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Entidade terá direito a 10% da área onde será construída a arena, em zona nobre do subúrbio carioca, para "atividades de natureza comercial"
COB ganha licença para faturar no estádio do Pan
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Além de convencer a Prefeitura
do Rio a construir o estádio olímpico para o Pan de 2007, o Comitê
Olímpico Brasileiro ainda ganhou
o direito de explorar comercialmente 10% do terreno de cerca de
170 mil m2.
De acordo com parágrafo único
da cláusula segunda do contrato
firmado pelo governo do Estado,
pela Flumitrens, empresa que
operava trens suburbanos do Rio,
e pelo COB, com intermediação
da prefeitura, ""fica facultado ao
cessionário o uso de até 10% da
área do imóvel para atividades de
natureza comercial compatíveis
com a finalidade do projeto".
Em outras palavras, o acordo,
assinado em 17 de março, permite
ao comitê erguer um centro comercial próximo do futuro estádio, que ficará em uma das áreas
mais valorizadas da zona norte do
Rio -a arena será construída no
Engenho de Dentro em uma antiga oficina de trens.
O terreno destinado ao comitê,
com 17 mil m2, é quase três vezes
maior que o centro de lazer já projetado para ser construído pela
prefeitura junto ao estádio.
Pelo planejamento apresentado
na semana passada, o centro de
lazer, de 6 mil m2, será levantado
no local para o entretenimento
dos torcedores antes dos jogos.
A área concedida pela prefeitura
ao COB, entidade sem fins lucrativos, poderá virar uma das maiores fontes de renda da entidade
nos próximos anos.
O comitê, que terá direito a explorar o espaço por um período
de 25 anos, divulgou prejuízo no
último balanço apresentado, referente ao exercício de 2001. O déficit publicado foi de R$ 165.230.
O estádio olímpico, que levará o
nome de João Havelange, presidente de honra da Fifa e membro
do Comitê Olímpico Internacional, será a principal arena esportiva construída para o Pan-2007.
No estádio serão disputados alguns jogos de futebol, além das
provas de atletismo. As cerimônias de abertura e encerramento
do Pan, no entanto, devem mesmo ser no Maracanã. O orçamento da obra, toda paga pela prefeitura, será de R$ 166 milhões.
A idéia dos organizadores do
Pan é criar uma arena moderna,
que ofereça conforto a todos os
torcedores -serão colocadas cadeiras com encosto em todos os
setores de arquibancadas.
O Flamengo negocia com a prefeitura a possibilidade de utilizá-lo depois do Pan.
O estádio também será usado
no projeto da candidatura brasileira aos Jogos de 2012. Neste ano,
o Rio ganhou disputa interna
contra São Paulo e tornou-se o
concorrente brasileiro a sede da
Olimpíada de 2012.
Na semana anterior à eleição,
representantes da candidatura
paulistana apontaram uma série
de irregularidades no dossiê do
Rio, que acabaram ignoradas pelo
COB. Depois da vitória dos cariocas, Celso Marcondes, presidente
da Anhembi Turismo, classificou
a a disputa como um ""jogo de cartas marcadas". ""A corporação
[COB] se juntou para manter o
status quo", afirmou.
Mas apesar de ter conseguido o
direito de comercializar 10% do
terreno, o COB enfrenta um problema. As obras de construção do
estádio estão ameaçadas, já que a
Refer, fundo de pensão dos ferroviários do país e dos metroviários
do Rio, tenta embargá-las na Justiça. O diretor-presidente da Refer, Jorge Moura, contesta o contrato de cessão da área. Segundo
ele, o terreno pertence à Rede Ferroviária Federal, empresa que deve R$ 510 milhões ao fundo.
Antes de entrar com a ação no
Tribunal de Justiça do Rio, a Refer
enviou no dia 12 uma denúncia ao
Ministério Público Federal para
tentar anular a cessão gratuita do
terreno. O pedido deverá ser
apreciado em janeiro.
De acordo com o diretor-presidente da Refer, a área é avaliada
em cerca de R$ 80 milhões.
O prefeito do Rio, Cesar Maia
(PFL), já afirmou que tem a intenção de indenizar a Rede Ferroviária Federal, mas diz que o problema é o valor. Ele não aceita pagar
o preço estabelecido pela Refer e
disse que irá pedir para a Justiça
definir o valor justo.
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