|
Texto Anterior | Índice
Debate vira "manifesto" contra nova prorrogação da lei do passe
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI do Futebol, do Senado,
transformou ontem o que deveria
ser um debate em uma espécie de
manifesto contra o adiamento da
entrada em vigor do dispositivo
da Lei Pelé que acaba com o passe
dos jogadores de futebol.
O dispositivo deve entrar em vigor no próximo dia 26 de março,
mas há forte pressão dos clubes
para que haja um adiamento.
As opiniões dos debatedores já
eram previamente conhecidas.
Havia um, o advogado João Bosco
Moraes, representante do Clube
dos 13, a favor do adiamento e
dois contrários -o ex-jogador da
seleção Sócrates e o advogado
Marcílio Krieger.
Além disso, os dois senadores
que estavam sentados à mesa do
debate, Geraldo Althoff (PFL-SC),
relator da CPI do Futebol, e Álvaro Dias (PSDB-PR), presidente da
comissão, também são contra.
Os demais senadores da CPI
que se manifestaram disseram ser
a favor da entrada em vigor do
dispositivo como está previsto.
Ao final do encontro, Dias disse
que a posição formal da CPI contra o adiamento do passe livre será levada ao ministro dos Esportes e Turismo, Carlos Melles.
"É visível a existência de consenso de que a lei deve ser cumprida", afirmou.
João Bosco ficou isolado na defesa do adiamento. Segundo ele, o
fim do passe vai impedir que clubes continuem investindo em categorias de formação de atletas.
"Num primeiro momento, seria
um caos", disse o representante
do Clube dos 13, entidade que
reúne os 20 maiores times do país.
"Que caos, cara pálida?", questionou Marcílio Krieger, para
quem a situação atual, com o passe, já é caótica.
"O futebol brasileiro se especializou em vender o artista porque
não sabe vender o espetáculo",
afirmou Sócrates.
O único ponto no qual Bosco e
os demais concordaram foi a
prorrogação de dois para quatro
ou cinco anos do tempo máximo
de duração do primeiro contrato
feito entre clube e jogador.
Houve uma discussão entre Sócrates e Bosco, quando o representante do Clube dos 13 disse
que o ex-jogador não poderia
afirmar que todos os dirigentes de
futebol são desonestos.
"Eu não afirmei que são desonestos. Afirmei que são incompetentes", disse Sócrates.
"Se todos fossem incompetentes, o Brasil não seria tetracampeão mundial", rebateu Bosco.
"Dirigente não joga", afirmou
Sócrates. "Não joga, mas administra", respondeu o representante do Clube dos 13.
Texto Anterior: Futebol: Aval da Fifa sela união entre Pelé e Ricardo Teixeira Índice
|