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SONINHA
Alguém perdeu o sono?
Se não estamos torcendo
ou secando um rival, ligamos tanto para o Mundial da
Fifa quanto os "europeus"
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QUANDO ALGO não nos diz respeito diretamente, parece
não ter importância nenhuma, seja a novela "das oito", o show
da Madonna, uma competição esportiva. Se um acontecimento não
nos interessa, ficamos atônitos com
o envolvimento dos outros: "Como
podem se abalar tanto por causa disso?". (Como se nunca nos descabelássemos por algo fundamental para
nós e insignificante para o resto da
humanidade.)
Ontem foi encerrado mais um
Mundial interclubes -o "verdadeiro", oficial. Quantos no Brasil terão
perdido o sono por causa dele? Procurado notícias na internet, combinado ver os jogos com os amigos?
Durante muito tempo eu repeti,
com a maior convicção, que a versão
anterior do torneio não era Mundial
coisíssima nenhuma.
"Desde quando o mundo é só
América do Sul e Europa?"
Desde que o samba é samba... Ou
melhor, desde que o futebol se consolidou nesses dois continentes
muito mais do que em qualquer outro. Tirando a edição de 2000 com
seu formato esdrúxulo (dois times
do país-sede, sendo um o penúltimo
campeão continental e o outro nem
isso), o Mundial de Clubes da Fifa
sempre termina com o confronto
entre o campeão da Libertadores e o
da Champions League.
"E os europeus dão ao Mundial
[na versão atual ou na anterior] a
mesma importância que nós?" Pergunta típica de quem estava fora da
disputa... "E daí que Flamengo, Grêmio e São Paulo venceram? Os adversários não estavam nem aí."
Baseada em imagens de jogadores
"europeus" arrasados depois de
uma derrota, eu concluía: "Claro
que eles jogam para valer! Ninguém
quer perder um título, mesmo que
seja um Mundial meio "mandrake'".
De uns anos para cá, mudei duplamente de idéia. 1) Aquele interclubes equivalia, sim, a um confronto
entre os melhores do mundo. 2) Os
clubes da Europa não querem mesmo perder nenhuma competição da
qual participem, mas nunca verão
no Japão o Olimpo que nós vemos.
Não tem como. A Copa dos Campeões da Europa é o torneio de clubes de maior prestígio no planeta.
Sua conquista é um ponto final glorioso em si -não porque classifica
para outro torneio...
O título da Libertadores também
é uma glória, especialmente por permitir medir forças com um clube europeu todo-poderoso, recheado dos
jogadores mais caros e famosos do
mundo. Eles têm o cinturão; nós os
desafiamos.
Eles precisam vencer porque seria
humilhante a derrota para alguém
"inferior". A vitória, assim, é dever
cumprido, confirmação da superioridade. Para nosotros, ela é um sonho, a jóia da coroa, motivo de inveja
para todos os clubes rivais.
O Manchester saiu de campo orgulhoso, aliviado e feliz, mas não em
êxtase. Já a LDU perdeu a chance de
comemorar o Natal mais feliz de sua
história... Alguns ficaram muito tristes com o resultado, mas no fundo ficarão satisfeitos: "Perdemos por um
gol e ainda demos trabalho a eles".
No fim podemos concluir, com
honestidade, que não são só os europeus que não dão muita bola para o
Mundial da Fifa. Se um time brasileiro (ou rival argentino) não estiver
no páreo, nós não estamos nem aí.
Que venha a Libertadores-2009.
soninha.folha@uol.com.br
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