São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2008

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mercado da bola

Brasil importa mais jogadores e perde espaço na elite

Exportações de atletas crescem em ritmo bem mais lento do que o repatriamento, repetindo a economia do país

Número de jogadores que deixam clubes brasileiros para países ricos diminui, enquanto o de regressos aumenta mais de 50%


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Exportações que crescem em ritmo bem mais lento do que as importações. Dificuldade de acesso aos mercados mais ricos. Busca por novas oportunidades em países emergentes. Tudo que é comum na balança comercial brasileira serve para o mercado da bola. Pela primeira vez no ano, a CBF anunciou em seu site o movimento oficial de transferência de jogadores. Quase todos os negócios foram feitos até agosto, quando o dólar seguia fraco em relação ao real, o que beneficiava quem queria repatriar atletas ou contratar estrangeiros. Segundo a CBF, 1.152 jogadores deixaram clubes brasileiros para o exterior, um crescimento de apenas 6% em relação ao ano passado. Caminho contrário fizeram 659 atletas, o que significa um brutal aumento de 35% no número de repatriados e estrangeiros importados. A diferença entre "exportados" e "importados" é de 493 atletas, a menor dos últimos três anos. Computando os dados de janeiro até setembro, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, o número das exportações brasileiras na economia cresceu 28,7% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto as importações aumentaram 52,4%. Mais importante ainda é a retração de mercado para os brasileiros nos países onde o futebol é mais desenvolvido ou atletas nacionais têm larga tradição -e onde geralmente os salários e clubes são melhores. Em 2008, 387 jogadores brasileiros acertaram com clubes do grupo formado por Alemanha, Espanha, Itália, Japão e Portugal. Isso significa uma retração de 6% em relação a 2007, diferença que deve ser mantida até o final do ano, já que novembro e dezembro raramente registram transferências internacionais. Situação inversa aconteceu com jogadores que deixaram clubes alemães, espanhóis, italianos, japoneses e portugueses para defender uma agremiação brasileira. Eles já são 234 neste ano, um crescimento de estratosféricos 54% em relação a 2007, quando somaram 152. Cartolas comemoram a oferta de jogadores interessados em voltar ao Brasil. "Os repatriados são jogadores que colocam o bem-estar em primeiro lugar, abrem mão de parte do dinheiro para ficar mais perto da família. E nós temos que aproveitar essas oportunidades", diz André Krieger, diretor de futebol do Grêmio. Carlos Leite, empresário do técnico Mano Menezes, do Corinthians, e de dezenas de jogadores, não concorda com a tese de que a queda na qualidade afete a exportação de brasileiros. "[Essa situação] não tem nada a ver com falta de qualidade. É que outros mercados também estão olhando para o Brasil. E há um acúmulo de jogadores brasileiros lá fora, então a volta é um movimento natural", diz ele, que considera "bom" o crescimento de 6% na transferência de atletas daqui para clubes do exterior.

Colaborou RICARDO PERRONE, do Painel FC



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