São Paulo, quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

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AÇÃO

Asfalto à Paulista

VANER VENDRAMINI
ESPECIAL PARA A FOLHA

São Paulo sempre foi uma cidade excepcional quando se fala de locais para se andar de skate. Principalmente para o downhill, modalidade do esporte praticada em ladeiras, que nos últimos anos se desenvolveu principalmente com o skate longboard.
A primeira vez que vi alguém andando de skate foi numa ladeira do Mandaqui, no coração da zona norte. O maluco subia a rua sem colocar o pé no chão. Para um mineirinho de Juiz de Fora, oito anos, órfão da internet no isolamento midiático do início dos anos 80, pareceu mágica.
Com movimentos simples de "bater" o skate de um lado para o outro, o carrinho contestava Newton e subia pelo asfalto. Mesmo depois de mais de 15 anos no esporte, essa imagem se mantém na minha cabeça. Nunca fui a essa ladeira para repetir a mágica eu mesmo. Mas outro dia fiz uma coisa que há muito tempo queria fazer em São Paulo. Peguei o metrô dez para a meia-noite e desci na estação Brigadeiro, minha porta de entrada para a mais plana, lisa, larga e movimentada avenida de São Paulo: a Paulista. Subi no skate e cruzei o "canal" de ponta a ponta. Vinte quarteirões em 11 minutos, sem esforço. Dez anos atrás, demoraria até três minutos a menos? Tudo bem, com 1 kg para cada ano, dá 10 kg a mais. Um ônibus verde que seguia no mesmo sentido desde o início da cruzada chegou depois.
Me empolguei. Resolvi descer o viaduto sob a Consolação e continuar pela Doutor Arnaldo. Outra avenida plana e lisinha e outros dez minutos. Pedalei até o viaduto sobre a av. Sumaré. Lá estava o inesperado. Asfalto novinho em folha, da melhor qualidade, dava para ver lá de cima do viaduto.
Aí me lembrei de ter lido nesta Folha que o prefeito José Serra ficara chateado com uma comparação entre a operação tapa-buraco do governo federal e as obras de recuperação do asfalto em São Paulo. Para ele, as obras na cidade começaram "no primeiro dia, e não no quarto ano de governo". Essa parte da Sumaré é uma das melhores descidas de São Paulo, melhor que ela só a 23 de Maio. Achei então que era hora de verificar o asfalto. Desci pela ribanceira do viaduto até a calçada da Sumaré. A essa hora, o trânsito já era ralo o suficiente. Esperei uma brecha e subi no skate. Cortei as pistas da avenida com gosto. As curvas do carving não ficaram a dever para aquelas traçadas em algumas das melhores pistas de snowboard pelas quais já passei.
Asfalto que é bom para o skate é ótimo para o trânsito. Como o skatista que vi no Mandaqui, desci toda a ladeira sem pôr o pé no chão. Pensei como seria se o trânsito de São Paulo permitisse que o "carrinho" fosse usado em larga escala como transporte, o que ocorre em outras cidades. Imagine a fila de banco na qual contínuos levam de um lado a pasta de boletos bancários e do outro o skate. Ou a Paulista, no corredor entre os carros, vendo a fila de motoboys e, depois, a dos skateboys. Não recomendo. Nem na Paulista, nem na 23 de Maio.

Mundial de Surfe - WCT
Começa no dia 27, em Queensland (AUS), a temporada do WCT, com a presença do heptacampeão mundial Kelly Slater, 34. O evento será exibido ao vivo pelo site da ASP (www.aspworldtour.com).

Volvo Ocean Race
Após muitas variações nos ventos e nas posições, inclusive com o Brasil 1, que liderou anteontem, o barco holandês ABN Amro One reassumiu a ponta. A regata deve aportar no Rio em 10 de março.

Olimpíada de Inverno - snowboard
O suíço Philipp Schoch se tornou o primeiro snowboarder a manter um título olímpico ao derrotar seu irmão Simon, atual líder do circuito mundial, na final do slalom gigante paralelo, em Turim.


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Vaner Vendramini, 31, é jornalista

Excepcionalmente hoje Carlos Sarli não escreve neste espaço


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