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São Paulo, domingo, 23 de março de 2003

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FUTEBOL

A Mãe de Todas as Batalhas

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A guerra não leva a nada, mas no Iraque levou ao menos a um disputado torneio: a Mãe de Todas as Batalhas.
Não é brincadeira. Em 1991, ano em que teve início a Guerra do Golfo, começou também a Umm Al-Maarak Cup (Copa Mãe de Todas as Batalhas). Saddam Hussein chamou dessa forma aquele conflito com os EUA. E, como amante do futebol (ele curte bem mais o esporte que George W. Bush), chamou assim também a mais quente das competições do país (o único torneio que apareceu no calendário iraquiano depois da Mother of All Battles Cup foi a Supercopa do Iraque, uma disputa de apenas dois times).
A Mãe de Todas as Batalhas reúne anualmente os times mais bem colocados da liga iraquiana, que, diferentemente do que muita gente imagina, foi jogada em todos os anos da década de 90.
O futebol nunca foi paralisado, de verdade, no Iraque. Em 1985, na metade do sangrento conflito com o vizinho Irã, o torneio nacional foi abandonado. Motivo? Os torcedores do país estavam eufóricos com a campanha da seleção nas eliminatórias do Mundial e com as conquistas da Copa da Arábia e dos Jogos Pan-Arábicos.
Entrevista recente do técnico brasileiro Jorge Vieira, que dirigiu o Iraque com sucesso rumo à Copa de 1986, ganhou repercussão por ter mostrado como Saddam Hussein faz uso de sua "espingarda" em situações festivas. Mas o relato de Vieira expôs mais como Saddam gosta de futebol.
E isso foi provado de novo agora. Pelo Pré-Olímpico da Ásia, a seleção iraquiana jogaria contra o Vietnã (jogo para soldado americano nenhum botar defeito) em Bagdá. A Fifa (sempre preocupada com a paz e em manter partidas e competições no Oriente Médio em época de guerra) não brecou a ida do jogo para Damasco, na Síria, onde a situação é mais tranquila. Esperava-se que Saddam fosse recrutar seus atletas, mas ele (ou alguém falando por ele) liberou todos para o jogo. Pode até ser que o Iraque perca e esses atletas acabem, como punição, na linha de frente das tropas, mas eles terão a chance de "viver" a Olimpíada de Atenas, em 2004.
Pelas informações que chegam do Iraque, Saddam teria não só liberado os jogadores da seleção, mas também estaria apostando na classificação. A confiança vinha do fato de os atletas estarem concentrados, em um bunker, e com suprimento suficiente até a data do confronto com o Vietnã (a Fifa não falou em adiar o jogo, ainda marcado para 5 de abril).
É só o começo de uma campanha no Pré-Olímpico, mas o sonho do país continua vivo. O técnico da equipe, o alemão Bernd Stange, já pulou fora do barco, seguindo orientações de sua embaixada e, certamente, de sua família, mas deu força aos comandados. "Peço a Deus que proteja a todos e a seus familiares", diz carta do treinador para seus atletas.
Uday Hussein, um dos filhos de Saddam, dirige a federação de futebol iraquiana. Ele já pode estar morto agora (o pai também), mas mesmo que os EUA tomem todo o país, dificilmente os iraquianos trocarão o futebol pelo Los Angeles Lakers ou pelo Super Bowl.

A mãe de todos os rankings
A 3ª lista dos brasileiros da Conmebol: Cruzeiro (536 pontos), São Paulo (510), Grêmio (381), Santos (311), Palmeiras (310), Flamengo (310), Vasco (176), Atlético-MG (140), Corinthians (89), Inter (83), Botafogo (83), Guarani (37), São Caetano (35), Fluminense (26), Bahia (25), Bangu (10), Coritiba (10), Criciúma (10), CSA (10), Atlético-PR (8), Bragantino (8), Náutico (5), Vitória (5), Sampaio Corrêa (5), São Raimundo (5), Sport (3), Juventude (3), Paraná (3), Ceará (2), Lusa (2), Rio Branco-AC (2), América-RN (2) e Vila Nova-GO (2) -o Botafogo continua fora da Sul-Americana. Os argentinos: Independiente (851), Boca (672), River (639), Estudiantes (377), Racing (263), Vélez (245), San Lorenzo (160), Argentinos Jrs (138), Rosario (133), Newell's (75), Lanús (27), Huracán (24), Talleres (23), Ferro Carril (20), Colon (15), Gimnasia (14), Quilmes (10) e Español (5).

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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