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BOXE
Documento seria empecilho a assédio de empresários a amadores
Por Atenas, CBB formula contrato "olímpico"
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Temerosa com o assédio de empresários que desejam passar seus
principais atletas ao profissionalismo às vésperas da Olimpíada
de Atenas-2004, a Confederação
Brasileira de Boxe formulou um
contrato ""anti-deserção".
O documento, assinado pelo
atleta, por seu técnico e ainda por
representante de seu clube, prevê
o pagamento de uma indenização
caso o pugilista não cumpra o ciclo olímpico a serviço da CBB.
O último pugilista a abandonar
a seleção olímpica permanente foi
o peso-médio Joílson dos Santos,
que assinou contrato com a Oficina de Idéias em agosto, logo após
o Pan de Santo Domingo. O episódio fez o presidente da CBB,
Luís Claudio Braga Boselli, pôr
em prática a idéia dos contratos.
Os 22 lutadores que compõem a
seleção assinaram o documento.
""Fiquei chateado quando soube
da decisão do Joílson de que passaria a profissional após o Pan.
Me senti traído, foi como se tivesse levado uma facada nas costas.
Afinal, ele era uma das maiores
esperanças para Atenas", diz.
A saída de Santos quase significou a perda de uma verba mensal
de R$ 1.350, referente ao programa Solidariedade Olímpica, do
Comitê Olímpico Internacional.
Embora estivesse no nome de
Santos, o dinheiro é dividido entre todos os atletas. Foi graças à
intervenção do Comitê Olímpico
Brasileiro e um parecer da Associação Internacional de Boxe
Amador que a seleção olímpica
não deixou de receber o dinheiro.
O custo individual mensal da
CBB com seus atletas é em média
de R$ 2.800. Foram contemplados
nesse cálculo os salários mensais
dos atletas, que variam entre R$
250 e R$ 1.000, o pagamento dos
salários de treinadores, médico,
fisiologista e o aluguel das casas
onde ficam hospedados os pugilistas, entre outros gastos.
O advogado Agnelo José de
Castro Moura, diretor jurídico da
CBB, explica que o contrato é fundamentado na Lei Pelé. ""Nos baseamos em um artigo próximo à
lei do passe. A confederação tem
de recuperar o dinheiro investido
no atleta e a indenização por perdas e danos é correspondente ao
investimento feito no atleta."
Segundo o dirigente, caso haja
interesse real em acionar na Justiça o responsável pelo abandono
de algum atleta, as chances de vitória da CBB são grandes. ""É um
valor real, um investimento. O
juiz estabelecerá um critério pelo
qual será calculado o valor da indenização", completa.
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