São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Olho japonês está no meio do "Furacão" paranaense

Rede de caça-talentos organizada por ex-fazendeiro revelou quatro dos titulares do Atlético-PR, que duela com o Santos pelo topo do Brasileiro

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Têm olhos puxados alguns dos responsáveis pelo sucesso do Atlético-PR no Brasileiro-04.
De um empreendimento para revelar jogadores montado no Norte do Paraná, propriedade de 13 descendentes de japoneses, saiu o fino do time que disputa com o Santos o título nacional.
Nessa turma estão os atletas mais criativos do time-o meia Jadson e o atacante Dagoberto.
Os dois, mais os titulares Fernandinho e Alan Bahia, além de outros 18 jogadores, foram garimpados pelo PSTC (Parana Soccer Technical Center) e jogam hoje pelo Atlético-PR, chamado por sua torcida como "Furacão".
Por trás do empolado nome fantasia em inglês, está um empreendimento que fechou uma já lucrativa parceria com o Atlético-PR. Fundado em 1994 em Londrina, o PSTC já revelou o volante Kléberson, que foi campeão mundial em 2002 e depois vendido para o Manchester United. O negócio rendeu cerca de US$ 5 milhões para o grupo presidido pelo ex-fazendeiro Mário Shigueki Iramina.
O acordo do PSTC com o Atlético-PR é claro. Com uma rede de 150 olheiros espalhados pelo país, o grupo de Londrina descobre jogadores no início da adolescência. O segundo passo é colocar esses atletas nos seus times infantis e juvenil (o clube não tem time de juniores ou profissional).
O Atlético-PR tem exclusividade na escolha dos melhores -os preteridos pelo clube de Curitiba são negociados pela própria empresa, que já emplacou atletas "seus" em diversos lugares do mundo. Quem se destaca no Atlético-PR, como Kléberson, é negociado, com o valor da venda sendo dividido em partes iguais.
Tantos os descendentes de japoneses como os cartolas do Atlético-PR festejam o acordo, que é renovado todo ano.
"A gente revela, eles colocam na vitrine e todos lucram", diz Iramina, que gasta com seu grupo, também formado por médicos e outros profissionais liberais de Londrina, R$ 60 mil mensais com seus clube (o Atlético-PR banca quase metade desse gasto).
"O trabalho deles é muito bem feito, e os dois lados estão ganhando", comemora Mário Celso Petraglia", o homem-forte do campeão nacional de 2001.
Com dois centros de treinamento e empregando descendentes de orientais também como treinadores, Iramina diz que foi difícil para seu grupo entrar no esporte. "Futebol hoje é como política. Todo mundo é mal falado", afirma o empreendedor.
Ele diz que "japonês" também entende de futebol. "Quando era criança, era um dos melhores da colônia. Agora, gosto de participar da avaliação dos atletas", diz o principal dirigente do PSTC.
A "seriedade" oriental dos donos do PSTC é elogiada por Petraglia. "Com eles, você não precisa nem assinar contratos. O que foi combinado verbalmente já vale", diz o cartola, que também é fartamente elogiado por seu sócio.
"Ninguém sabe negociar um jogador tão bem como o Petraglia", afirma Iramina, que antes do Atlético-PR tinha parceria parecida com o Paraná.
O cartola diz que graças ao negócio envolvendo Kléberson seu clube saiu do prejuízo. "Estávamos no vermelho, mas agora estamos no azul e a coisa vai melhorar mais", afirma.
O próximo negócio que vai engordar o caixa dos orientais de Londrina e o Atlético-PR deve ser mesmo Dagoberto. As duas partes não falam em valores, mas ambos não cogitam vender o atacante por menos de US$ 10 milhões.
E a fábrica de craques dos descendentes de japoneses do Norte do Paraná tem outra geração no forno. A aposta maior está no atacante Ricardinho, que marcou três gols pela seleção brasileira na primeira fase do Sul-Americano sub-16 que está sendo disputado no Paraguai e também já está no Atlético-PR. "Ele é um craque", promete Iramina.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: "Ciência" diz que time atual bate o campeão de 01
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.