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BOXE
Segunda geração
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O invicto Júlio César Chávez sobe ao ringue amanhã.
Mas ele não está aposentado?
E, caso esteja em atividade, já
não sofreu cinco derrotas (para
Kostya Tszyu, Willy Wise, Oscar
de la Hoya e Frankie Randall)?
Não, não. Na verdade, trata-se
de Júlio Cesar Chávez Jr., peso-leve (até 61,2 kg) filho do legendário
mexicano ex-campeão mundial.
Júnior tenta no Desert Diamond Casino, em Tucson, no Arizona (EUA), a sua 12ª vitória.
Assim como Chávez Jr., há outros filhos famosos em atividade,
como Ronald "Motor City Cobra"
Hearns, filho do também legendário Thomas "Hitman" Hearns.
Não será nada fácil para ambos
igualar os feitos de seus pais.
Chávez pai chegou a ser comparado a "Sugar" Ray Robinson,
simplesmente o maior pugilista
da história do boxe profissional.
Afinal, permaneceu invicto em
92 combates, tecnicamente era
impecável, colecionou cinturões
em três categorias de peso e seu
cartel é um verdadeiro "quem é
quem" do boxe dos anos 80/90.
A situação de Hearns filho não
é muito melhor, embora tenha no
córner o mesmo técnico que guiou
o seu pai -Emanuel Steward.
Em suas primeiras quatro lutas,
obteve duas vitórias por nocaute e
duas por pontos. Só para comparar, Thomas Hearns venceu seus
17 primeiros combates por meio
de nocautes brutais (é o que dizem. E quem viu o teipe de sua vitória sobre Pipino Cuevas não
tem razão para duvidar disso).
Não adianta citar as filhas de
campeões famosos, caso de Laila
Ali, Jacqui Lyde-Frazier e outras
como exemplo de que o caminho
não é tão difícil. A qualidade técnica das mulheres pugilistas ainda é baixa e praticamente há
mais entidades do que lutadoras.
Com todo o respeito a elas, ser
campeã "mundial" não é tão meritório como quando um homem
se torna campeão. É só uma questão de tradição e de evolução.
Vou citar um exemplo de como
os genes para ser campeão mundial não são transmitidos automaticamente de pai para filho.
O "fumegante" Joe Frazier foi
um bom campeão mundial dos
pesos-pesados, que saiu vencedor
da célebre "Luta do Século" com
seu arqui-rival Muhammad Ali.
Anos depois de ter aposentado
as luvas, Frazier assistiu a um dos
filhos, Marvis, subir ao ringue
também como um peso-pesado.
O problema é que Marvis era
muito diferente do pai. Enquanto
Joe ficou conhecido pelo estilo brigador e pela pressão que impunha sobre os rivais, Marvis ganhou fama no amadorismo pela
movimentação lateral e técnica.
Tampouco passou pelas dificuldades na vida pelas quais passou
o pai, de infância muito pobre.
Quando passou ao profissionalismo, Marvis mudou estilo e passou a imitar o pai. Resultado: sofreu nocautes brutais para Larry
Holmes e "Iron" Mike Tyson.
Por outro lado, um pugilista
medíocre, como Floyd Mayweather Sr., cujo ápice da carreira foi
perder para "Sugar" Ray Leonard, produziu o ex-campeão
mundial Floyd Mayweather Jr.,
um dos astros do boxe atual.
Mais uma prova de que, pelo
menos sobre o ringue, talento não
é transmitido geneticamente.
Programação 1
Os médios Kingsley Ikeke e Rene Arostegui fazem a luta de fundo da
programação que a HBO Plus exibe ao vivo para o Brasil na quinta.
Programação 2
A ESPN volta a exibir programações de boxe, depois de fechar com a
Main Events. Para o Brasil, em teipe, a emissora transmite Juan Diaz
x Julien Lorcy, pelo cinturão dos leves da AMB no dia 5 de novembro.
Programação 3
Manaus recebe no fim de semana mais uma edição do evento de vale-tudo Jungle Fight, co-organizado por Antonio Inoki (aquele, que
na década de 70 enfrentou Muhammad Ali em um evento misto). O
canal Premiere transmite ao vivo a partir das 22h de amanhã.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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