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FUTEBOL
Ex-jogadores e treinadores
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Sábado, José Geraldo Couto
deu o pontapé inicial para
uma interessante discussão e reflexão: "Por que, pelo menos no
Brasil, é mais fácil encontrar, entre os bons técnicos, ex-jogadores
medianos (ou medíocres) do que
ex-craques?".
Para o José Geraldo, o ex-craque teria mais dificuldade de se
conformar com as condições técnicas limitadas de seus comandados. Ex-jogadores medianos, como Luxemburgo e Scolari, teriam
mais facilidade para entender as
deficiências alheias, pois conviveram longamente com as próprias.
Tenho também a minha explicação, que não anula, nem vai
contra, a do companheiro. O ex-craque, por vários motivos, se prepara menos para a nova atividade e não suporta as dificuldades e
os fracassos. Ele não dá continuidade à carreira.
O ex-craque, mesmo no início
da nova função, não aceita trabalhar numa pequena equipe ou
nas categorias de base nem ser
auxiliar de um experiente treinador. Os ex-jogadores medianos,
como Luxemburgo e Scolari, passaram por um desses estágios e
aprenderam com os erros e dificuldades antes de se destacarem.
O ex-craque recebe logo um
convite para comandar uma
grande equipe. Falcão foi técnico
da seleção no início da sua curta
carreira. Se o ex-craque não se sai
bem, desiste, pelo menos por um
certo tempo, porque não quer perder prestígio.
Segundo os noticiários, Júnior
disse no vestiário após a derrota
para o São Caetano que não jogaria fora os seus 30 anos de futebol.
Isso é sintomático.
O ex-craque geralmente possui
boa condição financeira e também recebe mais convites para ser
comentarista ou atividades afins.
Tudo isso contribui para ele se dedicar menos à carreira de técnico.
O ex-craque deseja ser treinador nas condições ideais. Ele quer
mais tempo para mostrar a sua
eficiência e trabalhar num clube
com ótima estrutura profissional
e excelentes jogadores. Isso é raro
no atual futebol brasileiro.
Mesmo os ex-craques do exterior que tiveram passagens brilhantes na função de técnico, como Beckenbauer e Cruyff, mudaram de cargo. É mais tranquilo.
O ex-craque Leão começou numa equipe de menos prestígio nacional e demorou para ser reconhecido como um excelente treinador. Porém a maioria dos ex-craques tem carreira curta de
treinador. Por isso não se pode
afirmar que fracassaram ou tiveram sucesso.
De uma coisa, tenho certeza: o
ex-jogador, craque ou não, precisa ter outras qualidades e conhecimentos para se tornar um ótimo
treinador, gerente ou diretor técnico. Repito, não basta ter sido
craque.
Tropeço esperado
Edu Dracena não planejou fraturar o nariz do Alex Alves, porém foi violento e merecia ter sido
expulso e suspenso. Não sei se cinco jogos foi a pena correta.
Era esperado um tropeço do
Cruzeiro, que aconteceria contra
qualquer adversário. Luxemburgo pisou na bola contra o Juventude. Na metade do segundo tempo, o time perdia por 2 a 1, não jogava bem, mas mostrava o futebol organizado de sempre. Aí o
técnico escalou vários atacantes e
virou uma bagunça. Foi a primeira vez que vi isso acontecer no
campeonato.
Motivação
O principal motivador da boa
vitória do Corinthians sobre a
Ponte Preta não foi o Juninho, e
sim o Júnior. O ex-técnico disse
que cometeu um erro de avaliação sobre a qualidade do elenco.
Os jogadores sentiram-se diminuídos e mostraram, nessa partida, que não são tão limitados. Porém o Corinthians precisa reforçar a equipe. Clube de grande
prestígio não consegue formar
um excelente time com muitos jogadores medianos.
Bom negócio
Enfim, o Flamengo fez um bom
negócio: por um salário muito
menor, ficou com um técnico com
a mesma cara do anterior, em todos os sentidos. E os dois ainda
trocam idéias em casa sobre o time.
Bate-bola
O programa "Bate Bola" da
ESPN Brasil, comandado pela
competente Soninha, completou
um ano. É o melhor e mais completo programa diário de esportes
da televisão. Reúne muitas informações, bons comentários, interessantes discussões com convidados, seriedade profissional e uma
inteligente descontração.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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