São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JOSÉ GERALDO COUTO

Times tristes


O Grêmio e o São Paulo jogaram sem inspiração, mas sobrou entusiasmo ao Cruzeiro e ao Goiás

O CAMPEÃO brasileiro e o campeão da Copa do Brasil fizeram ontem, na Ilha do Retiro, em Recife, um dos piores jogos da temporada.
O resultado desse festival de botinadas, chutões e passes errados só poderia mesmo ser um broxante zero a zero. Os mais de 30 mil torcedores que foram ao estádio viram uma absoluta falta de inspiração de parte a parte, bastante condizente aliás com o péssimo estado do gramado.
Para o Sport, tirando a frustração da torcida, até que tudo bem. O time já está na Libertadores da América e não tem aspirações ao título. Já para o São Paulo essa inapetência pela vitória é preocupante.
Ainda acho que o time tricolor tem grande chance de se classificar à Libertadores e mesmo de conquistar o título. É sólido e "encardido" (no sentido que damos à palavra no futebol, de difícil de ser vencido).
Mas não encanta nem empolga. A impressão que me ficou, vendo o jogo de ontem, é a de que o São Paulo é hoje um time triste. A crispação de Muricy, que já disse que recebe as vitórias com alívio e não com alegria, parece ter contagiado os jogadores.
Estes parecem jogar apenas por dever, nunca por prazer. Há um certo enfado pairando sobre o time são-paulino, como se o fato de ter conquistado tudo nos últimos anos tirasse a graça de jogar com a camisa tricolor. Se o time perde, é vaiado e cobrado pela própria torcida. Se vence, não faz mais do que a obrigação.
O Grêmio também fez uma partida fraca e amarrada em Curitiba, ontem. É outro time triste, espelhando em campo o semblante fechado de seu treinador, Celso Roth, um homem tão avaro em sorrisos quanto seu colega Muricy.
O entusiasmo do domingo parece ter ficado restrito ao Cruzeiro, do goleador Guilherme, que venceu o Figueirense num vira-revira espetacular, em Florianópolis, depois de ter perdido em casa na semana passada para o Palmeiras.
O Palmeiras e o Flamengo fizeram o dever de casa, vencendo adversários fracos. Vitórias importantes: o alviverde encosta no Grêmio, e o Mengo volta ao G4. O Palmeiras tem time para buscar o título.

Descontração alvinegra
Agora que o Corinthians praticamente já selou, se não o título da Série B, pelo menos o seu retorno à elite, Mano Menezes parece disposto a torná-lo um time mais solto e ofensivo. Tomara que dê certo e que a volta do alvinegro sirva para chacoalhar a Série A, não apenas no quesito torcida (o que já é garantido) mas também no futebol jogado em campo. Chega de burocracia e falta de imaginação.

Força goiana
Se a empolgação do domingo se restringiu à chuva de gols em Florianópolis, no sábado o espetáculo foi no Serra Dourada, onde o Goiás atropelou o Santos sem dó. Aos 14 minutos já estava 3 a 0.
A campanha mais eletrizante no segundo turno é a do Goiás, que, em sete jogos, ganhou cinco, inclusive do líder Grêmio no Olímpico. Nesse embalo, o time goiano, repleto de veteranos em forma (Harlei, Paulo Baier, Iarley), pode sonhar com uma vaga na Libertadores do ano que vem.

jgcouto@uol.com.br


Texto Anterior: Prancheta do PVC
Próximo Texto: Brasil perde e segue na 2ª divisão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.