São Paulo, sábado, 23 de janeiro de 1999

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OLIMPÍADA
Segundo o diário "De Telegraaf", o ex-presidente da Fifa teria recebido benesses de comitê de candidatura
Jornal liga João Havelange a escândalo

da Reportagem Local

O jornal "De Telegraaf", principal diário holandês, acusou o brasileiro João Havelange, ex-presidente da Fifa e há 39 anos membro do COI (Comitê Olímpico Internacional), de ter aceitado "regalias especiais" do comitê que gerenciou a candidatura de Amsterdã a sede dos Jogos Olímpicos de 92.
De acordo com o "De Telegraaf", Havelange, de 83 anos e por 24 presidente da Fifa, seria apenas um "dos muitos membros do COI" que aceitaram as benesses do comitê holandês, oferecidas ainda em 1986. A lista de regalias incluiria visitas a clubes noturnos, presentes como diamantes para esposas dos membros do COI, televisores, câmaras de vídeo e bicicletas.
O jornal não especifica que presentes Havelange teria aceito. Os gastos na investida pelos votos do comitê teriam chegado à cifra de US$ 6,5 milhões. O COI proíbe seus membros de receberem presentes acima de US$ 150.
O responsável por atender os votantes seria Pieter Kronenberg, então chefe do serviço de imprensa do comitê holandês. "Havia desejos bem específicos", disse Kronenberg, em entrevista ao diário.
João Havelange é o único brasileiro com direito a voto entre os 114 membros do comitê -dos quais dois já apresentaram sua renúncia.
A Folha procurou o ex-presidente da Fifa ontem, no Rio, mas sua secretária informou que ele estava em viagem ao exterior.
As suspeitas de irregularidades na frustrada candidatura holandesa -foi preterida por Barcelona, na Espanha- seguem o escândalo envolvendo membros do COI na escolha de Salt Lake City, nos EUA, para abrigar os Jogos de Inverno de 2002.
Derrotada em duas oportunidades, por Albertville (França) e Nagano (Japão), a cidade norte-americana é acusada de ter preparado um "pacote" com presentes que iam de empregos e bolsas de estudos para familiares de membros do COI a armas (até o espanhol Juan Samaranch, apesar de não votar, teria sido agraciado) e pagamento de serviços sexuais.
Amanhã, o canadense Richard Pound, vice-presidente da entidade e responsável pela investigação das supostas irregularidades, apresentará seu relatório. Pelo menos 13 membros do COI são considerados suspeitos (leia texto acima).
Ele deve sugerir a expulsão de alguns dos acusados de suborno e propor mudanças no método de escolha das sedes.
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Explicações
Goro Yoshimura, governador de Nagano, sede dos últimos Jogos de Inverno, disse ontem que está pronto a ajudar o Comitê Olímpico Internacional na apuração de fraude na candidatura da cidade.
"Não fizemos nada de errado. Provar isso será extremamente fácil para nós", disse Yoshimura.
Membros do comitê local são acusados de queimarem documentos que comprovariam irregularidades na candidatura.
"A perda desses papéis não é problema, porque as informações estão na memória de todos os envolvidos", afirmou o governador.
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Com agências internacionais e a Sucursal do Rio


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