São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 2001

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FUTEBOL

Clube não deve ser punido pelos incidentes na partida contra o Botafogo
Desequilíbrio emocional fez Santos cair, diz Geninho

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

LUÍS SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL

O desequilíbrio emocional foi o fator determinante da desclassificação do Santos no Torneio Rio-São Paulo com a derrota, por 1 a 0, para o Botafogo, anteontem, na Vila Belmiro. Essa é a avaliação do técnico santista, Geninho.
Ontem, durante a reapresentação do elenco, o treinador discutiu o assunto em reunião de cerca de 40 minutos com os jogadores em um dos gramados do CT (centro de treinamento) do clube.
Para Geninho, o abalo emocional prejudicou o desempenho do time, dominado pela equipe carioca durante a maior parte do jogo. "Muitos sentiram bastante o lado emocional e, por isso, infelizmente, não fizemos um jogo consciente, capaz de nos levar à vitória", declarou.
Segundo Geninho, o nervosismo aumentou depois que o juiz carioca Amaurilio Marcharetti Saleão não anotou um pênalti muito reclamado pelos santistas sobre o volante Renatinho. "Senti o time muito abalado no intervalo. Todo mundo estava preocupado demais com a arbitragem."
No final da partida, jogadores do Santos foram tirar satisfações com o juiz. O goleiro Fábio Costa teve de ser contido enquanto gritava ladrão e apontava o dedo indicador para o rosto do juiz.
Também entre os dirigentes, a responsabilidade pela desclassificação foi atribuída ao juiz. A principal queixa foi o suposto pênalti não marcado no primeiro tempo.
"Ele alegou que eu fiz falta no Augusto (lateral do Botafogo), mas fui eu quem recebeu a falta porque ia fazer o gol, e o goleiro puxou a minha perna", disse Renatinho. "Foi uma cariocada, uma manobra. O que vimos foi um árbitro tendencioso", disse o presidente Marcelo Teixeira.
A atuação do juiz também provocou revolta entre torcedores, que invadiram o campo após o gol do Botafogo, marcado aos 44min do segundo tempo, para tentar agredir o juiz.
Durante a partida, a torcida santista ainda atirou objetos no gramado e, ao deixar o estádio, torcedores do setor das cadeiras cativas fizeram ameaças à equipe da TV Globo, que transmitia o jogo. Alguns deles tentaram arrancar os fios de transmissão e danificar equipamentos da emissora.
Antes da partida de anteontem, o Botafogo tentou transferir o jogo para o estádio do Morumbi, mas não conseguiu.
Contudo, apesar dos incidentes ocorridos na Vila Belmiro, o time do Santos não deverá sofrer punições, ao menos neste ano.
Segundo Carlos Silva, secretário do Tribunal de Justiça Desportiva paulista, o Código Brasileiro Disciplinar do Futebol diz que o clube só pode ser punido na mesma competição em que ocorreram os incidentes. Assim, somente no Rio-São Paulo de 2002 o Santos pode perder o mando de jogo.
Neste ano, a equipe deve fazer partidas oficiais pela Copa do Brasil e pelo Brasileiro na Vila Belmiro. Pelo Estadual, o Santos não fará mais jogos em casa.

Treino em Limeira
Por causa da expectativa de rodovias muito movimentadas devido ao feriado de Carnaval, o time não vai treinar hoje em Santos para a partida de amanhã, contra o União São João, em Araras, pelo Paulista. A delegação vai deixar o CT do Santos pela manhã. À tarde, haverá treinamento no estádio Limeirão, em Limeira.
O Santos é líder do Paulista, com 12 pontos. Para Geninho, a partida de amanhã vai indicar a dimensão do impacto que a desclassificação no Rio-São Paulo provocou no time.
"Nesse jogo, contra um time embalado, que vem de uma goleada de 7 a 2 sobre a Portuguesa Santista, nós vamos ter a noção exata de como a equipe vai reagir depois desse resultado negativo."


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