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FUTEBOL
Atual presidente da Fifa é recebido por um de seus opositores em sua chegada a país que não o apóia em eleição
Blatter desembarca na Coréia e acirra
campanha eleitoral
ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
Foi constrangedora a chegada
de Joseph Blatter à Coréia do Sul,
na madrugada de hoje.
Numa atitude diplomática,
Chung Mong-joon, que preside o
Comitê Organizador sul-coreano
e a federação de futebol do país,
recebeu o dirigente às 5h no aeroporto internacional de Seul.
"Eu gostei muito de ter sido recebido por ele", fez questão de dizer Blatter, logo de cara.
Tiradas as fotos protocolares,
porém, os dois voltaram ao mundo real -aquele em que não têm
se dado muito bem.
Blatter, na defensiva, implorando para que a imprensa pare de
falar sobre os problemas internos
da Fifa a seis dias da eleição que
decidirá se ele continua no cargo.
"Vamos falar sobre futebol."
O dirigente sul-coreano, por sua
vez, dizendo-se constrangido, a
menos de dois metros de Blatter e
em voz baixa, para que o suíço
não escutasse: "Eu apóio o candidato que, segundo eu espero, vai
limpar a Fifa".
Tal pessoa, para Chung, não é
Blatter, mas, sim, o camaronês Issa Hayatou, candidato de oposição que congrega, além do dirigente coreano, votos de federações da Europa e do continente
africano. O suíço, por sua vez, tem
o grosso de sua base de apoio nas
Américas e na Ásia.
Sobra assim a Oceania como alvo potencial da campanha, justamente a região em que tanto Blatter quanto Hayatou passaram
seus últimos dias. Lá, discutiram
um assunto que interessa diretamente ao Brasil: a concessão de
uma vaga fixa na Copa à região.
Atualmente, o time que vence as
eliminatórias locais tem de enfrentar o quinto colocado da
América do Sul. Foi neste jogo, no
ano passado, que o Uruguai derrotou a Austrália e garantiu sua
vaga no Mundial. Se cumprida a
promessa que a confederação local exigiu dos dois candidatos, a
América do Sul ficaria com um time a menos na Copa do Mundo.
Apesar de se dizer confiante em
sua reeleição, Blatter deixou a
Oceania adotando um tom cauteloso em suas declarações.
"As eleições são como um jogo
de futebol. Você pode até falar
que esse time tem mais ou menos
chances, mas você nunca sabe como vai ser", afirmou o presidente
da Fifa, que chamou de "artificiais" os problemas apontados
em sua administração.
Embora Blatter tenha culpado a
mídia pela discussão sobre os tais
problemas "artificiais" da Fifa, foi
seu próprio braço-direito, o secretário-geral Michel Zen-Ruffinen, quem os divulgou.
Ele apontou uma série de procedimentos irregulares que teriam
sido cometidos por Blatter, e 11
dos 24 membros do Comitê Executivo da Fifa, todos de oposição,
foram à Justiça contra o dirigente.
Blatter, em sua resposta, negou os
problemas e usou argumentos curiosos para atacar seu desafeto:
"Ele era a única pessoa na Fifa que
tinha três carros à disposição [um
Audi A8 e duas Mercedes, uma C
AMG e uma S-Class"".
É desse nível que a campanha
eleitoral da Fifa aterrissou nesta
madrugada na Coréia do Sul, onde seu final será conhecido.
De qualquer forma, com uma
hospitalidade como a que encontrou ontem, o atual presidente da
Fifa já tomou sua decisão. Passada a abertura da Copa, vai fazer as
malas e rumar para o Japão, de
onde acompanhará o Mundial.
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