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AÇÃO
Asfalto à Paulista
VANER VENDRAMINI
ESPECIAL PARA A FOLHA
São Paulo sempre foi uma cidade excepcional quando se
fala de locais para se andar de
skate. Principalmente para o
downhill, modalidade do esporte
praticada em ladeiras, que nos últimos anos se desenvolveu principalmente com o skate longboard.
A primeira vez que vi alguém
andando de skate foi numa ladeira do Mandaqui, no coração da
zona norte. O maluco subia a rua
sem colocar o pé no chão. Para
um mineirinho de Juiz de Fora,
oito anos, órfão da internet no
isolamento midiático do início
dos anos 80, pareceu mágica.
Com movimentos simples de
"bater" o skate de um lado para o
outro, o carrinho contestava
Newton e subia pelo asfalto. Mesmo depois de mais de 15 anos no
esporte, essa imagem se mantém
na minha cabeça. Nunca fui a essa ladeira para repetir a mágica
eu mesmo. Mas outro dia fiz uma
coisa que há muito tempo queria
fazer em São Paulo. Peguei o metrô dez para a meia-noite e desci
na estação Brigadeiro, minha
porta de entrada para a mais plana, lisa, larga e movimentada
avenida de São Paulo: a Paulista.
Subi no skate e cruzei o "canal"
de ponta a ponta. Vinte quarteirões em 11 minutos, sem esforço.
Dez anos atrás, demoraria até
três minutos a menos? Tudo bem,
com 1 kg para cada ano, dá 10 kg
a mais. Um ônibus verde que seguia no mesmo sentido desde o
início da cruzada chegou depois.
Me empolguei. Resolvi descer o
viaduto sob a Consolação e continuar pela Doutor Arnaldo. Outra
avenida plana e lisinha e outros
dez minutos. Pedalei até o viaduto sobre a av. Sumaré. Lá estava o
inesperado. Asfalto novinho em
folha, da melhor qualidade, dava
para ver lá de cima do viaduto.
Aí me lembrei de ter lido nesta
Folha que o prefeito José Serra ficara chateado com uma comparação entre a operação tapa-buraco do governo federal e as obras
de recuperação do asfalto em São
Paulo. Para ele, as obras na cidade começaram "no primeiro dia, e
não no quarto ano de governo".
Essa parte da Sumaré é uma das
melhores descidas de São Paulo,
melhor que ela só a 23 de Maio.
Achei então que era hora de verificar o asfalto. Desci pela ribanceira do viaduto até a calçada da Sumaré. A essa hora, o trânsito já
era ralo o suficiente. Esperei uma
brecha e subi no skate. Cortei as
pistas da avenida com gosto. As
curvas do carving não ficaram a
dever para aquelas traçadas em
algumas das melhores pistas de
snowboard pelas quais já passei.
Asfalto que é bom para o skate é
ótimo para o trânsito. Como o
skatista que vi no Mandaqui, desci toda a ladeira sem pôr o pé no
chão. Pensei como seria se o trânsito de São Paulo permitisse que o
"carrinho" fosse usado em larga
escala como transporte, o que
ocorre em outras cidades. Imagine a fila de banco na qual contínuos levam de um lado a pasta de
boletos bancários e do outro o
skate. Ou a Paulista, no corredor
entre os carros, vendo a fila de
motoboys e, depois, a dos skateboys. Não recomendo. Nem na
Paulista, nem na 23 de Maio.
Mundial de Surfe - WCT
Começa no dia 27, em Queensland (AUS), a temporada do WCT, com a presença do heptacampeão mundial Kelly Slater, 34. O evento será exibido ao vivo pelo site da ASP (www.aspworldtour.com).
Volvo Ocean Race
Após muitas variações nos ventos e nas posições, inclusive com o Brasil 1, que liderou anteontem, o barco holandês ABN Amro One reassumiu a ponta. A regata deve aportar no Rio em 10 de março.
Olimpíada de Inverno - snowboard
O suíço Philipp Schoch se tornou o primeiro snowboarder a manter um título olímpico ao derrotar seu irmão Simon, atual líder do circuito mundial, na final do slalom gigante paralelo, em Turim.
E-mail - vvendramini@gmail.com
Vaner Vendramini, 31, é jornalista
Excepcionalmente hoje Carlos Sarli não escreve neste espaço
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