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"Queríamos amarrar o jogo, mas Pelé não deixava", diz goleiro que levou 11
DA REPORTAGEM LOCAL
Eram 16 minutos do primeiro tempo da tarde de 21 de novembro de 1964. Na Vila Belmiro, o goleiro Machado, do Botafogo de Ribeirão Preto, via Pelé
marcar o seu terceiro gol no jogo, pelo Campeonato Paulista.
"O que eu podia fazer? Era o
Pelé!", disse à Folha Galdino
Machado, que ainda mora no
interior, hoje com 75 anos.
O camisa 10 ainda marcaria
outros cinco gols. Foi a maior
contagem de Pelé em um jogo:
oito tentos. O Santos batia o
Botafogo por 11 a 0, em sua terceira maior goleada em Estaduais. Antes, venceu duas vezes
por 12 a 1: contra Ypiranga, em
1927, e Ponte Preta, em 1959.
"Quando ele [Pelé] fazia um
gol, pegava a bola, como se estivesse perdendo a partida. A
gente queria amarrar o jogo, tirar o entusiasmo do Santos.
Mas ele não deixava ninguém
pegar a bola. Pelé foi fenomenal no dia", afirmou Machado.
O entusiasmo do santista,
conta ele, tinha explicação. Pelé sentia que sua artilharia estava ameaçada e precisava de
seis gols para retomá-la.
"Contaram-me depois que o
Gylmar [goleiro do Santos] estava fazendo a barba no vestiário, antes da partida. Pelé entrou para tomar banho e estava
sorrindo. O Gylmar perguntou:
"Que alegria é essa?". E o Pelé
respondeu: "Vamos tirar essa
diferença"." Além da artilharia,
Pelé também se lembrava do
primeiro turno do campeonato, quando o Botafogo venceu o
Santos, em Ribeirão, por 2 a 0.
No final daquela competição
o Santos foi campeão, e Pelé, o
maior artilheiro, com 34 gols.
Depois dos 11 gols que sofreu
naquela partida, Machado voltaria a encontrar o Santos de
Pelé. No estádio Santa Cruz,
em 1965, o Botafogo levou 7 a 1,
novamente pelo Campeonato
Paulista. Pelé marcou três.
Machado conta que tem se
entusiasmado com os novos
meninos da Vila e suas goleadas bem ao estilo da era Pelé.
"Estou contente com o trabalho do Dorival Jr. O Santos joga
sempre para a frente, atacando.
Isso é bonito de se ver", disse.
E dá um conselho ao goleiro
Weverton, que terá de barrar
os chutes de Robinho e companhia no jogo de quinta. "O goleiro é o coração da equipe.
Tem que ter equilíbrio e manter a calma durante o jogo inteiro. Acho que ele se dará bem
nesse jogo", disse Machado.
Após defender o Botafogo,
Machado vestiu a camisa da
Ferroviária, de Araraquara. Lá,
conta como foi seu primeiro
encontro com o atual técnico
do Santos. "O Dorival Silvestre
Júnior foi meu mascote na Ferroviária, em 66. Entrou em
campo de mãos dadas comigo,
uniformizado, com a camisa
grená", disse o ex-goleiro, lembrando que o técnico do Santos
é natural de Araraquara.
(LR)
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