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A Malásia pagou US$ 1 milhão...A seleção paga mico
Atletas reclamam do clima e da péssima condição dos gramados na Malásia, escala imposta à delegação para a CBF engordar seu caixa
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FÁBIO VICTOR
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A KUALA LUMPUR
Por US$ 700 mil, a Confederação Brasileira de Futebol levou a
seleção para jogar um amistoso
contra a Catalunha, o penúltimo
antes da Copa, e incentivar a causa nacionalista daquela região espanhola. Por US$ 1 milhão, a confederação determinou que o time
de Luiz Felipe Scolari enfrentasse,
no sábado, a fraquíssima Malásia.
Mas tanto dinheiro não tem
compensado os transtornos do
Brasil em sua última escala a caminho do Mundial na Ásia.
Desde que chegou a Kuala Lumpur, na segunda-feira passada, a
seleção acumulou problemas,
apesar de faltarem somente 11
dias para a sua estréia na Copa,
em 3 de junho, contra a Turquia,
em Ulsan, na Coréia do Sul.
O principal obstáculo são as
condições para os treinos. Hoje,
no estádio Nacional de Bukit Jalil,
local do amistoso contra os malaios, o time da Copa treinaria no
quarto local diferente em quatro
dias. As três mudanças ocorreram
pelo mesmo motivo, o péssimo
estado dos gramados malaios.
"O campo é uma merda, a bola é
uma merda, tá tudo uma merda
aqui. Não sei por que a seleção
veio para a Malásia", protestou,
irritado, o atacante Edílson.
Ele afirmou que as más condições fazem crescer as chances de
os jogadores se contundirem.
"Os campos aqui prejudicam
demais. Tem gente que fica sentindo dor no joelho, no tornozelo,
é muito duro. Aí é complicado,
você quer treinar, fazer um trabalho forte, e não consegue. Eu mesmo estou saindo daqui com o tornozelo dolorido", disse Edílson.
"Eles [a comissão técnica] sabem que a gente corre risco [de se
machucar], mas também ficar
sem treinar é complicado. A gente não sabia que pegaria tudo
ruim assim na Malásia", completou o jogador do Cruzeiro.
Até atletas mais reservados, como o volante Gilberto Silva, não
esconderam a insatisfação.
"A dificuldade é muito grande
em termos de gramado porque
dificulta o domínio e o toque de
bola, principalmente de jogadores como os Ronaldos, Denílson e
Rivaldo. Infelizmente é o que nós
temos aqui. Precisamos nos
adaptar à situação. Espero que na
Coréia a gente tenha uma situação melhor para treinar e jogar."
Outro grande contratempo dos
brasileiros na Malásia é o clima
excessivamente quente, úmido e
instável. Logo no primeiro dia,
um treino físico foi quase perdido
por causa da chuva em Kuala
Lumpur. O calor e a umidade relativa do ar, que chega a 80%,
contribuíram para mudar a programação de treinos -programados para dois períodos e diminuídos para apenas um.
O adversário, para completar,
não deve ajudar em nada a preparação da seleção para a Copa, dada a sua fragilidade (a Malásia é a
112ª colocada no ranking da Fifa).
A inutilidade técnica do amistoso foi admitida pelo próprio Scolari, que viu na adaptação ao fuso
horário asiático a grande vantagem na escala em Kuala Lumpur.
A seleção poderia ter optado em
seguir de Barcelona, sua última
parada, direto para a Coréia, mas
havia muito dinheiro no meio do
caminho. Segundo a Folha apurou, a empresa ProEvents, que organiza o amistoso, pagou US$ 1
milhão, equivalente a R$ 2,48 milhões, para levar o time brasileiro
a Kuala Lumpur.
O valor condiz com as cifras cobradas pela CBF em outros amistosos na Ásia, segundo já revelou
o presidente da entidade, Ricardo
Teixeira, que não está na Malásia.
Pela "tabela" da confederação, o
cachê da seleção no continente
não fica abaixo de US$ 800 mil.
A escolha da Malásia também
ajuda o presidente da Fifa, Joseph
Blatter, candidato à reeleição e
aliado de Teixeira, que tem a Ásia
como um dos pontos fracos de
seu mapa eleitoral.
O representante mais graduado
da comissão técnica em Kuala
Lumpur, Américo Faria, administrador da seleção, afirmou que a
"escala" na Malásia já estava definida antes que ele assumisse o
cargo, em março. Assim, eximiu-se de comentar o assunto.
O argumento utilizado pela
Confederação Brasileira de Futebol é o de que amistosos como esses são vitais para manter a saúde
financeira da entidade.
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