DA SUCURSAL DO RIO

Se a confusão no Fluminense surpreendeu e chocou muitas pessoas, ela não representou nada para José Paulo Ribeiro, que era todo tranquilidade nas Laranjeiras. "Dentro do futebol, já vi e vivi tudo. Nos anos 70, no Botafogo, por exemplo, todo o time pulou o alambrado e espancou os torcedores que estavam protestando."
Conhecido como Merica, desde 1977 ele é o "lavador de carros oficial dos boleiros do Rio" (como gosta de ser chamado) e vivenciou como poucos a glória e o caos do futebol carioca. Tanto que arrisca uma análise para o que ocorreu ontem. "Os atletas não são mais unidos. Quando o treino acabava, todos passeavam juntos, o que não acontece mais. A religião também atrapalhou. Ficaram muito bonzinhos", conta ele, que hoje dá ""plantão" no Fluminense e diz que o futebol carioca está "muito ruim".
"Todos estão terríveis. Os culpados são os dirigentes, principalmente o Eurico Miranda [presidente do Vasco] e o Caixa D"Água [Eduardo Viana, da federação]", declarou enquanto limpava o carro de Romário, uma versão para as ruas de jipe usado pelo Exército dos EUA na Guerra do Golfo.
Ex-funcionário de um posto de gasolina, Merica conta que sempre quis viver no mundo do futebol. "Como não pude seguir carreira, comecei lavando o carro do Gil [atacante da seleção na Copa-78] no Botafogo e não parei mais", disse ele, que esconde a idade e o salário.
"Já trabalhei no Vasco, no Flamengo, no Botafogo, no América. Lavava os carros do Zico e dos outros do Fla e, depois, ia até Campo Grande [zona oeste] cuidar dos carros do Luizinho Lemos e do Edu Coimbra", lembra ele, que tem como melhor patrão o técnico do Flu, Renato Gaúcho.
"Ele me ajudou a construir a minha casa. No meu serviço, além de lavar os carros, vou a supermercado, ajudo a organizar churrasco, faço tudo." (SR)


Texto Anterior: Atacante terá que depor na semana que vem
Próximo Texto: O que ver na TV
Índice