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São Paulo, domingo, 23 de março de 2003

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FUTEBOL

Treinador, que foi hostilizado pela torcida em sua chegada ao Corinthians, conquista o título que mais perseguiu

"Ex-burro", Geninho festeja sonho pessoal

DA REPORTAGEM LOCAL

O técnico Geninho finalmente alcançou o título que mais perseguiu em sua vida. O Paulista, que viu escapar por entre seus dedos duas vezes quando comandava o Santos diante do próprio Corinthians, chegou quase 20 anos depois que iniciou sua carreira de treinador justamente com a equipe que mais o impediu de chegar a esse feito em edições anteriores.
"É o título que mais persegui em minha carreira, desde quando era jogador. É tão importante quanto o Brasileiro que ganhei pelo Atlético-PR [em 2001], ainda mais por ser no Corinthians", disse Geninho, que começa finalmente a cair nas graças da torcida corintiana.
Emocionado, Geninho traçou um paralelo de sua trajetória no Parque São Jorge com o desenvolvimento de sua carreira. "Sempre persegui isso [títulos], mas sabia que seria uma tarefa difícil", disse o técnico, que teve problemas em sua chegada.
Encantada com Carlos Alberto Parreira, que conquistou dois títulos pelo clube em 2002, o torcedor tratou Geninho com frieza e até certa dose de hostilidade.
Em algumas partidas no Pacaembu, como na partida contra o Cruz Azul, pela Libertadores, o técnico corintiano foi chamado de burro pela torcida, mesmo vencendo os jogos.
Mas diz não se importar com os críticos. "Aqui não há pressão interna. Nenhum dirigente vem te cobrar como armar o time ou pedir para escalar esse ou aquele jogador. A pressão é só externa."
Geninho tem mostrado em números desempenho superior ao do colega que deixou os corintianos para dirigir a seleção.
Em 14 partidas, conquistou 83,3% dos pontos disputados (11 vitórias, dois empates e só uma derrota).
Em seus primeiros 14 confrontos, Parreira obteve 66,7% de aproveitamento (oito vitórias, quatro empates e duas derrotas).
Assim que assumiu o time, Geninho tentou impor seu estilo, sem se desfazer do ponto nevrálgico do time, o lado esquerdo, com Kléber e Gil.
"Não vim para apagar a imagem do Parreira. Ele tem méritos nesse time. Só achei que poderia acrescentar algo. Deu certo", afirmou o treinador.
"Mesmo assim, mudei a cara do time e consegui o título. É a minha realização", declarou o técnico, que se recusou a dar a volta olímpica com os jogadores.
"Esse é um momento deles. Eu já estou muito feliz assim, até porque estou fora de forma para correr com eles", brincou.
Aos poucos, o técnico substitui o jogo cadenciado de Parreira por um estilo mais agressivo, com velocidade e passes longos. Não à toa, o time se especializou no jogo aéreo, que se tornou sua arma mais letal. Dos 33 gols corintianos em 2003, 13 (39,4%) foram marcados com a cabeça.
Ontem, por exemplo, o Corinthians teve seu pior desempenho em passes em todo o campeonato (apenas 83% de aproveitamento).
O fundamento foi a especialidade corintiana na época de Parreira. Ontem, no estilo de Geninho, o time apostou nos contra-ataques. Os três gols corintianos saíram em jogadas desse tipo.
O time ontem também abusou dos lançamentos. Foram dez ao longo de toda a partida. Vampeta, que começou a jogada do gol da vitória corintiana, liderou o fundamento, com quatro passes longos no duelo com o São Paulo.
Sonho pessoal realizado, Geninho tem agora a missão de realizar o principal sonho corintiano: a Taça Libertadores. (EDUARDO ARRUDA, LÚCIO RIBEIRO, PAULO GALDIERI E RODRIGO BERTOLOTTO)


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