São Paulo, segunda-feira, 23 de março de 2009

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br

O time que não perde

HÁ QUEM se irrite a cada vez que se conta o número de partidas invictas dos titulares do Corinthians. A vitória no clássico contra o Santos elevou o número a 38 jogos. Desde a derrota para o Vila Nova, em agosto, o Corinthians só foi derrotado uma vez, na última rodada da Série B, quando Mano Menezes deu férias à equipe titular. Com reservas ou titulares, o Botafogo, de 78, e o Flamengo, de 79, ficaram 52 partidas sem derrota, o que torna tudo diferente da série corintiana, que não serve para o livro dos recordes, porém funciona para a análise.
Há 38 jogos, o Corinthians não perde nem chama a atenção. É tratado como uma equipe sem brilho. Em silêncio, Mano Menezes tem uma frase lapidar. ""No futebol, muita gente crê em milagre. Eu acredito em trabalho."
Ontem, pela primeira vez, foi possível ver Douglas jogar 45 minutos de bom futebol. Há três semanas, questionado sobre o desempenho de seu camisa 10, o técnico corintiano dizia: ""Sem condição física ideal, ele recua demais e toca muito de lado, em vez de fazer seu jogo se aprofundando em direção ao campo de ataque".
O outro problema era Dentinho. A explicação para sua irregularidade também era física: ""Ele foi para a seleção e não fez pré-temporada", dizia Mano Menezes. Ontem, foi o melhor atacante da equipe.
Três semanas de trabalho ajudaram o Corinthians a manter a série invicta e a encerrar o tabu de nove clássicos sem vitória. Provavelmente, a vitória ainda não fará o Corinthians ser observado como um time de primeira linha. Mas ninguém passa tantos jogos sem derrota sem que alguma coisa importante esteja acontecendo. Contra o Santos, houve acerto claro na montagem da equipe. ""O Mancini falou em escalar três zagueiros ou três volantes. Como ninguém dá dicas, eliminei essas duas hipóteses", afirmou Mano Menezes.
O mérito corintiano é ter um time compacto, ótimo em bolas paradas -faz 45% de seus gols assim- em que os meias se juntam a Ronaldo. O Santos, ao contrário, exilou três atacantes, a quilômetros de distância dos homens de criação. O Corinthians começou a ganhar o jogo na montagem do time. Pode ganhar o campeonato, se ninguém prestar atenção.

EXÍLIO MALDITO
O Santos joga com dois homens pelos lados, um armador e um atacante. Um 4-2- -3-1, igual ao do Corinthians. Ontem, Mancini mudou. Pôs Roni, Neymar e Kléber Pereira à frente. Neymar e Roni não marcavam os avanços dos laterais nem criavam. Ficavam exilados, longe do armador Lúcio Flávio.

FORÇAS E FALHAS
Armero tem jogado com força e velocidade incríveis e ajudado o Palmeiras a fazer as jogadas pelo lado esquerdo. Em Guaratinguetá, porém, foi no setor esquerdo da defesa que o Palmeiras levou o gol e alguns sustos. Abandonar os três zagueiros é ótimo. Mas o primeiro cuidado é com o setor de Armero.

O MELHOR?
A grande discussão sobre quem é o melhor jogador do mundo, que ainda inclui os nomes de Messi e Cristiano Ronaldo, tem tudo para ter um novo nome forte: Gerrard. Contra o Aston Villa, mais uma vez o meia do Liverpool arrebentou com a partida. Ser o melhor do mundo depende do sucesso de seu clube na Copa dos Campeões. O Liverpool tem chave mais difícil do que o Manchester United até a decisão. Mas tem Gerrard jogando muito.

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