São Paulo, domingo, 22 de novembro de 1998

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Cigarro pode ancorar esporte russo

da Reportagem Local

A Rússia tenta legalizar a propaganda de cigarros e bebidas alcoólicas em eventos esportivos.
Se a Duma (câmara baixa do Parlamento) aprovar a medida, colocará o país na contramão de boa parte do restante do mundo, que impõe restrições cada vez mais severas a esse tipo de propaganda.
O pretexto para permitir publicidade de tabaco e álcool é a necessidade urgente de dinheiro por que passa o esporte russo, assim como a economia do país.
A medida vem sendo defendida por Oleg Sysuyev, deputado e líder do governo na Duma. "Não há por que proibir esse tipo de propaganda. Nunca conseguiremos diminuir o número de fumantes e bebedores apenas cortando a publicidade dos estádios", afirma ele.
Cigarro e álcool são largamente consumidos entre os russos. O primeiro-ministro do país, Ievguêni Primakov, já defendeu que o Estado russo volte a ter o monopólio da produção e venda de ambos os produtos, com o objetivo de aumentar a receita do governo.
Se permitir a publicidade de cigarro e álcool, a Rússia poderá se tornar atrativa para diversos esportes que dependem de recursos da indústria tabagista, como a F-1.
A categoria vem enfrentando dificuldades nos países da Europa Ocidental. Isso porque União Européia pretende banir todo tipo de propaganda de cigarro até 2006.
Para sobreviver, a F-1 está, aos poucos, aumentando o número de provas na Ásia. Só no ano que vem, serão duas novas etapas no continente asiático, na China e na Malásia, locais que têm legislações mais brandas em relação ao cigarro.
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Outra época Segundo Sysuyev, um esporte em especial precisa de dinheiro e não mais pode esperar apoio do governo local: o futebol.
Nos tempos da União Soviética (1922-1991), o governo dava especial atenção à área esportiva, o que levou o país a ser uma das principais potências do planeta.
Naquela época, o bom desempenho esportivo fazia parte da estratégia ideológico-publicitária da Guerra Fria. Também no esporte, os soviéticos tinham nos norte-americanos seus grandes rivais.
Além da publicidade de tabaco e álcool, Sysuyev quer ainda que o futebol tenha nas apostas outra fonte de renda.
A crise já fez com que a seleção russa e o Spartak de Moscou, representante do país na Copa dos Campeões, tivessem dificuldades para arrumar dinheiro para viajar.
A Rússia vivencia índices econômicos preocupantes. Em setembro, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 52,2%, e o desemprego atingiu 11,5% da população em condições de trabalhar no país. (ROBERTO DIAS)
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Com agências internacionais


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