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Duelo pelo melhor ataque reproduz disputa pela taça
São-paulinos e gremistas, os que mais balançaram as redes,
buscam manter série de campeões com vocação artilheira
Nas últimas dez edições do
Brasileiro, apenas em 2000,
na Copa JH, o time que ficou
com o título não liderou a
artilharia da competição
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos dez anos, fazer o
melhor ataque do Brasileiro é
praticamente ser o campeão.
Exceção feita à Copa João Havelange, em 2000, quando o
Vasco levou a taça no final e o
Cruzeiro foi quem mais balançou as redes, o troféu tem sempre ficado com o time de maior
poderio ofensivo do torneio.
O São Paulo lidera desde a
12ª rodada, mas só nas últimas
semanas superou o Grêmio em
número de gols. Hoje, tem 53
tentos, contra 49 do adversário
gaúcho. Essa virada pode ser
decisiva no campeonato, pois
saldo de gols e gols pró são critérios de desempate, porém a
mística do ataque campeão
também pode contar.
Até o Grêmio de 1996, reconhecido pelo futebol aplicado e
aguerrido do técnico Luiz Felipe Scolari, conseguiu o título
pelo ataque (52 gols). Em partidas recentes em casa, tanto a
equipe do Olímpico (4 a 0 na
Ponte Preta e no Botafogo)
quanto o São Paulo (5 a 1 no
Vasco e 5 a 0 no Juventude)
partiram de vez para a frente.
Os dois tricolores têm procurado basicamente o mesmo caminho para o gol adversário. Os
times são os primeiros em gols
marcados após jogadas de bola
parada. Os gaúchos conseguiram 20 tentos dessa forma, dois
a mais que os paulistas, segundo os números do Datafolha.
Mais do que lances diretos,
como as faltas de Rogério Ceni
e Tcheco, as jogadas combinadas, oriundas de escanteios em
especial, têm sido decisivas.
O São Paulo marcou com Fabão, Miranda, Alex Silva e Aloísio nos últimos jogos após cruzamentos precisos -Muricy
Ramalho tem treinado exaustivamente esse tipo de lance, e o
ala-meia Souza se aperfeiçoou.
No Grêmio, o atacante Rômulo, com 1,87 m, é a referência
principal para os cruzamentos.
A equipe gaúcha é a quarta que
mais gols fez de cabeça (11) na
disputa -o time que mais marcou pelo alto foi exatamente o
líder São Paulo: 16 vezes.
Como o Brasileiro-2006 é
menor que os dos últimos anos
-pela primeira vez o campeonato tem 20 times na era dos
pontos corridos-, São Paulo e
Grêmio não têm muito como
alcançar marcas centenárias,
como o Cruzeiro de 2003 e o
Santos de 2004, melhores ataques da história do Nacional.
Mesmo o Corinthians do ano
passado, que triunfou bastante
pela dupla de ataque formada
por Tevez e Nilmar, marcou 87
gols. O São Paulo precisaria
marcar 34 vezes em nove rodadas para igualar o ataque corintiano de 2005 em números absolutos -o time teria que fazer
3,7 gols por jogo, em média.
Enquanto o Grêmio tem feito
sucesso com um atacante mais
isolado na frente, caso de Rômulo, o São Paulo já chegou a
optar em alguns jogos e em alguns momentos por três atacantes. Foi assim contra o Vasco, por exemplo, quando não
pôde contar com Mineiro.
""Hoje, todo mundo conhece
todo mundo. É preciso buscar
alguma coisa diferente para
tentar ganhar os jogos", diz
Muricy, que foi discípulo de Telê Santana, técnico que fez fama com futebol ofensivo na
primeira metade dos anos 90.
(RODRIGO BUENO E TONI ASSIS)
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