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TÊNIS
Campeão, talentoso, genial, mas...
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Este país sempre foi o do futebol. E, mesmo assim, de um
tempo para cá, tem sempre uma
turma dizendo que o nosso futebol "não é mais o mesmo", que
não existe mais "aquele futebol-arte", o tal "futebol brasileiro".
Até Pelé, unanimidade dos gramado, luta para, fora de campo,
comprovada a sua genialidade,
dissociar seu nome de negócios
não tão bem explicados. Garrincha? Genial, mas um bêbado, segundo a história que ficou.
Sem contar os outros poucos
ídolos que o país deu ao mundo
como referência em suas modalidades e cultivou, até a hora de
deixar aquele "porém". Ayrton
Senna tinha falhas, de caráter e
por não ser tão bom como Nelson
Piquet, há quem defenda.
Rodrigo Pessoa? É bom, mas
não é brasileiro, é praticamente
um cavaleiro belga, não é? E Robert Scheidt? Ele só ganha porque
compete em uma classe que todos
os outros bons velejadores desprezam, soltam por aí.
Gustavo Kuerten nasceu em
1997, quando ganhou o primeiro
dos seus três títulos de Roland
Garros. Em 2000, atingiu o pico,
fechando o ano como o melhor do
mundo. Campeão, comprovadamente talentoso, reconhecidamente um dos melhores de seu
tempo, Kuerten seria, em qualquer campanha eleitoral, aquele
político com rejeição zero.
Em Kuerten, garotão-família,
sorriso simpático, fama de bom
caráter, apelido legal, nem o sobrenome europeu lhe tirou a cara
brasileira. Nem o esporte, elitizado e desconhecido, atrapalhou.
Nem o fato de morar longe do eixo Rio-São Paulo o afastou dos
holofotes. Guga vendeu chinelo,
carro, agora vende refrigerante,
telefone celular; com ele, até os
bancos parecem maravilhosos.
Vez ou outra, porém, quando é
derrotado ou passa por fases
ruins, chegam e-mails a esta coluna dizendo cobras e lagartos do
nosso melhor tenista. Geralmente, coisas do gênero "parece que
ele não quer mais nada com nada", "ele parece desinteressado",
"não é mais aquele lutador de antes". Reações emocionais, penso.
Há poucos dias, porém, vi pela
TV a derrota de uma dupla de
atletas brasileiras que, elas também, são referência internacional. Adriana Behar e Shelda haviam acabado de perder uma etapa do Mundial de vôlei de praia.
Depois de cinco vezes campeãs
mundiais, a primeira no mesmo
ano em que Kuerten despontou,
elas vivem uma fase não tão vitoriosa. Após o quinto título, em
2001, terminaram em segundo no
ano passado e, agora, "amargaram" o terceiro lugar.
Diante da "decadência" da dupla, um repórter perguntou se
elas, como Kuerten, também estão satisfeitas com o que fizeram
até hoje, se querem se divertir, se
voltar a ser a melhor dupla do
mundo não é mais objetivo.
A resposta, impensada e sincera, foi mais ou menos a seguinte:
"Não temos nada a ver com Guga. Queremos é ganhar; vamos
trabalhar para voltar ao topo.
Nós não vamos desistir; o objetivo
é voltar a ganhar o título".
Será que esse "porém" é que ficará para Kuerten?
Campeão, talentoso, mas um
tenista que desistiu fácil?
Um bom programa
Gustavo Kuerten, Flávio Saretta, Fernando Gonzalez, Gastón Gaudio, Mariano Zabaleta e Nicolas Lapentti disputam um torneio de exibição em São Paulo de 5 a 8 de novembro.
Uma boa notícia
Já tem data a primeira edição da Copa Fino, estréia de Fernando Meligeni com as categorias de base. Será de 1º a 6 de dezembro, em São Paulo. Informações por e-mail (copafino@uol.com.br).
Uma boa opção
Quem está em Belo Horizonte pode ver a sétima etapa do Grand Slam infanto-juvenil da CBT. O evento teve um recorde de 379 inscritos. As disputas vão até domingo, no Pampulha Iate Clube.
E-mail reandaku@uol.com.br
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