São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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BOXE

Segunda geração

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O invicto Júlio César Chávez sobe ao ringue amanhã.
Mas ele não está aposentado?
E, caso esteja em atividade, já não sofreu cinco derrotas (para Kostya Tszyu, Willy Wise, Oscar de la Hoya e Frankie Randall)?
Não, não. Na verdade, trata-se de Júlio Cesar Chávez Jr., peso-leve (até 61,2 kg) filho do legendário mexicano ex-campeão mundial.
Júnior tenta no Desert Diamond Casino, em Tucson, no Arizona (EUA), a sua 12ª vitória.
Assim como Chávez Jr., há outros filhos famosos em atividade, como Ronald "Motor City Cobra" Hearns, filho do também legendário Thomas "Hitman" Hearns.
Não será nada fácil para ambos igualar os feitos de seus pais.
Chávez pai chegou a ser comparado a "Sugar" Ray Robinson, simplesmente o maior pugilista da história do boxe profissional.
Afinal, permaneceu invicto em 92 combates, tecnicamente era impecável, colecionou cinturões em três categorias de peso e seu cartel é um verdadeiro "quem é quem" do boxe dos anos 80/90.
A situação de Hearns filho não é muito melhor, embora tenha no córner o mesmo técnico que guiou o seu pai -Emanuel Steward.
Em suas primeiras quatro lutas, obteve duas vitórias por nocaute e duas por pontos. Só para comparar, Thomas Hearns venceu seus 17 primeiros combates por meio de nocautes brutais (é o que dizem. E quem viu o teipe de sua vitória sobre Pipino Cuevas não tem razão para duvidar disso).
Não adianta citar as filhas de campeões famosos, caso de Laila Ali, Jacqui Lyde-Frazier e outras como exemplo de que o caminho não é tão difícil. A qualidade técnica das mulheres pugilistas ainda é baixa e praticamente há mais entidades do que lutadoras. Com todo o respeito a elas, ser campeã "mundial" não é tão meritório como quando um homem se torna campeão. É só uma questão de tradição e de evolução.
Vou citar um exemplo de como os genes para ser campeão mundial não são transmitidos automaticamente de pai para filho.
O "fumegante" Joe Frazier foi um bom campeão mundial dos pesos-pesados, que saiu vencedor da célebre "Luta do Século" com seu arqui-rival Muhammad Ali.
Anos depois de ter aposentado as luvas, Frazier assistiu a um dos filhos, Marvis, subir ao ringue também como um peso-pesado.
O problema é que Marvis era muito diferente do pai. Enquanto Joe ficou conhecido pelo estilo brigador e pela pressão que impunha sobre os rivais, Marvis ganhou fama no amadorismo pela movimentação lateral e técnica.
Tampouco passou pelas dificuldades na vida pelas quais passou o pai, de infância muito pobre.
Quando passou ao profissionalismo, Marvis mudou estilo e passou a imitar o pai. Resultado: sofreu nocautes brutais para Larry Holmes e "Iron" Mike Tyson.
Por outro lado, um pugilista medíocre, como Floyd Mayweather Sr., cujo ápice da carreira foi perder para "Sugar" Ray Leonard, produziu o ex-campeão mundial Floyd Mayweather Jr., um dos astros do boxe atual.
Mais uma prova de que, pelo menos sobre o ringue, talento não é transmitido geneticamente.

Programação 1
Os médios Kingsley Ikeke e Rene Arostegui fazem a luta de fundo da programação que a HBO Plus exibe ao vivo para o Brasil na quinta.

Programação 2
A ESPN volta a exibir programações de boxe, depois de fechar com a Main Events. Para o Brasil, em teipe, a emissora transmite Juan Diaz x Julien Lorcy, pelo cinturão dos leves da AMB no dia 5 de novembro.

Programação 3
Manaus recebe no fim de semana mais uma edição do evento de vale-tudo Jungle Fight, co-organizado por Antonio Inoki (aquele, que na década de 70 enfrentou Muhammad Ali em um evento misto). O canal Premiere transmite ao vivo a partir das 22h de amanhã.

E-mail eohata@folhasp.com.br

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