Foi tudo muito chato. E sabemos que ainda tem muita coisa para acontecer. O investimento no atletismo deve diminuir, assim como o respeito [para com os atletas]. Talvez as pessoas não acreditem mais na gente", disse Codó.
Com o escândalo, dois atletas do revezamento que foram flagrados pelo uso de EPO (eritropoietina) -Bruno Lins e Jorge Célio- retornaram ao Brasil.
Jayme Netto Jr., técnico que comandou o país na conquista dos principais resultados nessa prova, tomou o mesmo rumo. Ele e o também técnico Inaldo Sena, pivôs do escândalo, foram suspensos por dois anos.
Após o anúncio do caso de doping, a equipe Rede, até então principal investidora do atletismo nacional, demitiu os envolvidos e anunciou a diminuição da verba destinada ao programa de alto rendimento.
Outro ponto negativo da campanha brasileira em Berlim, na opinião dos velocistas, foi o tempo de preparação.
A equipe chegou à Alemanha no início do mês e, logo no dia 4, Jayme deixou o comando nas mãos de Katsuhico Nakaya.
"Chegamos atrasados e tivemos menos tempo para treinar", disse Viana. "Quando há estagnação, é preciso investimento, principalmente em tecnologia e em intercâmbio."
Também desfalcada após o escândalo, a equipe feminina faz sua estreia hoje, às 15h15.
Ontem, dois brasileiros deixaram o Mundial. Na marcha de 50 km, Mario José dos Santos Júnior desistiu. Fabiano Peçanha ficou em 11º na semifinal dos 800 m e foi eliminado.


NA TV - Mundial de atletismo
Sportv 2, a partir das 13h30




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