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São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2003

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FUTEBOL

Ex-jogadores e treinadores

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Sábado, José Geraldo Couto deu o pontapé inicial para uma interessante discussão e reflexão: "Por que, pelo menos no Brasil, é mais fácil encontrar, entre os bons técnicos, ex-jogadores medianos (ou medíocres) do que ex-craques?".
Para o José Geraldo, o ex-craque teria mais dificuldade de se conformar com as condições técnicas limitadas de seus comandados. Ex-jogadores medianos, como Luxemburgo e Scolari, teriam mais facilidade para entender as deficiências alheias, pois conviveram longamente com as próprias.
Tenho também a minha explicação, que não anula, nem vai contra, a do companheiro. O ex-craque, por vários motivos, se prepara menos para a nova atividade e não suporta as dificuldades e os fracassos. Ele não dá continuidade à carreira.
O ex-craque, mesmo no início da nova função, não aceita trabalhar numa pequena equipe ou nas categorias de base nem ser auxiliar de um experiente treinador. Os ex-jogadores medianos, como Luxemburgo e Scolari, passaram por um desses estágios e aprenderam com os erros e dificuldades antes de se destacarem.
O ex-craque recebe logo um convite para comandar uma grande equipe. Falcão foi técnico da seleção no início da sua curta carreira. Se o ex-craque não se sai bem, desiste, pelo menos por um certo tempo, porque não quer perder prestígio.
Segundo os noticiários, Júnior disse no vestiário após a derrota para o São Caetano que não jogaria fora os seus 30 anos de futebol. Isso é sintomático.
O ex-craque geralmente possui boa condição financeira e também recebe mais convites para ser comentarista ou atividades afins. Tudo isso contribui para ele se dedicar menos à carreira de técnico.
O ex-craque deseja ser treinador nas condições ideais. Ele quer mais tempo para mostrar a sua eficiência e trabalhar num clube com ótima estrutura profissional e excelentes jogadores. Isso é raro no atual futebol brasileiro.
Mesmo os ex-craques do exterior que tiveram passagens brilhantes na função de técnico, como Beckenbauer e Cruyff, mudaram de cargo. É mais tranquilo.
O ex-craque Leão começou numa equipe de menos prestígio nacional e demorou para ser reconhecido como um excelente treinador. Porém a maioria dos ex-craques tem carreira curta de treinador. Por isso não se pode afirmar que fracassaram ou tiveram sucesso.
De uma coisa, tenho certeza: o ex-jogador, craque ou não, precisa ter outras qualidades e conhecimentos para se tornar um ótimo treinador, gerente ou diretor técnico. Repito, não basta ter sido craque.

Tropeço esperado
Edu Dracena não planejou fraturar o nariz do Alex Alves, porém foi violento e merecia ter sido expulso e suspenso. Não sei se cinco jogos foi a pena correta.
Era esperado um tropeço do Cruzeiro, que aconteceria contra qualquer adversário. Luxemburgo pisou na bola contra o Juventude. Na metade do segundo tempo, o time perdia por 2 a 1, não jogava bem, mas mostrava o futebol organizado de sempre. Aí o técnico escalou vários atacantes e virou uma bagunça. Foi a primeira vez que vi isso acontecer no campeonato.

Motivação
O principal motivador da boa vitória do Corinthians sobre a Ponte Preta não foi o Juninho, e sim o Júnior. O ex-técnico disse que cometeu um erro de avaliação sobre a qualidade do elenco. Os jogadores sentiram-se diminuídos e mostraram, nessa partida, que não são tão limitados. Porém o Corinthians precisa reforçar a equipe. Clube de grande prestígio não consegue formar um excelente time com muitos jogadores medianos.

Bom negócio
Enfim, o Flamengo fez um bom negócio: por um salário muito menor, ficou com um técnico com a mesma cara do anterior, em todos os sentidos. E os dois ainda trocam idéias em casa sobre o time.

Bate-bola
O programa "Bate Bola" da ESPN Brasil, comandado pela competente Soninha, completou um ano. É o melhor e mais completo programa diário de esportes da televisão. Reúne muitas informações, bons comentários, interessantes discussões com convidados, seriedade profissional e uma inteligente descontração.

E-mail
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