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São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2003

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DOPING

Presidente da Wada denuncia rombo de 60% e diz que descaso de sócios compromete ofensiva para limpar o esporte

Agência reclama de calote e cobra o Brasil

GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Muitos prometeram ajudar porque a causa era nobre. Poucos, porém, honraram os compromissos. Agora, a Wada (Agência Mundial Antidoping) decidiu agir e vai cobrar os países caloteiros.
O Comitê Executivo se reúne hoje e amanhã em Montréal, no Canadá, para discutir, entre outros, a saúde financeira da entidade. E o Brasil será citado.
"Temos muito desafios na luta contra o doping nos próximos anos, mas o principal deles é fazer os governos, inclusive o brasileiro, pagarem suas contribuições em dia", contou à Folha o presidente da Wada, Richard Pound.
Criada no final de 1999, a Wada teve seu orçamento US$ 25 milhões custeado integralmente pelo Comitê Olímpico Internacional nos dois primeiros anos de vida.
A partir de 2002, porém, a conta começou a ser rachada entre governos de diversos países. Nesta temporada, o Brasil, via Ministério do Esporte, precisa desembolsar US$ 14 mil para a entidade.
"Apenas três países das Américas pagaram sua parte completa das contribuições de 2003 até aqui: Canadá, Cuba e Guatemala. Essa falta de assiduidade prejudica todos os projetos", contou Pound, que só recebeu 40% do montante planejado para o ano.
A principal preocupação do presidente está na viabilização do Código Mundial Antidoping. Aprovado informalmente em março pela maioria das federações internacionais, o código vai unificar os regulamentos e os procedimentos antidoping em todos os esportes e em todo o mundo.
No encontro do comitê executivo, Pound quer promover as derradeiras discussões sobre o tema para que o texto final seja aplicado já nos Jogos de Atenas-2004.
"As pesquisas e o trabalho que tivemos para a elaboração do documento custaram muito. Queremos que ele seja adotado já na Olimpíada. Para isso, não podemos ter desfalques no orçamento", cobrou Pound. O código estabelece uma única lista de substâncias proibidas e não permite qualquer forma de doping genético.
Dick, como o canadense Richard é conhecido, também se preocupa com um futuro mais distante. No momento, quer que a Wada dedique especial atenção às pesquisas. O presidente acha que a indústria do doping pode correr rápido demais e desenvolver tecnologias que tornem seus testes totalmente obsoletos.
"Investir em pesquisa sempre foi uma de nossas principais prioridades. Desde 2001, gastamos mais de US$ 3 milhões nessa área para evitar que nossos controles fiquem defasados", disse Pound.
Segundo ele, os projetos mais recentes estão sendo desenvolvidos em duas direções: a primeira visa flagrar variantes do hormônio de crescimento no antidoping. A segunda, evitar o chamado "sangue substituto" (ocorre quando um atleta retira o próprio sangue e o injeta novamente no corpo no dia da prova, visando melhorar a oxigenação). "Teremos testes que detectarão essas irregularidades muito em breve."



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