São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2010

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"Queríamos amarrar o jogo, mas Pelé não deixava", diz goleiro que levou 11

DA REPORTAGEM LOCAL

Eram 16 minutos do primeiro tempo da tarde de 21 de novembro de 1964. Na Vila Belmiro, o goleiro Machado, do Botafogo de Ribeirão Preto, via Pelé marcar o seu terceiro gol no jogo, pelo Campeonato Paulista.
"O que eu podia fazer? Era o Pelé!", disse à Folha Galdino Machado, que ainda mora no interior, hoje com 75 anos.
O camisa 10 ainda marcaria outros cinco gols. Foi a maior contagem de Pelé em um jogo: oito tentos. O Santos batia o Botafogo por 11 a 0, em sua terceira maior goleada em Estaduais. Antes, venceu duas vezes por 12 a 1: contra Ypiranga, em 1927, e Ponte Preta, em 1959.
"Quando ele [Pelé] fazia um gol, pegava a bola, como se estivesse perdendo a partida. A gente queria amarrar o jogo, tirar o entusiasmo do Santos. Mas ele não deixava ninguém pegar a bola. Pelé foi fenomenal no dia", afirmou Machado.
O entusiasmo do santista, conta ele, tinha explicação. Pelé sentia que sua artilharia estava ameaçada e precisava de seis gols para retomá-la.
"Contaram-me depois que o Gylmar [goleiro do Santos] estava fazendo a barba no vestiário, antes da partida. Pelé entrou para tomar banho e estava sorrindo. O Gylmar perguntou: "Que alegria é essa?". E o Pelé respondeu: "Vamos tirar essa diferença"." Além da artilharia, Pelé também se lembrava do primeiro turno do campeonato, quando o Botafogo venceu o Santos, em Ribeirão, por 2 a 0.
No final daquela competição o Santos foi campeão, e Pelé, o maior artilheiro, com 34 gols.
Depois dos 11 gols que sofreu naquela partida, Machado voltaria a encontrar o Santos de Pelé. No estádio Santa Cruz, em 1965, o Botafogo levou 7 a 1, novamente pelo Campeonato Paulista. Pelé marcou três.
Machado conta que tem se entusiasmado com os novos meninos da Vila e suas goleadas bem ao estilo da era Pelé. "Estou contente com o trabalho do Dorival Jr. O Santos joga sempre para a frente, atacando. Isso é bonito de se ver", disse.
E dá um conselho ao goleiro Weverton, que terá de barrar os chutes de Robinho e companhia no jogo de quinta. "O goleiro é o coração da equipe. Tem que ter equilíbrio e manter a calma durante o jogo inteiro. Acho que ele se dará bem nesse jogo", disse Machado.
Após defender o Botafogo, Machado vestiu a camisa da Ferroviária, de Araraquara. Lá, conta como foi seu primeiro encontro com o atual técnico do Santos. "O Dorival Silvestre Júnior foi meu mascote na Ferroviária, em 66. Entrou em campo de mãos dadas comigo, uniformizado, com a camisa grená", disse o ex-goleiro, lembrando que o técnico do Santos é natural de Araraquara. (LR)


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