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São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2003

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TÊNIS

Campeão, talentoso, genial, mas...

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Este país sempre foi o do futebol. E, mesmo assim, de um tempo para cá, tem sempre uma turma dizendo que o nosso futebol "não é mais o mesmo", que não existe mais "aquele futebol-arte", o tal "futebol brasileiro".
Até Pelé, unanimidade dos gramado, luta para, fora de campo, comprovada a sua genialidade, dissociar seu nome de negócios não tão bem explicados. Garrincha? Genial, mas um bêbado, segundo a história que ficou.
Sem contar os outros poucos ídolos que o país deu ao mundo como referência em suas modalidades e cultivou, até a hora de deixar aquele "porém". Ayrton Senna tinha falhas, de caráter e por não ser tão bom como Nelson Piquet, há quem defenda.
Rodrigo Pessoa? É bom, mas não é brasileiro, é praticamente um cavaleiro belga, não é? E Robert Scheidt? Ele só ganha porque compete em uma classe que todos os outros bons velejadores desprezam, soltam por aí.
Gustavo Kuerten nasceu em 1997, quando ganhou o primeiro dos seus três títulos de Roland Garros. Em 2000, atingiu o pico, fechando o ano como o melhor do mundo. Campeão, comprovadamente talentoso, reconhecidamente um dos melhores de seu tempo, Kuerten seria, em qualquer campanha eleitoral, aquele político com rejeição zero.
Em Kuerten, garotão-família, sorriso simpático, fama de bom caráter, apelido legal, nem o sobrenome europeu lhe tirou a cara brasileira. Nem o esporte, elitizado e desconhecido, atrapalhou. Nem o fato de morar longe do eixo Rio-São Paulo o afastou dos holofotes. Guga vendeu chinelo, carro, agora vende refrigerante, telefone celular; com ele, até os bancos parecem maravilhosos.
Vez ou outra, porém, quando é derrotado ou passa por fases ruins, chegam e-mails a esta coluna dizendo cobras e lagartos do nosso melhor tenista. Geralmente, coisas do gênero "parece que ele não quer mais nada com nada", "ele parece desinteressado", "não é mais aquele lutador de antes". Reações emocionais, penso.
Há poucos dias, porém, vi pela TV a derrota de uma dupla de atletas brasileiras que, elas também, são referência internacional. Adriana Behar e Shelda haviam acabado de perder uma etapa do Mundial de vôlei de praia.
Depois de cinco vezes campeãs mundiais, a primeira no mesmo ano em que Kuerten despontou, elas vivem uma fase não tão vitoriosa. Após o quinto título, em 2001, terminaram em segundo no ano passado e, agora, "amargaram" o terceiro lugar.
Diante da "decadência" da dupla, um repórter perguntou se elas, como Kuerten, também estão satisfeitas com o que fizeram até hoje, se querem se divertir, se voltar a ser a melhor dupla do mundo não é mais objetivo.
A resposta, impensada e sincera, foi mais ou menos a seguinte: "Não temos nada a ver com Guga. Queremos é ganhar; vamos trabalhar para voltar ao topo. Nós não vamos desistir; o objetivo é voltar a ganhar o título".
Será que esse "porém" é que ficará para Kuerten?
Campeão, talentoso, mas um tenista que desistiu fácil?

Um bom programa
Gustavo Kuerten, Flávio Saretta, Fernando Gonzalez, Gastón Gaudio, Mariano Zabaleta e Nicolas Lapentti disputam um torneio de exibição em São Paulo de 5 a 8 de novembro.

Uma boa notícia
Já tem data a primeira edição da Copa Fino, estréia de Fernando Meligeni com as categorias de base. Será de 1º a 6 de dezembro, em São Paulo. Informações por e-mail (copafino@uol.com.br).

Uma boa opção
Quem está em Belo Horizonte pode ver a sétima etapa do Grand Slam infanto-juvenil da CBT. O evento teve um recorde de 379 inscritos. As disputas vão até domingo, no Pampulha Iate Clube.

E-mail reandaku@uol.com.br


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