São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

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FUTEBOL

Depois de chamar a lei que leva seu nome de "capenga", ex-ministro ataca o primeiro código sancionado por Lula

Pelé afirma que Lei do Torcedor é utopia

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Depois de chamar a lei que leva seu nome de "capenga", de tachar os jogadores que têm empresários de "burros" e de dizer que o maior problema do futebol nacional são os dirigentes desonestos, Pelé resolveu atacar o Estatuto do Torcedor, primeira lei sancionada por Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista realizada para divulgar o lançamento do DVD "Pelé Eterno", o ex-atleta respondeu assim quando questionado sobre a lei que começou a ser elaborada ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, do qual foi ministro extraordinário dos Esportes (1995-1998): "Eu acho uma utopia e tudo tem que ter um tempo de adaptação".
O Estatuto do Torcedor foi sancionado em 15 de maio de 2003 sob dúvidas até do presidente da República. "É importante ter em conta que no Brasil há lei que pega e lei que não pega. Para pegar, é preciso que as pessoas responsáveis comecem a falar dela, para que o povo seja respeitado."
O código gerou grita dos clubes, que ainda não cumprem totalmente o que exige o código. Itens como divulgação de público nos estádios, fim dos convites nos torneios, proibição da mudança de horário e datas de jogos e veto à alteração de regulamentos têm sido cumpridos com regularidade.
Mas ainda não são todas as agremiações que divulgam borderôs em seus sites, e o respeito à numeração dos lugares nos estádios e monitoramento via câmera não saíram do papel. "Determinados dispositivos são inexeqüíveis porque a lei demanda um investimento que os clubes não têm como realizar", disse o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff.
Na mesma entrevista, Pelé voltou a mostrar desconhecimento sobre outra lei promulgada na gestão Lula, a da Moralização do Esporte. "Qual o problema de um clube prestar contas no final do ano?", indagou o jogador.
Desde 2003, as agremiações são obrigadas a publicar suas contas em jornais de grande circulação. Na entrevista que concedeu na semana passada para anunciar parceria com uma empresa de grama sintética, em São Paulo, ele afirmou que os clubes estão em crise financeira porque não há controle público dos gastos.
Pelé insinuou ainda que houve corrupção nas parcerias firmadas entre Corinthians/HMTF, Flamengo/ISL e Vasco/Nations Bank, com as quais o Atleta do Século lucrou como empresário. O vascaíno Eurico Miranda interpelou Pelé judicialmente para que ele explicasse a afirmação.


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