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FUTEBOL
CPI da Câmara já se articula para tentar derrubar acordo que aproximou o ex-jogador do presidente da CBF
Aval da Fifa sela união entre Pelé e Ricardo
Teixeira
DO PAINEL FC
E DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Fifa, Joseph
Blatter, apoiou a reaproximação
do presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, com o ex-jogador
e ex-ministro Pelé.
No dia 14 de fevereiro, o dirigente da entidade máxima do futebol
enviou uma carta a Teixeira ""para
expressar a alegria ao ser informado de que você e outro eminente brasileiro, Pelé, finalmente
se reconciliaram após anos de posições contrárias".
A carta foi divulgada ontem pela
CBF. No início do ano, Teixeira,
que está sendo investigado pelas
CPIs do Congresso, iniciou um
processo de reaproximação com
Pelé. O dirigente disse que um dos
seus maiores erros foi ter se distanciado do ex-jogador.
As duas partes do acordo afirmam que estão se unindo para tirar o futebol brasileiro da crise.
Desde o início dos anos 90, o
presidente da CBF e Pelé, que havia apoiado sua eleição para presidente da entidade, eram desafetos. Teixeira foi um dos articuladores do lobby do futebol contra a
aprovação da Lei Pelé, projeto elaborado pelo ex-jogador quando
era ministro do Esporte no primeiro mandato de FHC.
O ex-jogador também não era
visto com bons olhos pela Fifa, já
que havia se desentendido com o
presidente de honra da entidade,
João Havelange, ex-sogro de Ricardo Teixeira.
Pelé também fez campanha
contra a eleição de Blatter no pleito pela sucessão de Havelange. Ele
apoiou o sueco Lennart Johanson,
candidato de oposição.
De acordo com Blatter, a reaproximação dos dois antigos desafetos ""é uma boa notícia não
apenas para o futebol brasileiro,
mas, para o futebol do mundo todo. Ao dar as mãos, vocês dão
uma demonstração de sabedoria,
magnanimidade e visão".
O presidente da Fifa chegou a
prometer realizar uma reunião
com os dois brasileiros.
No final da carta, o dirigente da
entidade máxima do futebol disse
a Teixeira que espera ""poder recebê-los no círculo mais reservado
de nossa comunidade futebolística, na primeira oportunidade".
Os primeiros sinais da aproximação entre Pelé e a Fifa haviam
sido dados no processo que elegeu o melhor jogador do século.
No ano passado, o brasileiro,
campeão de três Copas do Mundo, havia perdido uma eleição,
promovida pela entidade, para o
argentino Diego Maradona.
Mas a Fifa e Blatter, na última
hora, decidiram, dar o prêmio
máximo para Pelé.
Contra-ataque
Indignada com o acordo entre
Ricardo Teixeira e Pelé, visto como uma conspiração contra as
CPIs no Congresso, pelo menos
uma delas começou a se mexer.
A da Câmara, que investiga o
contrato entre a CBF e a Nike, iniciou uma contra-operação a fim
de minar a parceria.
Deputados que fazem parte da
comissão já se reuniram com Pelé
e tentaram convencer o ex-jogador que não pega bem para sua
imagem a reaproximação com Ricardo Teixeira.
Segundo eles, o acordo com a
Confederação Brasileira de Futebol será um marco negativo na vida do ex-ministro, que estaria cometendo um grande erro aos 60
anos de idade.
A união entre o dirigente e o ex-jogador, que também é empresário, envolveria, na opinião dos deputados, interesses comerciais. As
duas partes negam.
Além de Pelé, a CPI da CBF/Nike tem procurado pessoas que
trabalharam com ele na época em
que foi ministro do esporte no
Brasil (1995-1998) na tentativa de
afastá-lo da atual cúpula do futebol brasileiro.
O presidente da CPI da CBF/Nike, Aldo Rebelo (PC do B-SP),
classifica como um "complô" o
acordo que uniu Pelé e Teixeira.
Os termos do acordo entre o
presidente da CBF e o ex-jogador
ainda não foram revelados. Uma
porta, no entanto, está aberta para
Pelé, a da sucessão de Teixeira na
CBF, em 2003.
Pelé afirma que não pretende se
candidatar para o cargo de Teixeira e que não tem interesses comerciais.
(JOÃO CARLOS ASSUMP
ÇÃO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO
RANGEL)
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