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MOTOR
De novo
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Schumacher tem sorte, dizem os críticos. Não concordo,
apesar de o raciocínio às vezes
soar tentador, como agora. Se
não, como explicar o fato de o alemão, após uma temporada difícil,
prenúncio de uma próxima ainda
mais complicada, tirar o bilhete
premiado, assim, de estalo?
O inesperado anúncio de Ron
Dennis arruinou a combinação
até então mais próxima do conjunto imbatível Schumacher-Ferrari. Montoya e a Williams causaram um estrago no Mundial,
mostraram muito mais punch
que Raikkonen e a McLaren no
segundo semestre. Faltou, claro,
um pouco de maturidade. Imagine o que poderia ter acontecido se
o colombiano tivesse sobrevivido
a Indianápolis. A história do
campeonato talvez fosse outra.
Não foi, e Schumacher, mais
uma vez, começará uma temporada como franco favorito, mantendo a lógica que nem o regulamento pirotécnico de Max Mosley
consegue deturpar. A Williams
está (ou estava) anos-luz à frente
da McLaren, mas perderá seu melhor piloto. Por mais que as partes
digam o contrário, Montoya será
um zumbi em 2004, alijado de decisões, informações e, fundamentalmente, do status a que já se
acostumou, o de primeiro piloto.
Não cabe discutir muito a decisão do colombiano, tomada de
cabeça quente, em um momento
em que era descaradamente boicotado pelo time. Assinou com
Ron Dennis na França, não tinha
a mínima idéia do que viria a
acontecer. Mas o que vai entrar
para a história é que o colombiano trocou o certo pelo incerto, um
time cada vez mais poderoso a
seu serviço por um não tão forte e
em que terá que dividir a atenção
dos técnicos com outro piloto, o
queridinho da casa, ninguém menos do que Raikkonen.
Montoya pode até virar esse jogo, seguramente, mas não o fará
nunca na Williams, ainda mais
com seu temperamento. Há até
quem aposte que ele estará na
McLaren já em 2004, um pulo
muito difícil. Vai ter um sabático,
talvez o ajude a melhorar.
Em entrevista à rádio Jovem
Pan, o promotor que cuida do caso do GP Brasil afirmou que nada
tem contra a corrida. Que pediu,
há mais de um ano, informações
sobre o retorno do evento à prefeitura e que isso só está sendo providenciado agora por causa de
seu pedido de liminar.
Questionou ainda o fato de a cidade só ter praticamente despesas
com a corrida. De ser obrigada,
ano após ano, a reconstruir Interlagos, a contratar arquibancadas
provisórias, a mobilizar uma
enorme estrutura pública sem nenhum contrapartida, sem faturar
diretamente um único centavo.
Alguns diriam que essa é a regra do jogo, que todas as cidades
que recebem a F-1 passam por isso
e que o retorno institucional e indireto é enorme. Não duvido.
Também não duvido que uma
melhor administração do autódromo poderia até mesmo reverter a situação, gerar lucro.
Mas o fato é que custa muito
para São Paulo ter a F-1. Está
mais do que na hora de a outra
São Paulo, aquela que ganha de
fato com a corrida, colaborar.
Barrichello
Dizem que o brasileiro, neste momento, é um dos mais cotados para
assumir a vaga de Montoya em 2005. A verdade, no entanto, é que o
ferrarista é a primeira opção viável de Frank Williams. Raikkonen,
Alonso e Weber estão à frente, mas presos a contratos tão milionários quanto leoninos. Barrichello, outra vez, precisa mostra serviço.
Au revoir
Um dos organizadores do GP da França disse ontem em Magny-Cours que não terá condições de quitar uma dívida de US$ 10 milhões com Bernie Ecclestone. Em português claro, a corrida, uma das
mais tradicionais da F-1, está cancelada, já que o pagamento, que teria prazo até meados de dezembro, era exigência da FIA. Começa
agora a choradeira. O problema é que tem muito país na fila.
E-mail mariante@uol.com.br
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