São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2004

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BOXE

Irmãos gêmeos

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

No pugilismo já houve diversos casos de irmãos campeões, alguns até simultaneamente. Hoje mesmo há os gigantes ucranianos Vitali e Wladimir Klitshko, que buscam os cinturões dos pesos-pesados.
Porém nunca houve gêmeos.
É isso que os brasileiros Rodrigo e Rogério Nogueira terão a chance de tentar no vale-tudo este ano, conforme garante cláusula no contrato deste último, segundo o próprio informou a esta coluna.
Rodrigo "Minotauro", 28, é campeão dos pesados do Pride, um dos dois mais prestigiosos torneios de vale-tudo ao lado do Ultimate Fighting Championship.
Mas Minotauro e Minotouro não querem se pegar em uma luta, mesmo que seja por título.
Primeiro, claro, porque são irmãos. Segundo, porque crêem que um combate entre ambos teria cara de armação. Como o próprio Minotauro coloca, "não seria uma luta de verdade, apesar de que quando fazemos sparring [treinamento com contato] o pau come. Ele é meu pior sparring."
E terceiro porque, mesmo que quisessem lutar para valer, como se conhecem bem, o resultado seria um combate muito travado.
Felizmente para ambos, apesar de serem gêmeos, a estrutura física de Minotauro, o primeiro a fazer sucesso, é mais privilegiada.
Ele tem 1,90 m e 102 kg. Minotouro é um pouco mais baixo, mede 1,88 m e pesa 98 kg. Porém com um pouco de boa vontade, consegue baixar o peso para 93 kg.
"É mais fácil eu descer para 93 kg do que ter de subir para 100 kg e pegar uns caras de 120 kg", reflete o lutador, cujo peso vinha flutuando entre as duas categorias.
Ele lutou como médio, embora de forma involuntária, em sua última luta, no final de dezembro.
Minotouro apresentou-se três dias antes do combate como peso-pesado, com 100 kg. Alega que ninguém havia avisado que pegaria Sakuraba no limite dos médios, como exigiam os japoneses.
Após ser informado, quando chegou ao quarto no hotel, já encontrou uma roupa de plástico sobre a cama. Para fazer muito exercício, suar e perder peso.
Apesar do desgaste, derrotou Sakuraba na luta de fundo do Pride Shockwave 2003 (programação exibida pelo Premiere).
Ao negociar seu novo contrato em janeiro, Rogério e Pride fecharam em três lutas, com uma pelo título dos médios. "É inevitável eu disputar o título este ano. O dono do Pride, o [Nobuyuki] Sakakibara veio para o vestiário depois da luta me dizer isso", conta ele.
Minotouro planeja desafiar pelo cinturão na segunda luta de seu novo contrato -a primeira delas, em abril, deve ser um combate preparatório. Mas a seguir deve vir uma "guerra civil", pois outro brasileiro, Wanderlei Silva, é o atual campeão dos médios.
Minotouro já imagina como seria um combate com Wanderlei.
"Ele é bom na troca, pega duro. Teria de ser uma luta bastante estudada, trabalhando na distância e, se levá-lo para o chão, tenho boas chances de finalizar", diz.
Mas no fim, é o irmão mais famoso, Minotauro, que sonha com tal feito. "A gente tá fechado com esse objetivo. Já pensou, ter os dois cinturões em casa?", pergunta.

Na telinha 1
Por várias vezes protagonista de "Lutas do Ano", o canadense Arturo Gatti disputa na madrugada de domingo o cinturão dos meio-médios-ligeiros do CMB contra o italiano Gianluca Branco. O canal HBO Plus anuncia a transmissão do combate para a 1h de domingo.

Na telinha 2
Meu ex-rival Marcus "Taysinho" Porto (que tem o apoio da Animal Bodybuilding e da Conduct) pega amanhã Wellington Vicente, que já disputou o cinturão da FIB. A Bandports exibe a partir das 20h.

Na revista
Popó subiu esta semana um posto no ranking independente dos leves da revista "The Ring". Agora é o quinto melhor leve do mundo.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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