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O momento do Cruzeiro é nebuloso
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
Visto assim, em cima dos resultados mais recentes, o Cruzeiro é o favorito hoje, mesmo
jogando na casa do Palmeiras.
Ganhou, com todos os méritos,
lá em Belo Horizonte, joga um
futebol mais vistoso e insinuante, tem uns quatro ou cinco jogadores de alta classe, como Dida, Djair, Muller, Fábio Júnior e
Valdo, e, se vencer hoje, nem
que seja pelo escasso 1 a 0, já está nas semifinais.
Mas, futebol é momento, já dizia Rubens Minelli antes da Revolução Francesa.
E o momento do Cruzeiro, pra
mim, ficou nebuloso, a partir da
vitória de 1 a 0 sobre o San Lorenzo, pela Mercosul, na quinta
à noite, no Mineirão. Nem tanto
pelo placar apertado, que foi injusto, pois os mineiros mereciam muito mais, mas, sobretudo, pelo ar vesgo que pairou no
estádio após a substituição de
Muller e Fábio Júnior naquela
partida.
Restou-me a sensação de que o
relacionamento entre o treinador e suas duas mais cintilantes
estrelas sofre perigosas interferências.
Ora, num instante decisivo como o de hoje, mais do que a
qualidade técnica dos jogadores
ou a justeza do esquema tático,
prevalece aquele traço de união
entre todos -elenco e comissão
técnica.
É o que mantém acesa a tocha
do vencedor.
Já o Palmeiras é puro fogo. Jogadores e técnico estão ali, ó,
um só, em busca do único resultado que lhes interessa -a vitória.
Isso, para um time que faz do
empenho e da disciplina seus
maiores atributos, muito além
da técnica, é fundamental.
Em todo caso, o jogo é jogado.
Uma coisa é certa: a Lusa vai
ter de se desdobrar lá no Couto
Pereira para eliminar de vez o
Coxa.
Time por time, ambos se equivalem. Portanto, mais do que
nunca haverá de pesar o tal do
fator campo.
O diabo pra Lusa é o canto de
sereia que parte do vizinho Parque São Jorge e ecoa nos ouvidos do técnico Candinho. Mais
do que aliciamento, isso é proposta de adultério.
Uma declaração de Luxemburgo, bem no auge das ações
da dupla Amoroso-Élber, contra a Rússia, no meio da semana, vale certas reflexões.
Disse o técnico da seleção brasileira ao repórter da "Globo"
(seria o Tino Marcos?), ao responder sobre onde entraria Ronaldinho nesse ataque, qualquer coisa do gênero de que já
tinha a solução na cabeça.
Como, antes da partida, Luxemburgo cogitara aproveitar
Amoroso na meia-direita, ficou-me a sensação de que ele está engendrando a hipótese de
contar com os três: Amoroso, Élber e Ronaldinho.
Nesse caso, vai sobrar ou para
Denílson ou para Rivaldo.
Como Denílson está em fase
de adaptação no futebol espanhol, ainda por cima jogando
num time pequeno, sem conjunto nem projeção, e Rivaldo teve
no Palmeiras de Luxemburgo
seu melhor momento, quem deve dançar de imediato é o ex-
tricolor.
De um lado, resolveria o problema causado pela presença de
dois meias canhotos; por outro,
nos roubaria a alegria de ver
Denílson encapetando pela esquerda, na mais justa expressão
do verdadeiro futebol brasileiro.
Mas, que fazer?
Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, às segundas e quartas-feiras
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