São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2008

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Cartolas passam atletas à União

Equipes olímpicas permanentes das confederações são reduzidas, enquanto bolsa-atleta se expande

Prioridade do COB, seleções fixas caem 20% em número de atletas em 2007, ano do Pan-Americano do Rio, e voltam a índices de 2004


RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Tidas como um dos pilares do desenvolvimento do esporte pelo COB, as equipes permanentes olímpicas sofreram redução nos últimos dois anos, justamente quando ocorreram o Pan, a preparação olímpica e os Jogos de Pequim.
Mas cresceu o número de atletas atendidos pelo Bolsa-Atleta, programa do governo de auxílio financeiro a esportistas.
Em resumo, boa parte dos atletas que eram remunerados por confederações olímpicas, em projetos aprovados pelo comitê, passaram a receber diretamente do governo federal.
Assim, caiu o número de esportistas ajudados pela Lei Piva, que repassa dinheiro do governo ao COB, ou por patrocinadores estatais, ligados às confederações. No mesmo período, cresceu a fatia desses recursos gastos com a burocracia do comitê -chegaram a R$ 23 milhões em 2007, crescimento de quase 100% em quatro anos.
Também em 2007 houve a queda mais significativa do total de competidores atendidos nas equipes permanentes. A redução foi de 19,7% -de 668 esportistas para 537.
Caiu de 340 para 320 o número de atletas que recebiam pela Lei Piva. Entre os atletas agraciados com dinheiro de patrocinadores, a queda foi brusca: 180 para 80.
O restante dos integrantes dos times é composto pelos que não recebem auxílio.
Foi o segundo ano seguido com redução das equipes permanentes das confederações, que já haviam caído em 2006, após atingirem o auge de 710 integrantes em 2005.
As quedas coincidem com a criação e a expansão do Bolsa-Atleta, programa do governo federal de auxílio direto aos competidores, que começou em meados de 2005. Os auxílios só se intensificaram no final daquele ano, com uma segunda lista de contemplados.
Em agosto de 2006, 273 esportistas ligados às confederações ganharam auxílio. As listas de 2007, de outubro e dezembro, incluíram 695 desses atletas. O crescimento foi de 155%.
Com essa expansão e a retração dos auxílios das confederações, as equipes olímpicas voltaram aos patamares similares aos de 2004. Naquele ano, o número de atletas era 502. Desses, 320 eram ajudados pela Lei Piva, mesmo número de 2007.
"Quando alguns deles passaram a receber pelo Bolsa-Atleta, pudemos ajudar outros", admitiu o presidente da Confederação Brasileira de Boxe, Luiz Cláudio Boselli, cuja equipe foi uma das poucas que não sofreram redução e tem 22 atletas.
"A confederação não se mete na bolsa-atleta, que é feita em relação direta do atleta com o ministério", contou o presidente da Confederação de Judô, Paulo Wanderley, que pagou salário aos 28 atletas da seleção em 2007, em programa que terá de ser renovado.
A equipe de atletismo sofreu queda drástica. Eram 105 esportistas em 2006, número que caiu para 35 em 2007. Parte do auxílio é feito pela Caixa Econômica Federal. No ano passado, o Bolsa-Atleta incluiu 291 praticantes do atletismo nos níveis nacional, internacional ou olímpico. Em 2006, eram cerca de 1/4 desse número.
Cada vez mais a manutenção de atletas passa, de fato, às mãos do governo federal.


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