São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2008

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br

Só marcação não basta

NENHUM TIME do Brasil marca tanto quanto o São Paulo. E foi essa, mais uma vez, a lição do jogo contra o Sport. Muricy se preocupou com a defesa desde a escalação. Se o setor mais forte do time pernambucano era o direito, com Carlinhos Bala na ala, Jorge Wagner tratou de anulá-lo, muitas vezes com a cobertura de Hugo. Resultado: Muricy perdeu tanto Hugo quanto Jorge Wagner para a criação.
E Zé Luis? Se foi o melhor em campo contra o Flamengo, na ala direita, por que escalá-lo no meio? Por causa da marcação. Zé Luis é o carrapato do elenco são-paulino e fez Nelsinho substituir o armador Kássio no intervalo, tão sumido ficou o armador com o volante no seu encalço.
Mas, para sonhar com o título ou com a Libertadores, o São Paulo precisa atacar. Já deu o tempo de só marcar.
Eis a diferença entre os times de 2008 e 2007. Em jogos fora de casa, contra Vasco, Grêmio, Cruzeiro e Palmeiras, a equipe do bi marcava muito e, quando contra-atacava, matava o jogo. Este São Paulo marca muito. E só.
Até Hugo voltou para a intermediária para ajudar na cobertura. Acompanhado por Andrade, tentou usar o corredor às costas de Bala, mas isso funcionou só nos 15 minutos finais da primeira etapa, quando chutou uma na trave.
Muricy melhorou o time na segunda etapa. Se Jorge Wagner não podia sair para o jogo, preso que estava pela marcação a Bala, era Joílson quem precisava jogar. Ele e Dagoberto apareceram mais no segundo tempo. Dagoberto saía da área, tirava dali o zagueiro César, que o marcou desde o primeiro minuto. Mas ainda faltava alguém no meio.
A pressão em busca do gol e do sonho do tri seguiu com escanteios cobrados por Jorge Wagner. Aquela mesma jogada mortal, que resultou no gol de Miranda na partida do título de 2007, contra o América-RN. O mesmo tipo de cobrança que partiu do pé direito de Souza, para Fabão conferir, na partida que valeu a taça, contra o Atlético-PR, em 2006. Só que dos 41 gols marcados neste Brasileiro, só 7 saíram de bola parada (17%).
Todos os candidatos ao título (e à Libertadores) anotaram mais do que o time de Muricy de bola parada. Este São Paulo é mesmo diferente. Este não será campeão.

A MARCA DE FELIPÃO
O Chelsea de Luiz Felipe marcou seu décimo gol no Campeonato Inglês. O quinto que nasceu de bola parada. O cruzamento da intermediária apanhou Kalou no meio da área. Vacilou a defesa do Manchester. Se o Chelsea marca 50% de seus gols em bolas paradas, o Manchester leva 50% assim.

O QUE FALTA AO TIMÃO
O Corinthians pensa em Brandão, que só virá se o Shakhtar não se classificar na Copa dos Campeões. Para o retorno à Série A, Morais, Douglas, Dentinho, Fabinho, Chicão, William. Isso dá. Emergência mesmo é contratar um centroavante que faça gols e tenha mais capacidade de pivô que Herrera.

OS VOLANTES DO PALMEIRAS
Na função de terceiro zagueiro, Martinez não precisa da velocidade que lhe falta em alguns jogos, como segundo volante. Há momentos em que fica sem função. Marcando Edmundo, por exemplo, quando o atacante saía da área para jogar no meio, Martinez passava muito tempo numa posição em que havia pouco a fazer. Mas, posicionado como zagueiro, ele se achou. Desarma mais, protege mais e até quando vai ao ataque, chega como elemento-surpresa, o que torna seu apoio mais perigoso.


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