São Paulo, domingo, 23 de abril de 2006

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COPA 2006

English Team chega ao Mundial com uma de suas gerações mais brilhantes e o segundo melhor do mundo

Entre os "mortais", Inglaterra desponta

GUSTAVO HOFMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A toda poderosa Inglaterra, dos inventores do futebol moderno, gritou "é campeão" somente uma vez em toda história das Copas do Mundo. E isso foi há longínquos 40 anos. Mas neste ano os ingleses chegam fortes. Muito fortes.
Depois do Brasil, entre os "mortais", a seleção inglesa é a que tem mais chances no Mundial da Alemanha. Mais até que os anfitriões.
Com uma das melhores gerações de todos os tempos do futebol bretão, o English Team conta ainda com o segundo melhor jogador do mundo, atrás somente do brasileiro Ronaldinho.
Trata-se do meia Frank Lampard, do Chelsea, vencedor da Bola de Prata da Fifa em 2005. Aos 27 anos (fará 28 durante a Copa), o jogador está no auge de sua forma física e técnica. Em campo, abusa da qualidade nos chutes de longa distância e não se cansa de municiar os atacantes com passes precisos e na cara do gol.
Porém, diferentemente de outras Copas, a Inglaterra não se resume a um ou dois jogadores.
Entre os 11 prováveis titulares do técnico sueco Sven-Göran Eriksson, dificilmente se encontra um que não corresponda em campo às expectativas da torcida e do próprio treinador.
No gol, após a aposentadoria de David Seaman, finalmente apareceu um nome confiável e seguro. Paul Robinson, de 26 anos, ganhou a confiança de Eriksson. A defesa é protegida pelo zagueiro John Terry, considerado por muitos, entre eles Luiz Felipe Scolari (campeão com o Brasil na Copa-02 e atual treinador de Portugal), o melhor da posição no mundo.
No meio e no ataque estão as grandes esperanças. E, ao contrário do que se possa imaginar, nada do clichê de que o futebol inglês se resume a "chuveirinhos" na área. Hoje, o time é técnico, mantém a bola no chão e chega à área adversária no toque de bola. Gerrard, Beckham e Lampard são jogadores que, se não fossem titulares em qualquer time do mundo, deixariam seus treinadores com muitas dúvidas na escalação.
"Não podemos arrumar desculpas. Sabemos do talento de nossa equipe e da qualidade dos jogadores que temos. Estamos chegando em melhores condições do que nos últimos Mundiais, o que nos dá uma magnífica oportunidade", garante Beckham.
Como se não bastasse, o centroavante Wayne Rooney vive uma fase espetacular. Ídolo no Manchester United, tem marcado muitos gols (foram 14 até a 35ª rodada do Campeonato Inglês), e seu estilo de jogo se completa com um parceiro ideal: Michael Owen.
O ex-atacante do Real Madrid ainda se recupera de uma fratura num dedo do pé direito. Owen, que assinou com o Newcastle no no final do ano passado, não disputa uma partida oficial há mais de quatro meses. Mas, já em processo final de recuperação, é quase certo que o atacante, revelação da Inglaterra na Copa de 1998, esteja em campo na Alemanha.
"Meu peso e meus níveis de gordura estão como antes da lesão. Agora é só uma questão de trabalhar com a bola", garante.
Isso sem falar no grandalhão atacante do Liverpool, Peter Crouch, de 1,98 m. Com certeza, uma ótima opção no banco de reservas. Todos dispostos num 4-4-2 simples e ofensivo e em um grupo relativamente fácil na Copa, com Trinidad e Tobago (estreante em Mundiais), Suécia e Paraguai.
Desde a Copa de 1970, quando o técnico Alf Ramsey levou para o Mundial do México craques do porte de Gordon Banks, Bobby Moore, Bobby Charlton, Geoff Hurst e Jack Charlton, a seleção inglesa não chega a um Mundial com tantas condições de levar o título como nesta edição.
A vaga nas eliminatórias européias, de forma tranquila, evidencia ainda mais o bom momento do futebol inglês, assim como a vitória por 3 a 2 sobre a Argentina, em amistoso no final de 2005.
Resta saber se o time será capaz de, agora, não parar diante do Brasil, como em 2002.
Se terminarem na primeira colocação de seus grupos, brasileiros e ingleses se enfrentam numa eventual semifinal. Só que desta vez os ingleses estão mais experientes e, no mínimo, preparados para uma nova surpresa de Ronaldinho Gaúcho -deu a vitória ao Brasil ao encobrir Seaman na Copa asiática.


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