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Cigarro pode ancorar esporte russo
da Reportagem Local
A Rússia tenta legalizar a propaganda de cigarros e bebidas alcoólicas em eventos esportivos.
Se a Duma (câmara baixa do Parlamento) aprovar a medida, colocará o país na contramão de boa
parte do restante do mundo, que
impõe restrições cada vez mais severas a esse tipo de propaganda.
O pretexto para permitir publicidade de tabaco e álcool é a necessidade urgente de dinheiro por que
passa o esporte russo, assim como
a economia do país.
A medida vem sendo defendida
por Oleg Sysuyev, deputado e líder
do governo na Duma. "Não há por
que proibir esse tipo de propaganda. Nunca conseguiremos diminuir o número de fumantes e bebedores apenas cortando a publicidade dos estádios", afirma ele.
Cigarro e álcool são largamente
consumidos entre os russos. O primeiro-ministro do país, Ievguêni
Primakov, já defendeu que o Estado russo volte a ter o monopólio da
produção e venda de ambos os
produtos, com o objetivo de aumentar a receita do governo.
Se permitir a publicidade de cigarro e álcool, a Rússia poderá se
tornar atrativa para diversos esportes que dependem de recursos
da indústria tabagista, como a F-1.
A categoria vem enfrentando dificuldades nos países da Europa
Ocidental. Isso porque União Européia pretende banir todo tipo de
propaganda de cigarro até 2006.
Para sobreviver, a F-1 está, aos
poucos, aumentando o número de
provas na Ásia. Só no ano que vem,
serão duas novas etapas no continente asiático, na China e na Malásia, locais que têm legislações mais
brandas em relação ao cigarro.
²
Outra época
Segundo Sysuyev, um esporte em
especial precisa de dinheiro e não
mais pode esperar apoio do governo local: o futebol.
Nos tempos da União Soviética
(1922-1991), o governo dava especial atenção à área esportiva, o que
levou o país a ser uma das principais potências do planeta.
Naquela época, o bom desempenho esportivo fazia parte da estratégia ideológico-publicitária da
Guerra Fria. Também no esporte,
os soviéticos tinham nos norte-americanos seus grandes rivais.
Além da publicidade de tabaco e
álcool, Sysuyev quer ainda que o
futebol tenha nas apostas outra
fonte de renda.
A crise já fez com que a seleção
russa e o Spartak de Moscou, representante do país na Copa dos
Campeões, tivessem dificuldades
para arrumar dinheiro para viajar.
A Rússia vivencia índices econômicos preocupantes. Em setembro, a inflação acumulada em 12
meses chegou a 52,2%, e o desemprego atingiu 11,5% da população
em condições de trabalhar no país.
(ROBERTO DIAS)
²
Com agências internacionais
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