São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

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Brasil avança, mas não tira foco da França no Mundial de vôlei

Time bate Austrália, e Bernardinho se preocupa com a cabeça dos jogadores

DA REPORTAGEM LOCAL

Os sentimentos de frustração e raiva são tão intensos que até o exigente Bernardinho colocou o pé no freio. Missão cumprida ontem após a vitória sobre a Austrália, que deu ao time vaga na segunda fase do Mundial do Japão, o treinador afirmou que sua preocupação a partir de agora é com a cabeça dos jogadores.
A derrota para a França, no domingo, deixou a equipe em situação complicada no torneio e ainda ecoa no elenco. Nesta madrugada, os brasileiros enfrentariam a Alemanha pela liderança do Grupo B.
Uma derrota, porém, poderia praticamente colocar fim às chances de classificação à semifinal, já que as seleções carregam para a segunda fase os resultados obtidos na primeira. Se cair de agora em diante, o Brasil passa a depender também do desempenho de outros times para buscar o título.
"Estou tentando não botar muita pressão neles. A pressão já está aí. Todos esperamos mais de nós mesmos. Ficamos frustrados com o resultado da partida contra a França", declarou Bernardinho. O treinador apontou mais um complicador para o caminho da seleção no Mundial. Segundo ele, os jogos às 14h (3h de Brasília) atrapalham.
No Mundial feminino, José Roberto Guimarães também criticou o horário das partidas. Suas jogadoras sentiram falta do descanso à tarde na campanha da medalha de prata. O time almoçava às 11h30 e treinava no começo da noite. "Não dá para treinar jogando às 14h. Temos de manter o foco, ter mais concentração e trabalhar mais a parte mental. Os jogadores precisam pensar como eles podem fazer as coisas melhor. Temos de conversar, pensar, ver e trabalhar. E vamos treinando nos próprios jogos", afirmou Bernardinho. Contra a Austrália, a equipe jogou bem, mas ainda sofreu com falhas nos contra-ataques.
Mesmo assim, marcou 3 sets a 0 (25/19, 25/19 e 25/23) em uma hora e sete minutos, sem muita dificuldade. "A Austrália botou pressão na gente e controlou os contra-ataques. Ainda não jogamos 100%, e os jogadores estão conscientes disso. Mas o importante é que entraram com seriedade, revoltando-se com os erros", disse Bernardinho.
Os brasileiros erraram menos que os adversários (22 a 27) e foram superiores no ataque (37 a 29) e no bloqueio (7 a 5). Só não anotaram mais pontos de saque (5 a 4).
Mas nem a facilidade, que fez Bernardinho colocar os reservas no terceiro set, mudou o foco do discurso dos jogadores. "Tomamos um tapa na cara com a derrota para a França, mas soubemos reagir de forma positiva", disse Escadinha.
"Toda a equipe preferia pegar a França de novo hoje [ontem]. Ainda estão entalados na garganta", esbravejou Gustavo. O Brasil já passou por situações semelhantes, como no Mundial-2002 e na Liga Mundial deste ano. E as derrotas impulsionaram os jogadores ao título. É o que tentarão fazer de novo. Mas, desta vez, esperam ter um gostinho especial.
"No futuro, espero agradecer à França por ter nos dado mais vontade de ganhar, como agradeci à Bulgária [na Liga]. Quero enfrentar os franceses na final", sentenciou Giba.


BRASIL - Ricardinho (1 ponto), André Heller (10), Gustavo (7), Giba (8), Dante (3), André Nascimento (6), Escadinha; Marcelinho, Anderson (1), Samuel Fuchs (5), Rodrigão (1);
AUSTRÁLIA - Howard (13), Hardy (7), Campbell, Yudin (5), Carroll (10), Alderman (3), DeSalvo; Grant, Panagopka (1)


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