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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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MOTOR

De novo

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Schumacher tem sorte, dizem os críticos. Não concordo, apesar de o raciocínio às vezes soar tentador, como agora. Se não, como explicar o fato de o alemão, após uma temporada difícil, prenúncio de uma próxima ainda mais complicada, tirar o bilhete premiado, assim, de estalo?
O inesperado anúncio de Ron Dennis arruinou a combinação até então mais próxima do conjunto imbatível Schumacher-Ferrari. Montoya e a Williams causaram um estrago no Mundial, mostraram muito mais punch que Raikkonen e a McLaren no segundo semestre. Faltou, claro, um pouco de maturidade. Imagine o que poderia ter acontecido se o colombiano tivesse sobrevivido a Indianápolis. A história do campeonato talvez fosse outra.
Não foi, e Schumacher, mais uma vez, começará uma temporada como franco favorito, mantendo a lógica que nem o regulamento pirotécnico de Max Mosley consegue deturpar. A Williams está (ou estava) anos-luz à frente da McLaren, mas perderá seu melhor piloto. Por mais que as partes digam o contrário, Montoya será um zumbi em 2004, alijado de decisões, informações e, fundamentalmente, do status a que já se acostumou, o de primeiro piloto.
Não cabe discutir muito a decisão do colombiano, tomada de cabeça quente, em um momento em que era descaradamente boicotado pelo time. Assinou com Ron Dennis na França, não tinha a mínima idéia do que viria a acontecer. Mas o que vai entrar para a história é que o colombiano trocou o certo pelo incerto, um time cada vez mais poderoso a seu serviço por um não tão forte e em que terá que dividir a atenção dos técnicos com outro piloto, o queridinho da casa, ninguém menos do que Raikkonen.
Montoya pode até virar esse jogo, seguramente, mas não o fará nunca na Williams, ainda mais com seu temperamento. Há até quem aposte que ele estará na McLaren já em 2004, um pulo muito difícil. Vai ter um sabático, talvez o ajude a melhorar.
 
Em entrevista à rádio Jovem Pan, o promotor que cuida do caso do GP Brasil afirmou que nada tem contra a corrida. Que pediu, há mais de um ano, informações sobre o retorno do evento à prefeitura e que isso só está sendo providenciado agora por causa de seu pedido de liminar.
Questionou ainda o fato de a cidade só ter praticamente despesas com a corrida. De ser obrigada, ano após ano, a reconstruir Interlagos, a contratar arquibancadas provisórias, a mobilizar uma enorme estrutura pública sem nenhum contrapartida, sem faturar diretamente um único centavo.
Alguns diriam que essa é a regra do jogo, que todas as cidades que recebem a F-1 passam por isso e que o retorno institucional e indireto é enorme. Não duvido.
Também não duvido que uma melhor administração do autódromo poderia até mesmo reverter a situação, gerar lucro.
Mas o fato é que custa muito para São Paulo ter a F-1. Está mais do que na hora de a outra São Paulo, aquela que ganha de fato com a corrida, colaborar.

Barrichello
Dizem que o brasileiro, neste momento, é um dos mais cotados para assumir a vaga de Montoya em 2005. A verdade, no entanto, é que o ferrarista é a primeira opção viável de Frank Williams. Raikkonen, Alonso e Weber estão à frente, mas presos a contratos tão milionários quanto leoninos. Barrichello, outra vez, precisa mostra serviço.

Au revoir
Um dos organizadores do GP da França disse ontem em Magny-Cours que não terá condições de quitar uma dívida de US$ 10 milhões com Bernie Ecclestone. Em português claro, a corrida, uma das mais tradicionais da F-1, está cancelada, já que o pagamento, que teria prazo até meados de dezembro, era exigência da FIA. Começa agora a choradeira. O problema é que tem muito país na fila.

E-mail mariante@uol.com.br


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