São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 2001

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Debate vira "manifesto" contra nova prorrogação da lei do passe

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI do Futebol, do Senado, transformou ontem o que deveria ser um debate em uma espécie de manifesto contra o adiamento da entrada em vigor do dispositivo da Lei Pelé que acaba com o passe dos jogadores de futebol.
O dispositivo deve entrar em vigor no próximo dia 26 de março, mas há forte pressão dos clubes para que haja um adiamento.
As opiniões dos debatedores já eram previamente conhecidas. Havia um, o advogado João Bosco Moraes, representante do Clube dos 13, a favor do adiamento e dois contrários -o ex-jogador da seleção Sócrates e o advogado Marcílio Krieger.
Além disso, os dois senadores que estavam sentados à mesa do debate, Geraldo Althoff (PFL-SC), relator da CPI do Futebol, e Álvaro Dias (PSDB-PR), presidente da comissão, também são contra.
Os demais senadores da CPI que se manifestaram disseram ser a favor da entrada em vigor do dispositivo como está previsto.
Ao final do encontro, Dias disse que a posição formal da CPI contra o adiamento do passe livre será levada ao ministro dos Esportes e Turismo, Carlos Melles.
"É visível a existência de consenso de que a lei deve ser cumprida", afirmou.
João Bosco ficou isolado na defesa do adiamento. Segundo ele, o fim do passe vai impedir que clubes continuem investindo em categorias de formação de atletas.
"Num primeiro momento, seria um caos", disse o representante do Clube dos 13, entidade que reúne os 20 maiores times do país.
"Que caos, cara pálida?", questionou Marcílio Krieger, para quem a situação atual, com o passe, já é caótica.
"O futebol brasileiro se especializou em vender o artista porque não sabe vender o espetáculo", afirmou Sócrates.
O único ponto no qual Bosco e os demais concordaram foi a prorrogação de dois para quatro ou cinco anos do tempo máximo de duração do primeiro contrato feito entre clube e jogador.
Houve uma discussão entre Sócrates e Bosco, quando o representante do Clube dos 13 disse que o ex-jogador não poderia afirmar que todos os dirigentes de futebol são desonestos.
"Eu não afirmei que são desonestos. Afirmei que são incompetentes", disse Sócrates.
"Se todos fossem incompetentes, o Brasil não seria tetracampeão mundial", rebateu Bosco.
"Dirigente não joga", afirmou Sócrates. "Não joga, mas administra", respondeu o representante do Clube dos 13.


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