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Olho japonês está no meio do "Furacão" paranaense
Rede de caça-talentos organizada por ex-fazendeiro revelou quatro dos titulares do Atlético-PR, que duela com o Santos pelo topo do Brasileiro
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Têm olhos puxados alguns dos
responsáveis pelo sucesso do
Atlético-PR no Brasileiro-04.
De um empreendimento para
revelar jogadores montado no
Norte do Paraná, propriedade de
13 descendentes de japoneses,
saiu o fino do time que disputa
com o Santos o título nacional.
Nessa turma estão os atletas
mais criativos do time-o meia
Jadson e o atacante Dagoberto.
Os dois, mais os titulares Fernandinho e Alan Bahia, além de
outros 18 jogadores, foram garimpados pelo PSTC (Parana Soccer
Technical Center) e jogam hoje
pelo Atlético-PR, chamado por
sua torcida como "Furacão".
Por trás do empolado nome
fantasia em inglês, está um empreendimento que fechou uma já
lucrativa parceria com o Atlético-PR. Fundado em 1994 em Londrina, o PSTC já revelou o volante
Kléberson, que foi campeão mundial em 2002 e depois vendido para o Manchester United. O negócio rendeu cerca de US$ 5 milhões
para o grupo presidido pelo ex-fazendeiro Mário Shigueki Iramina.
O acordo do PSTC com o Atlético-PR é claro. Com uma rede de
150 olheiros espalhados pelo país,
o grupo de Londrina descobre jogadores no início da adolescência.
O segundo passo é colocar esses
atletas nos seus times infantis e juvenil (o clube não tem time de juniores ou profissional).
O Atlético-PR tem exclusividade na escolha dos melhores -os
preteridos pelo clube de Curitiba
são negociados pela própria empresa, que já emplacou atletas
"seus" em diversos lugares do
mundo. Quem se destaca no Atlético-PR, como Kléberson, é negociado, com o valor da venda sendo dividido em partes iguais.
Tantos os descendentes de japoneses como os cartolas do Atlético-PR festejam o acordo, que é renovado todo ano.
"A gente revela, eles colocam na
vitrine e todos lucram", diz Iramina, que gasta com seu grupo, também formado por médicos e outros profissionais liberais de Londrina, R$ 60 mil mensais com
seus clube (o Atlético-PR banca
quase metade desse gasto).
"O trabalho deles é muito bem
feito, e os dois lados estão ganhando", comemora Mário Celso
Petraglia", o homem-forte do
campeão nacional de 2001.
Com dois centros de treinamento e empregando descendentes de orientais também como
treinadores, Iramina diz que foi
difícil para seu grupo entrar no esporte. "Futebol hoje é como política. Todo mundo é mal falado",
afirma o empreendedor.
Ele diz que "japonês" também
entende de futebol. "Quando era
criança, era um dos melhores da
colônia. Agora, gosto de participar da avaliação dos atletas", diz o
principal dirigente do PSTC.
A "seriedade" oriental dos donos do PSTC é elogiada por Petraglia. "Com eles, você não precisa
nem assinar contratos. O que foi
combinado verbalmente já vale",
diz o cartola, que também é fartamente elogiado por seu sócio.
"Ninguém sabe negociar um jogador tão bem como o Petraglia",
afirma Iramina, que antes do
Atlético-PR tinha parceria parecida com o Paraná.
O cartola diz que graças ao negócio envolvendo Kléberson seu
clube saiu do prejuízo. "Estávamos no vermelho, mas agora estamos no azul e a coisa vai melhorar
mais", afirma.
O próximo negócio que vai engordar o caixa dos orientais de
Londrina e o Atlético-PR deve ser
mesmo Dagoberto. As duas partes não falam em valores, mas ambos não cogitam vender o atacante por menos de US$ 10 milhões.
E a fábrica de craques dos descendentes de japoneses do Norte
do Paraná tem outra geração no
forno. A aposta maior está no atacante Ricardinho, que marcou
três gols pela seleção brasileira na
primeira fase do Sul-Americano
sub-16 que está sendo disputado
no Paraguai e também já está no
Atlético-PR. "Ele é um craque",
promete Iramina.
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