São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@folha.com.br

A vitória do craque

O MÊS de dezembro tem reservado um estranho duelo para quem se acostumou a ver o futebol-arte dos sul-americanos envolver a força dos europeus. Hoje é diferente.
As finais dos Mundiais interclubes têm colocado frente a frente a arte européia e a força latina. Alguém dirá que não é assim tão europeu um time que tem brasileiros como Rafael e Ânderson. Mas o Manchester tem também Cristiano Ronaldo e Rooney.
Pelo quarto ano seguido, os europeus lutam para superar rígidos sistemas defensivos sul-americanos. É assim desde que a Fifa transformou em Mundial interclubes o velho jogo da Copa Toyota. Em 2005, o Liverpool teve inúmeras chances para empatar com o São Paulo, mas Rogério Ceni não deixou. No ano seguinte, o Inter estudou como bloquear o jogo de posse de bola do Barcelona e ganhou num raro contra-ataque. A exceção foi o Milan, feroz nos 4 a 2 contra o Boca Juniors, em 2007. Mas ali também os argentinos tratavam de se defender, como fez a LDU contra o Manchester, ontem.
E como se defendeu! No primeiro tempo, o time inglês soube sair das duas linhas de quatro homens armada pelo técnico argentino Edgardo Bauza, da LDU. Teve pelo menos cinco chances de abrir o marcador, mas o 0 a 0 exposto no intervalo parecia a vitória da defesa sobre o ataque.
Essa impressão ficou mais forte quando Vidic, do Manchester, recebeu cartão vermelho, aos 3min do segundo tempo. E se reforçou em cada contra-ataque equatoriano. Num deles, aos 26min, o atacante Manso ficou a um passe de fazer sua equipe abrir o marcador. Preferiu o chute.
A indisciplina sul-americana deu lugar ao rigor tático. Para vencer, o Manchester teve de colocar em prática todas as lições para superar duas linhas de marcação. Na primeira etapa, criou com lançamentos dos dois volantes e inverteu o lado da jogada, receita eterna para confundir o rival. Mas a história recente do Mundial interclubes diz que o time de talento, o europeu, só vence quando tem o craque.
Em 2007, Kaká era o melhor do mundo e destruiu o Boca Juniors. Em 2008, ano de Cristiano Ronaldo, foi dele o passe para Rooney dar a vitória ao Manchester United. A vitória do craque.

O MELHOR
Apesar de ser o time de Cristiano Ronaldo, o homem do jogo foi Rooney, que ganhou ainda o prêmio de melhor jogador do Mundial de Clubes. Cristiano Ronaldo, o segundo, foi decisivo com gol contra o Gamba Osaka e com o passe para Rooney fazer o gol do título. Mas foi melhor no primeiro semestre.

OBSERVADOR
Na chegada ao Flamengo, o técnico Cuca foi cirúrgico na indicação de reforços. Pouca gente falou sobre o volante William, do Santo André, que foi eleito para a seleção da Série B do Brasileiro. Cuca prestou atenção. Como no Botafogo e no São Paulo, seu maior mérito será a montagem da equipe.

TIMAÇO
Não há equipe brasileira que tenha se reforçado melhor até este momento do que o São Paulo. O lateral-esquerdo Júnior César, o atacante Washington e o volante Eduardo Costa são todos reforços de primeiro nível. O único detalhe é que Washington diminui a força de marcação da equipe são-paulina no campo ofensivo. Entretanto, com Fenômeno e tudo mais, ninguém começará a temporada do ano que vem melhor do que o Tricolor.


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