São Paulo, sábado, 22 de setembro de 2007

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acabou

Após 14 anos, era Dualib chega ao fim

Presidente que comandava o clube desde 1993 renuncia

Corinthians elegerá novo dirigente em 9 de outubro

Fernando Pilatos/Gazeta Press
Carlos Senger, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, e a carta de renúncia de Dualib


EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de 14 anos, a era Alberto Dualib, 87, chegou ao fim no Corinthians. Anteontem à noite, ele e o vice Nesi Curi, 82, entregaram cartas de renúncia ao presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Senger.
A dupla havia decidido a saída em reunião com o advogado José Luiz Toloza horas antes.
Com a renúncia, Senger marcou eleições para presidente em 9 de outubro. O vencedor cumprirá o restante do mandato de Dualib, que se encerra em fevereiro de 2009. O pleito definirá também a escolha de um vice-presidente eleito.
"O Corinthians é uma agremiação pujante que se formou em São Paulo e não merece sofrer tal depreciação e ser alvo de chacotas", comentou Senger, antes de pedir ao seu secretário para ler as cartas de renúncia de Dualib e Nesi.
Até 9 de outubro, o cargo de presidente continua sendo ocupado por Clodomil Orsi, que é vice eleito, assim como Wilson Bento. Após a escolha do novo mandatário corintiano, Orsi e Bento cumprirão seus mandatos como vices até fevereiro de 2009.
Desde 1993 no cargo, a gestão Dualib foi marcada por títulos e muitos escândalos. Foram os últimos, aliás, que culminaram no pedido de renúncia do cartola, que estava afastado pelo conselho.
Comissão do clube já havia determinado que os dois dirigentes seriam submetidos a processo de impeachment no clube. Listou seis razões para a destituição de ambos: má gestão, suspeita de enriquecimento ilícito, processo na Justiça Federal, sonegação fiscal, liberação de atletas sem contrapartida ao clube e fraude na demissão de funcionários.
Como resultado da turbulenta parceria com a MSI, do iraniano Kia Joorabchian, Dualib e Nesi acabaram réus em processo na Justiça Federal por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha após investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal sobre o acordo com a empresa.
A situação dos cartolas se complicou após a Folha revelar, em 9 de setembro, os grampos da operação da PF.
A dupla também está sendo investigada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de SP devido a um esquema de emissão de notas frias no Corinthians que os teria beneficiado.
Em sua carta de renúncia, Dualib disse estar "atormentado por um sentimento de injustiça que me persegue" e afirmou que, no Brasil, "inocente é culpado até que se prove o contrário". "Sou um vitorioso derrotado", afirmou o cartola, ressaltando que a renúncia foi um pedido de seus familiares. Há tempos vinha sendo pressionado por eles para abandonar o clube do Parque São Jorge.
A carta de Nesi foi mais curta. Ele afirmou que renunciou em solidariedade a Dualib. Ontem, à Folha, Nesi afirmou que Dualib não soube a hora certa de deixar o cargo.
"Tenho a consciência tranqüila, dei muito de mim ao Corinthians. Se pudesse voltar atrás, teria feito tanta coisa de outra maneira. Teria impedido que gente estranha ao Corinthians nos tivesse levado a esta situação constrangedora. Teria ouvido mais meus amigos", declarou Nesi, que recebeu vários telefonemas de conselheiros e de parentes após o anúncio de sua saída do clube alvinegro.
Dualib, segundo pessoas próximas a ele, viajou para seu sítio em Itapecerica da Serra (a 33 km da capital). O cartola deve descansar lá até segunda.


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